Delta avança, mas estrago é desigual

Variante faz subirem casos mesmo em países com alta cobertura vacinal – mas explosão de hospitalizações e mortes se concentra em regiões menos vacinadas

Imagem: KHN
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Apesar da alta cobertura vacinal, os Estados Unidos têm passado por aumentos nos casos e, em menor proporção, nos óbitos por covid-19. A variante Delta é responsável por metade de todas as novas infecções, mas a matéria do New York Times explica que os crescimentos mais expressivos estão acontecendo em estados com as menores taxas de imunização, como Arkansas, Missouri, Texas e Nevada. O infectologista Anthony Faucy, principal assessor da Casa Branca sobre a pandemia, chegou a dizer que “é quase como se fossem duas Américas“.

Por conta das vacinas, os especialistas ouvidos pela reportagem julgam improvável que a Delta gere novo caos generalizado. “Se a experiência do Reino Unido é um prenúncio do que está por vir, o número geral de infecções pode aumentar à medida que a variante Delta se espalha pelos Estados Unidos. Mas as hospitalizações e mortes provavelmente serão muito menores do que após a chegada das variantes anteriores, porque a idade média dos infectados diminuiu e os jovens tendem a ter sintomas leves”, diz o texto. 

Estima-se que a Delta seja 60% mais contagiosa do que a Alfa – que, por sua vez, já era 50% mais transmissível que a forma original do coronavírus. É por isso que ela parece estar caminhando para se tornar a cepa dominante no mundo todo. E é também por isso que a preocupação de Anthony Fauci em relação à co-existência de dois países em um só – um com surtos, outro com a covid-19 sob controle – deve se estender ao resto do planeta. Já dissemos aqui que as nações mais afetados pela pandemia atualmente não foram dominadas por essa cepa e, por enquanto o que têm em comum são baixas taxas de imunização. Nelas, a chegada de uma variante mais contagiosa pode piorar o que já é muito ruim:

“Em países com baixas taxas de vacinação, no entanto, a variante Delta encontrou terreno fértil. Na África, onde apenas cerca de 1% da população está totalmente imunizada, a prevalência da variante tem dobrado aproximadamente a cada três semanas. O número de casos em todo o continente aumentou 25% e as mortes 15% na semana que terminou em 27 de junho, em comparação com a semana anterior”, exemplifica o NYT.

A Delta ainda não chegou com força na América Latina, onde alguns países também têm menos de 1% da população vacinada – o Haiti só secebeu suas primeiras doses ontem. Neste momento, não se sabe se a Delta é capaz de “vencer” a competição com a Gama ou com a Lambda (essa última, identificada primeiro no Peru, já predomina neste país e se espalhou por vários outros). Só uma coisa é certa: para controlar qualquer variante atual ou futura, tem que ter vacina.

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