Como se forma um escritor suburbano

Entre a rua e os vagões de trem, perrengues e celebrações, emerge a obra de Alessandro Buzo, destacado autor da Literatura Hip Hop. Nela, o bar, o futebol e o transporte público são, mais que paisagem, elementos para articular as quebradas

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Por Eleilson Leite, na coluna Literatura dos Arrabaldes

Completo com este texto uma trilogia sobre os principais autores da Literatura Periférica surgidos na fase inicial deste movimento, ou seja, na virada de 1999 para o ano 2000, até 2005. São eles Ferréz, Alessandro Buzo, Sacolinha e Sergio Vaz e Binho. Adoto como critério para justificar esse conjunto de autores o fato de terem lançado livros individuais, para além das antologias de que participaram durante aquele período. Abordo aqui o escritor Alessandro Buzo e seus dois livros publicados durante os cinco primeiros anos deste século: Suburbano Convicto (2003) e O Trem, que teve duas edições diferentes: Baseado em fatos reais (2000) e Contestando a versão oficial (2005). Todos publicados pela EDICON.

A trajetória de Alessandro Buzo no início de sua carreira é muito representativa da formação de escritores periféricos naqueles tempos em que não havia políticas públicas, editais, coletâneas de saraus e outros elementos que compõe o cenário no qual a literatura periférica emergiu e se consolidou. Buzo é daqueles escritores que se fizeram na raça e que começou a fazer literatura sem a pretensão de ser escritor.

Mas Buzo se tornou escritor, publicou muito e se destacou como um dos principais nomes da cena paulistana com reconhecimento nacional. Com 16 livros solos e 15 coletâneas publicadas, ele é o autor com mais obras produzidas nesse campo da literatura periférica.

Além dos livros, ele apresentou quadros em programas na TV Cultura (Manos e Minas) e na TV Globo (SPTV segunda edição) sobre cultura na periferia. De 2006 até 2015 foi seu período de ascensão e apogeu. Nos últimos anos, ele tem tocado sua carreira com dificuldade, mas segue produzindo. Com 21 anos dedicados à literatura, Buzo abriu espaço para 129 autores somente nas oito edições da coletânea Pelas Periferias do Brasil, fora os que participaram dos sete volumes de Poetas do Sarau Suburbano, antologiado sarau que mantém até os dias de hoje. Ele é, sozinho, um movimento cultural, como já disse um dia a jornalista Eliane Brum. Vale a pena então rever as primeiras obras deste autor e, por meio delas, observar como se forma um escritor de quebrada que surge como um craque de futebol de várzea que ascende ao futebol profissional e prova das delícias e armadilhas da fama.

O Trem – Baseado em fatos reais; Contestando a versão oficial

O livro o Trem – baseado em fatos reais surgiu pelo estímulo dos passageiros que tiveram acesso a textos que Buzo distribuía no trem, cujos vagões eram um espaço de convívio social para ele desde os 14 anos quando passou a trabalhar no Centro de São Paulo. O autor escreveu à mão o seu livro que foi, depois, encaminhado para diversas editoras. Nenhuma delas se interessou, porém, uma dessas empresas passou o contato dele para o repórter Brito Jr., do SPTV, jornal local da Rede Globo. Era o ano de 2000 e por conta da realização da Bienal do Livro na capital paulista, o jornalista resolveu fazer uma matéria sobre a saga dos escritores anônimos que buscam sua primeira chance de publicar. A reportagem foi gravada na estação de trem do Itaim Paulista. Devido à repercussão dessa matéria televisiva, Buzo virou celebridade na quebrada e o que era incentivo por parte dos passageiros tornou-se uma grande mobilização.

Diversas pessoas passaram a colaborar com ilustrações, fotos e outros apoios para viabilizar a publicação do livro, exceto dinheiro que era o que ele mais precisava. Buzo chegou a fazer uma enquete entre os passageiros para definir o título do livro que ficou “baseado” em fatos reais devido, segundo ele, ao fato de a escolha ter sido feita no famoso vagão da maconha, assim denominado pela frequente presença de usuários de cannabis sativa1. Com ajuda de seu patrão (fato que também aconteceu com Ferréz e Sergio Vaz), Buzo conseguiu publicar o livro que foi lançado na véspera do Natal no seu bairro. Com tiragem de 500 exemplares, O Trem – baseado em fatos reais trazia na abertura a letra do RAP O Trem, sucesso na época do grupo RZO2 do qual faziam parte Sandrão, Helião, Negra Le, DJ Cia, entre outros.

