Resenha Semanal

13 a 21 de março 2020. A pandemia desvela o despreparo tanto do neoliberalismo em geral quanto da solução Bolsonaro em particular.

A crise do coronavírus dominou a pauta da semana, e escanteou a morte de Gustavo Bebianno, desafeto de Bolsonaro, e a zombaria bíblica da deputada bolsonarista Zambelli, e também a celeuma de Eduardo B com a Fox News, em quem deu uma rasteira a respeito do teste de seu pai. Agora ele insultou o embaixador da China, que exige retratação…

Quem abriu a nova fase foi o imigrante haitiano que vaticinou em pessoa ao Bolsonaro… “você não é mais presidente: acabou”.

A crise sanitária global está fazendo ruir o neoliberalismo, ao desnudar como a regulação espontânea do mercado significa a morte em massa: sistemas globais de distribuição, ausência de governança de saúde coletiva mundial, diminuição da capacidade pública de atender a seus cidadãos, metropolização excessiva, falta de investimentos públicos em ciência e tecnologia.

O presidente francês Emmanuel Macron admitiu em cadeia nacional que o neoliberalismo não funciona. A União Europeia recomenda agora a criação de qualquer quantidade de dinheiro necessária para combater a crise sanitária, sem limite.

Em suma: nunca precisou ter austeridade, sempre houve como pagar a transição para a energia limpa, sempre foi possível erradicar a pobreza e a fome.

O trabalhador e trabalhadora precários e informais são os mais atingidos: trabalhar em casa não é opção. Sem economias, sem renda, vão escorrer pelas redes de ajuda.

Os governos no geral erram o alvo: dão alívio nos impostos para empresas, ou dão desconto nas contas de serviços públicos para “a população de baixa renda”. Mas o problema é que agora há enorme contingente de nenhuma renda, que não estão nos cadastros públicos.

Greves selvagens estouraram na Iália de trabalhadores acerca de condições de trabalho. No Brasil, trabalhadores e trabalhadoras de empresa de telemarketing se revoltaram com as suas péssimas condições de trabalho que não dão conta do perigo de infecção.

No Brasil, o presidente continua a sua macabra comédia de costumes, sem a mínima noção de como conduzir uma crise. A imprensa e liberais acordaram para o monstro que criaram, mas não assumem a paternidade do Coiso. Fala-se muito em impeachment e isolamento do presidente, mas como isso vai se dar no meio de uma quarentena nacional não sei. Panelaços intensos indicam a virada das classes médias que agora decidiram se opor ao Bozo.

O bolsonarismo abraçou uma onda de morte, tanto pelo presidente que saiu de seu isolamento quanto os seus apoiadores nas manifestações de domingo. Como a oposição vai lutar sem sair de casa eu não sei, mas dá para ver que a extrema-direita celebrou um matrimônio com a morte e podem jogar a cartada apocalipse.

As engrenagens da solução 3M (Mourão, Maia, Moro) já se movimentam.

Igrejas evangélicas grandes se recusam a suspender cultos, provavelmente para não interromper o fluxo de dízimos. Aliás, saiu que Edir macedo vende álcool ungido a R$500 reais.

Rebeliões prisionais pipocaram pelo Brasil.

O cenário não está favorável… A remoção de Bolsonaro é urgente, defender-se é urgente, rebelar-se é urgente…

Defender o público, reforçar laços de solidariedade...

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