Adiar ou adiantar?

Governadores pedem que Ministério da Saúde reduza intervalo entre doses da AstraZeneca; Fiocruz é contra

Image: Fernanda Garcia / UOL
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A exemplo do que fez o Reino Unido, o governo do Rio de Janeiro decidiu autorizar que os municípios antecipem a segunda dose da vacina da AstraZeneca, de 12 para oito semanas, por conta da circulação (ainda incipiente) da variante Delta no estado. Outros governadores se reuniram ontem com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e pediram que a pasta reduza o intervalo – mas nada foi decidido, e Queiroga disse ser necessário avaliar melhor o tema.

A Fiocruz se manifestou à noite, afirmando que é contra a mudança e explicando o porquê: dados apontam para uma proteção significativa com a primeira dose, especialmente contra hospitalizações e mortes. Além disso, o regime de 12 semanas permite alcançar mais gente em menos tempo.

Mais cedo, a Sociedade Brasileira de Imunizações e da Sociedade Brasileira de Pediatria tinham soltado uma nota técnica sobre o mesmo assunto. O documento cita estudos de efetividade que apoiam a manutenção de um intervalo mais longo. No Canadá – que adota um intervalo de quatro meses e, após um começo lento e tardio, tem hoje um dos mais altos percentuais de população parcialmente vacinada do mundo –, a efetividade dessa vacina diante da Delta, após a primeira dose, foi de 88% contra hospitalizações ou mortes. Para a Beta e Gama, (esta última domina o Brasil), foi de 83%.

“É evidente que, num cenário em que não houvesse estoque limitado de doses, a estratégia de postergar a segunda dose das vacinas poderia ser reavaliada, no entanto, infelizmente, este não é o caso do Brasil e de muitos outros países neste momento”, diz o texto, lembrando ainda o posicionamento oficial da OMS, de que países com cobertura vacinal limitada, alta incidência de covid-19 e restrições no fornecimento de vacinas devem adotar a extensão do intervalo entre doses.

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