Buzo veio a se identificar com o RAP somente no final da década de 1990. Até então curtia muito samba. O mesmo vagão da maconha era também o da festa e, nas sextas-feiras, rolava um pagode muito animado do qual era assíduo frequentador. Não abandonou o samba, mas o RAP passou a ser sua trilha sonora cotidiana, daí sua iniciativa de colocar a letra do RZO como prefácio de seu livro. Fez isso sem a autorização dos autores. Mas Helião e Sandrão não só concordaram posteriormente como foram ao lançamento do livro e depois se tornaram parceiros de Buzo. Estava feita a irmandade. Buzo até saiu na foto do encarte do disco do RZO, Evolução É Uma Coisa, lançado pelo grupo alguns meses depois.

Esgotado rapidamente, O Trem – baseado em fatos reais acabou sendo, em parte, reescrito no livro de 2005 de mesmo nome, mas com subtítulo diferente, contestando a versão oficial. A primeira parte deste livro traz diversos capítulos reescritos, segundo o autor, com redação aprimorada, pois adquiriu experiência ao longo dos anos, melhorando a escrita: “na verdade reescrevi ele porque dava para melhorar e muito, eu evoluí como escritor e o resultado está aí para todos” (pag. 61).

Seu impulso, porém, foi de reação à propaganda política no horário eleitoral do PSDB, partido do governador na época (e até os dias de hoje) no qual exibia trens novíssimos com ar-condicionado e música ambiente. O elemento da denúncia coloca Buzo na condição de porta-voz de toda uma coletividade que é usuária do trem e que se reconhece na ação do escritor que faz uso do livro como instrumento de conscientização. Buzo, no entanto, não fala sozinho. Ele abre o livro para outras vozes e, a exemplo de Ferréz em Capão Pecado, faz de seu livro uma obra coletiva. O prefácio é de Paulo José de Souza, o Magu, seu parceiro no fanzine Boletim do Kaos; Sandrão e Helião aparecem cedendo novamente a letra do RAP O trem do RZO; Dudu de Morro Agudo, rapper carioca de Nova Iguaçu, líder do Movimento Enraizados, contribui com um texto no qual faz um paralelo entre os trens do subúrbio do Rio de Janeiro e os da periferia de São Paulo; o escritor Sacolinha faz o posfácio. Por fim, há um texto de uma passageira anônima que chegou às mãos do autor no qual ela contesta a estigmatização pela mídia do chamado “vagão da maconha”. Somam-se aos textos, várias fotos retratando a “galera” que usa diariamente o trem da Linha F (Brás – Calmon Viana).

Magu, autor do prefácio da obra, publica também no livro sua Carta aberta à população na qual denuncia atos de tortura por parte da segurança terceirizada da CPTM, especialmente contra uma jovem skatista. Contundente, o texto atribui a responsabilidade dos fatos ao governador: “E de quem é a culpa? É do governador pilantra que diz no horário político que São Paulo tem o melhor trem do Brasil, só que quem usa o trem diariamente sabe quem está falando a verdade” (pag. 66).

Além desse episódio da denúncia de tortura, outros dois fatos marcantes são abordados com riqueza de detalhes e colocam o autor numa posição crítica em relação à mídia. Um foi o incêndio às composições da Linha F no ano de 1999 e o outro a repressão policial no “vagão da maconha”. Buzo presenciou a revolta popular que levou os passageiros a incendiar três composições e relata a situação de descaso que justificou tamanha ira coletiva. No dia seguinte, as notícias nos jornais denunciam ação de vândalos e as matérias de TV acentuavam o caráter sensacionalista da abordagem que culpava o povo pelo “vandalismo”. Buzo condena: “Nenhum canal ou jornal escrito entrevistou o povo, as entrevistas eram com técnicos da CPTM que anunciavam os valores do prejuízo, o povo era tratado como o demônio incendiário em pessoa” (pag.56).

