Resenha Semanal
13 a 20 de setembro 2019. Em crise antropofágica, esta Resenha dá guinada visual:
toró de fichas cadentes, Frente Ampla e escolas militares…
Publicado 20/09/2019 às 13:39 - Atualizado 20/09/2019 às 16:42
O projeto antropofágico de encontro pela deglutição se esgotou na torrente de atrocidades do governo Bolsonaro. Está difícil coletar, digerir e incorporar o tecido necrosado do noticiário semanal. Doravante, aqui: mais imagens, adivinhas e mensagens crípticas.
Arrependidos: o Gustavo Bebianno, o Gilberto Dimenstein, o Alexandre Frota, o secretário da cultura federal Aguinaldo Silva, a Maitê Proença, o ex-procurador da Lava Jato Carlos Fernando, o jornalista Pannunzio, a Janaína Paschoal (“Alguém acha que Dilma caiu por um problema contábil?”), o músico Lobão,o presidente Temer (“Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe”), o cineasta José Padilha, o Renan Santos e Arthur do Val (Mamãe Falei) do MBL (o movimento errou ao “não criticar o Bolsonaro antes”), o jurista Reale Júnior, o João Dória (“nunca me alinhei com Bolsonaro”), o Partido Novo (renegou o ministro Salles), a Marta Suplicy, os jornalistas Elio Gaspari, Eliane Catanhêde, Reinaldo Azevedo, Marco Antonio Villa, Míriam Leitão, o FHC, o Gilberto Kassab, a Força Sindical…
GUERRA na DIREITA: o clã Bolsonaro, às voltas com acusações, vem tentando lidar com as cada vez mais frequentes investigações contra si ativamente buscando blindagem. Continua o encolhimento do governo ao redor de seu núcleo duro. Quem sai do consórcio do golpe reencontra pendores democráticos perdidos (vide lista das madalenas arrependidas).
Flávio Bolsonaro parece manter o acordo com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e não assinou a requisição da CPI da dita “Lava Toga” em troca de sua proteção. O líder do PSL no Congresso, Major Olímpio, exigiu a saída do filho de Bolsonaro do partido. Nas redes, está difícil explicar por que Flávio não assinou a instalação da CPI para enquadrar o STF, que é o que os bolsonaristas mais gritam nas ruas.
A revista Época, da Globo, fez reportagem sobre o coaching de Heloisa Bolsonaro, esposa do deputado Eduardo. O deputado postou nas redes os nomes e fotos do autor da reportagem e dois editores da revista, com ataques. Moro e o presidente defenderam Eduardo. A Globo capitulou se retratou com nota. Os editores da revista se demitiram em protesto.
Depois Miriam Leitão e outros jornalistas reclamam que Bozo é autoritário… mas vocês sabiam e achavam que só a gente aqui é que ia morrer.
Já Carlos postou mensagem onde canta loas à eficiência da ditadura, elevando o tom político. Bozo avalizou o filho e disse que é isso mesmo.
Olavo de Carvalho postou vídeo onde demanda a criação de grupos bolsonaristas, que devem “seguir o chefe e não idéias”.
Aiaiai, a tentação do golpe…
FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA
Pelo menos dois grupos tentam se reorganizar em frente democrática para fora de suas bolhas: a direita com centro-direita e centro-esquerda com esquerda. O primeiro grupo se organiza no Direitos Já, mas não aceita o Lula Livre. Tucanos, os ditos liberais e os conservadores, agora no campo da oposição, têm dificuldades em ser contra Bolsonaro e a favor do Estado de Direito Democrático – sem admitir que foi golpe, que erraram e que avalizaram nossa morte e a prisão sem provas de Lula. Em outras palavras, compraram o “vale quebrar a lei para fazer justiça” e agora gritam em favor da lei ultrajada…
Em contraste com o “diálogo” perseguido pelo segundo grupo, pelo menos uma parte da esquerda recusa essa conversa de Frente Ampla e está pregando a ruptura.
Seria cômico se não fosse atroz: ver os ditos liberais reclamando das grosserias de Jair Bolsonaro mas avalizando suas reformas, que nunca passariam em tempos democráticos…
Felipe Neto, um youtuber, está na linha de frente da resistência a Bolsonaro. Ele tem mais de 9 milhões de seguidores, e até o clã Bozo teme-o: eles nunca o atacam abertamente. KKK.
R me contou que ouviu no rádio a propaganda do governo, que tenta implementar o projeto de militarização das escolas. Disse que é pesado e que o mote é o da disciplina… Os democratas se calam.
Muita piada ao redor de um bolão de funcionários da bancada federal do PT (mas nenhum parlamentar), que levou o prêmio da Mega Sena: 120 milhões. O bolão chamava-se “LulaLivre”.
Esse Brasil…
Hoje tem greve pelo clima. Tem manifestação no MASP, 18h.
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