Resenha Semanal

4 a 11 de outubro de 2019. Crises internas no governo e na Lava Jato expõem rachas. A direita reclama da censura de Bolsonaro mas aprova suas reformas… Novas criptografias ajudam a desvendar o Brasil.

Anagrama: desembaralhe as letras e descubra quem atua na frente urbana contra a especulação habitacional e seus esbirros – recentemente em liberdade depois de mais de 100 dias de prisão provisória.

As crises da semana incidiram sobre o PSL, a Lava Jato e o campo da centro-direita (a esquerda continua na mesma, ainda discutindo se os filmes Bacurau e Coringa são bons ou não. Mas há movimentações em nível municipal e de bairro, muito interessantes. Novas formas de associação e de relação com as instituições representativas estão em experimentação).

Anagrama: desembaralhe as letras (a pontuação só despista!) e descubra quem se queimou no fogo do poder – e sumiu!

O PSL está acossado pelo avanço das investigações sobre as candidaturas-laranja femininas. O partido recebeu a sua parcela do fundo partidário para financiar campanhas de mulheres, como estabelece a lei. Mas o dinheiro teria sido usado para outros fins, inclusive supostamente para a campanha de Jair Bolsonaro. O atual ministro do Turismo, Marcelo Alvaro, era o responsável pelo diretório do PSL em questão. Um artigo da Folha de São Paulo cobrindo o assunto atraiu a ira do presidente e da Secretaria de Comunicação (SECOM), que encorajaram o boicote de anunciantes contra o jornal.

Além disso, o presidente parece que vai mesmo sair do PSL, numa manobra cínica e oportunista, que pegou mal nas alas de apoiadores do governo.

E Trump, revertendo sua promessa, não mais apoia o ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico): humilhação que passa recibo de sujeição abjeta ao governo americano.

Anagrama: desembaralhe as letras e descubra quem respondeu a Olavo de Carvalho: “Para vencer um debate com terraplanistas alucinados ninguém precisa de capangas. Basta um globo. Vai se tratar, titio!”

As madalenas da semana…

A Folha de São Paulo, na figura de Sérgio Dávila, hoje diretor de Redação, reconheceu que o jornal errou na cobertura da Lava Jato e que foi cúmplice da operação. A admissão aconteceu em reunião interna do jornal.

Anagrama: desembaralhe as letras e descubra a madalena autora de livro onde admite que o impeachment contra Dilma não envolveu crime da presidenta.

Lula negou entrevista a Padilha, que está fazendo documentário sobre a Lava Jato, talvez tentando reescrever o infame enredo de sua série “O Mecanismo” e o péssimo filme “A Lei é para todos”. Foi na série exibida no Netflix que Padilha cometeu a infâmia de colocar na boca do personagem Lula as palavras de Renan Calheiros: “Tem que estancar a sangria”. Ademais, seu celebrado filme “Tropa de Elite” é fortemente pró-milícia e baseado no preceito equivocado que ter predisposição à violência é por definição ser incorrupto.

“Morena, não me deixe só…”

A crise da Lava Jato apareceu na hora de decidir o que fazer com Deltan Dallagnol. Ele vai ser afastado da operação, mas discute-se se ele será promovido (“chutado para cima”) ou desgraçado. Sérgio Moro teria evitado cumprimentá-lo em um restaurante de Brasília durante a semana, o que incandesceu as línguas da fofoca política.

Anagrama: desembaralhe as letras (a pontuação só despista!) e descubra onde incidiu a ausência seletiva da esferográfica presidencial…

O ministro Moro ainda parece isolado e incompetente. O Tribunal de contas da União mandou suspender a campanha nacional em prol de seu pacote anti-crime. Ademais, ele não repreendeu a força nacional de segurança que ele enviou ao Pará para debelar motins prisionais. O Ministério Público Federal do Pará denunciou torturas que os agentes da força estavam aplicando nos presos, como a perfuração de pés com pregos…

No exterior, Trump se encontra às voltas com o processo de impeachment. Se ele cair, será muito bom para o Brasil! Mas o mesmo presidente anunciou a retirada de tropas americanas da Síria e abandono de aliados curdos à própria sorte.

Paraninfo da formatura de escola militar posa para fotos

A Turquia tem interesse em reprimir esse povo que se encontra dividido entre quatro países, a Síria, Irã. Iraque e a Turquia. Em Rojava, no Curdistão sírio, existe há muitos anos uma notável experiência de organização política, baseada em linhas libertárias e radicais de esquerda, algo próximo dos zapatistas no México. Há intensa atividade democrática e comunal, igualdade para as mulheres (que inclusive lutam nas frentes de batalha, com batalhão próprio). Eles derrotaram sozinhos o Estado Islâmico em sua área, que agora pode voltar. O governo turco quer apagar totalmente essa experiência de Rojava em particular e a aspiração nacional curda como um todo. O presidente turco Erdogan comprou o silêncio mundial com a ameaça de liberar mais de 3 milhões de refugiados para que entrem na Europa. Estes refugiados seriam as viúvas e órfãos dos guerreiros do Estado Islâmico, atualmente em campos turcos, e altamente indesejáveis em solo europeu. O bombardeio já começou.

Anagrama: desembaralhe as letras (a pontuação só despista!) para descobrir quem está resistindo ao desmonte hiperliberal atual

No Equador, a população pôs o presidente Lenin Moreno para correr. A capital do país foi transferida para uma cidade litorânea, tamanho o escopo da greve geral e da ocupação das ruas pelo povo. O estopim foi o aumento do preço da gasolina, mas trata-se de uma revolta geral contra a política neoliberal de austeridade e corte de despesas. O assassinato de militante radicalizou a luta… Quatro mil índios furiosos mantiveram presos oito policiais na Casa de Cultura de Quito, a quem desejavam submeter à justiça indígena.

G apontou que é sempre alentador ler sobre atividade de resistência, mas o crucial é o que vem depois, o que ainda é algo nebuloso…

Solução dos anagramas: Preta Ferreira, Fabrício Queiroz, Guilherme Boulos, Luis Roberto Barroso, Chico Buarque, Movimento indígena)

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