No caso da maconha no “último vagão”, o autor aponta especificamente o SPTV como agente midiático responsável pela distorção dos fatos. A produção do referido telejornal entra em contato propondo que ele fosse personagem numa reportagem sobre o cotidiano daquela linha de trem. Buzo recusa, pois não queria se associar a uma emissora e a um programa que levou constrangimento a seus companheiros de jornada nos trens suburbanos e conta: “Ele [Cleber, então produtor do SPTV] nunca mais me ligou, e se não for para falar de cultura e literatura é melhor nem ligar mesmo, aqui não tem nenhum BBB louco para aparecer na TV. O cara querendo me jogar numa furada e ainda acha ruim eu não aceitar, pensa que pode tudo porque é da Globo, por isso que eu tiro meu chapéu pra o Mano Brown e os Racionais MC’s, a mídia não interessa e ponto” (pag.98).

Buzo não imaginava que alguns anos depois ele próprio estaria num quadro do SPTV, um importante representante do RAP, Slim Rimografia, participaria do BBB e um dos MC’s do Racionais, Edi Rock, cantaria nos programas vespertinos de Luciano Huck e Regina Casé, tudo na Rede Globo. São desdobramentos da carreira desses artistas que não cabe aqui analisar. Mas é importante ressaltar que sua postura crítica com relação à mídia nunca foi intransigente. Buzo sempre teve boa relação com os órgãos de imprensa e o tom predominante de sua crítica é ponderado como fica evidente em passagem mais adiante do mesmo livro: “A mídia omite o veneno que o povo passa, se toda a população de São Paulo soubesse o que passamos diariamente na linha F (Brás/ Calmon Viana) a coisa seria diferente, a opinião pública iria fazer pressão e a CPTM teria que tomar algumas providências, espero que este livro desperte na imprensa a sua verdadeira função, prestar serviços à população” (pag.104).

Os dois livros, O Trem – baseado em fatos reais e Contestando a versão oficial ainda que não sejam rigorosamente obras de literatura, com seu estilo próximo da reportagem, constituem uma contribuição importante como demarcadores de uma produção escrita do Hip Hop, ratificando o conhecimento como seu quinto elemento, como gostam de frisar os adeptos dessa expressão cultural.

Suburbano convicto

O livro Suburbano Convicto – o cotidiano do Itaim Paulista é muito inspirado na trajetória pessoal do autor. São poucos elementos da história, além do nome do protagonista, que não correspondem ao que de fato Buzo viveu. Ricardo, personagem principal do livro, é muito semelhante ao autor, assim como seus amigos de infância parecem ser os personagens secundários na obra. Diferente de Capão Pecado, onde Ferréz cria o personagem principal, Rael, apenas inspirado, em parte, na sua trajetória pessoal, Buzo faz de Ricardo seu alter ego. Essa constatação fica evidente ao se ler Favela Toma Conta, livro publicado pelo autor em 20083 onde ele efetivamente faz sua autobiografia. Corroboram essa conclusão as crônicas de caráter autobiográfico, publicadas pelo autor no livro Buzo 10 anos,4 produção comemorativa dos 10 anos de carreira de autor.

Suburbano Convicto não tem um enredo característico de um romance. É uma história linear, pautada em acontecimentos organizados cronologicamente, centrada numa única personagem, Ricardo. Por isso não é possível decifrar o texto como se fosse um romance, como é Capão Pecado. Mas é possível ler em Suburbano Convicto o extrato da história que a obra apresenta como relato. São três elementos fundamentais: o universo periférico; o mundo das drogas e a condição juvenil.

