Peculiar espécime troca, invariavelmente, a coerência pela gritaria. Acredita que “atitude” suplanta ideias. Inverte a máxima de Sócrates: não sabe que nada sabe — por isso, tem certezas agudas, e fazem disso o combustível para barbáries
Elas desempregam pontos finais e vírgulas — e se tornaram prestadoras de serviços genéricos. Acoplam ideias não-formadas. Revelam a aflição do não-concluir da Geração dos Reticentes. Nem a linguagem escapa da rapina de nosso tempo…
Remover conteúdos e contas, como fez STF, não impedirá “gabinetes do ódio” — e pode ferir direitos digitais. É preciso, antes, atacar os arquitetos das fake news, o que exigirá políticas públicas e transparência das corporações
Em The hater, do polonês Jan Komasa, um jovem e seu trabalho de implodir, no submundo virtual, a reputação de empresas e políticos. Nessa rede de fake news e intolerância, o ressentimento é o motor — dos ódios virtuais à violência real
Não se trata de atacar a comunicação remota, mas de não render-se a ela. O que nos difere de um rebanho de ovelhas é o desfrute da companhia, o cuidado, a troca. À distância, nos tornamos meros consumidores, dóceis e isolados