Carros engolem a cidade – e, também, o meu equilíbrio sobre duas rodas. Após a colisão, a queda inevitável. Covarde, o motorista foge. Sou mais uma estatística de atropelamento na ciclofaixa, e vá lá, da barbárie diária de um país desgovernado
Modelo que prioriza a segregação e o carro fez da capital pernambucana, sob a mudança climática, a 16ª em risco no mundo. Sem políticas de mobilidade e habitação, vítimas são pobres. Repensar as cidades é questão de sobrevivência
Num tempo irrefletido, percorrer as ruas sem pressa ou objetivo utilitário é resistência real. Nega o produzir sem cessar. Reivindica a cidade-espaço público. E reintroduz o pensar-olhar; o abrir-se ao mundo sem a mediação dos mercados
Lógica dos privilegiados tenta se impor: segurança do homeoffice e dos automóveis — deixando as periferias à deriva. Mas e se ônibus e metrô fossem baratos e de qualidade, financiados nos moldes do SUS, livrando-nos das “máfias rodoviaristas”?