Diferentemente de Ferréz, a periferia apresentada por Alessandro Buzo neste livro, não obstante a pobreza existente, é um lugar agradável, alegre, onde as crianças jogam bola na rua, as relações de vizinhança são muito afetivas e se promovem sólidas amizades. Há muito futebol no subúrbio de Buzo como o “clássico” Rua 5 contra a Rua 4 valendo uma caixa de tubaína. Três copas do mundo são narradas na história (1982, 86 e 90) e o drama do torcedor palmeirense que segura por 18 anos o grito de campeão consumado em tarde de glória contra seu principal rival numa consagradora goleada de 4 x 0. A rua é o “escritório” dos garotos que se reúnem para jogar, beber e contar mentiras na fase da adolescência e o trem passa a ser o ponto central de sociabilidade na juventude e fase adulta. Na periferia desenhada por Buzo a violência não é algo exacerbado. Ela, até certo ponto, é comedida. Quando aparece está quase sempre relacionada ao consumo de droga (não ao tráfico) e à ação policial. Somente na página 42, ainda na adolescência de Ricardo, o primeiro sinal de violência aparece, ainda assim, enigmático: os garotos encontram um corpo de um homem baleado na cabeça na beira de um córrego, identificado como um morador da favela do Boi.

Futebol, rua, bar e o trem são os principais referências que compõem a paisagem periférica do autor. Para Buzo, o trem é o principal elemento; é o rito de passagem. Aos 14 anos, Ricardo segue para o centro da Cidade em busca de trabalho como office-boy. Vai sozinho, afinal, “se não encontrar a rua do escritório que anunciou a vaga, como poderia se julgar capaz de exercer a função?”, argumenta o personagem. Este emprego não dá certo, mas logo vem outra oportunidade e a carteira é assinada. O trem passa a fazer parte de sua rotina diária. Novas conexões e amizades. O samba entra na sua vida. O último vagão é onde acontecem as festas na volta para casa, principalmente na sexta-feira. Uma irmandade se constitui sobre os trilhos da CPTM. As rodas de samba ocupam os finais de semana. E é aí que aparece a primeira ação repressora da polícia na história. Ricardo ainda com 16 anos toma o primeiro enquadro da PM. Foi durante um samba numa madrugada. Apesar de alertados por um policial em uma solitária viatura, o grupo não se dispersa. Chega o reforço com três viaturas da ROTA e enquadra todo mundo.

Claudio, um dos sambistas, é detido e levado para a delegacia. O povo se reúne, recolhe os instrumentos e logo que o dia amanhece segue em mutirão até o DP e voltam de lá com o músico liberto. Essa passagem demonstra bem como é o tecido social periférico no livro do Buzo. A festa é um fator de articulação da comunidade. Seja no samba, torcida organizada, no bar ou no trem, o povo se reúne e confraterniza.

O mundo das drogas é o ponto de instabilidade na trajetória de Ricardo e de quase todos os seus amigos antes mesmo de completarem 18 anos. Mas em Suburbano Convicto essa questão é tratada a partir do impacto na vida pessoal de seus usuários e não como causa da organização criminosa, como acontece nas obras de Ferréz. Aos 16, Ricardo já estava bem iniciado na bebida alcoólica à qual tinha acesso em bares e nas festas no trem, onde também circulava um “baseado”. Ele resistiu ao assédio; não gostava de maconha. Começou a cheirar cocaína durante uma balada com amigos de classe média. Juntou-se a um grupo de jovens para assistir a um show da cantora Cindy Lauper no Ginásio do Ibirapuera. Foi nessa noite que ele se inseriu no mundo das drogas ilícitas.

Na volta para casa, conseguiu pegar o último trem, mas perdeu a derradeira lotação. Fazendo o trajeto a pé, ele e Alex, seu amigo periférico que o acompanhava, sofrera três abordagens da polícia, das quais passaram ilesos, pois não portavam mais nenhum “flagrante”. Daí em diante a questão da droga dá o tom da história. Ricardo mantém uma relação conflituosa com o vício. Numa sucessão de avanços e recuos vai da cocaína para o mesclado e depois fica restrito à maconha. Manteve-se afastado do crack que vitimou uma porção de amigos e conhecidos

A superação do vício é apresentada pelo autor por meio da ampliação da oferta cultural no bairro carente de equipamentos e programação artística. Ricardo compensou a falta de serviços de cultura no bairro com a leitura, hábito que passou a cultivar. A partir daí sua vida começou a tomar outro rumo. É nessa fase que larga de vez as drogas pesadas ficando somente no baseado. Aqui a obra de Buzo se junta a de Ferréz que nos seus dois primeiros romances introduz esse ingrediente da valorização da leitura como redenção em seus personagens. Trata-se de uma ideia muito difundida também em vários RAPs e na cultura hip hop, como tratei em artigos anteriores.

O personagem de Ricardo sofre as consequências da maturidade precoce. Aos 11 anos o pai abandona a família e ele se vê na condição de ser o “homem da casa”. Aos 14 começa a trabalhar e abandona os estudos ao concluir o equivalente ao atual Ensino Fundamental. Inicia a vida sexual com prostituta num quarto imundo nos fundos de um bar. Com 16 anos tem toda a autonomia de um adulto apesar da minoridade. Usa drogas lícitas e ilícitas, namora, percorre a cidade, vive na madrugada. Entra e sai de emprego e fica inconformado de a mãe decidir sozinha vender a casa e mudar-se para o bairro vizinho. Viver plenamente a condição juvenil e o processo de formação inerente a essa fase da vida, para um jovem da periferia como Ricardo, parece algo inviável. Não gozou da proteção, tanto familiar quanto, muito menos, do Estado. Estudos interrompidos, consequente desqualificação profissional, porém muita experiência pessoal. Ricardo só não se perde totalmente porque na obra de Buzo tudo fica resolvido. O personagem eleva sua dedicação à leitura, conhece o RAP, edita fanzine, torna-se líder comunitário, apaixona-se e casa-se com Maria, uma moça que em nada se parece com as tantas garotas que lhe proporcionaram muito sexo e pouco amor.

Pelas periferias do Brasil

Buzo é um escritor que tem um lugar muito próprio na cena literária periférica. Apesar de ter publicado mais de trinta livros, passado pela TV Globo, ter uma livraria por muitos anos, comandar um sarau, ele não tem um reconhecimento à altura de suas realizações. Em 2016, contava que sua fama na TV pudesse levá-lo à Câmara de Vereadores, mas teve uma votação muito abaixo do necessário para se eleger. Resolveu antecipar o sonho de aposentadoria e foi morar no litoral norte; acabou por se isolar na beira do mar. Veio a pandemia e hoje o autor vive no perrengue para se manter, como aliás, estão muitos artistas. Em face da escassez de trabalho, ele tem contado com a ajuda de amigos como na canção dos Beatles, whith a little help from my friends. Faz alguns trampos artísticos e vende o estoque de livros que restou de sua livraria.

O autor, porém, sabe se reinventar e faz da queda um passo de dança, como ensinou Fernando Sabino. Alguém que, com 14 anos, teve que ser provedor de si mesmo, não foge à luta. Apesar das dificuldades que está passando, neste momento dedica-se à publicação do volume 9 da coletânea Pelas Periferias do Brasil na qual realizará a antiga ambição de contar com a participação de autores dos 27 estados brasileiros alcançando a incrível marca de 157 autores publicados na soma dos volumes da coleção. Creio que Buzo deveria se dedicar mais a essa sua vocação de editor. Ele já tem um selo editorial, a Suburbano Convicto Edições, e uma vasta rede de autores pelo Brasil. Falta-lhe encarar a atividade como empreendimento. Essa é a tendência atual na cena literária periférica. Há, em São Paulo, mais de vinte editoras e selos editorias atuantes nas periferias com cerca de 500 títulos publicados. Há lugar para o Buzo nesse promissor nicho de mercado. E com a capacidade de realização que tem, certamente a Suburbano Convicto, será das principais editoras do segmento e assim ele volta a ocupar o lugar de destaque que merece.


1 Essas e outras informações que utilizo no texto foram retiradas do livro Favela toma conta publicado em 2008 pela Aeroplano Editora, o primeiro dos três volumes de sua autobiografia.

2 CD Todos São Manos, de 1999

3 Publicado pela Aeroplano Editora, Rio de Janeiro. O autor considera este livro como o primeiro volume de sua autobiografia que vem sendo escrita em tempo real e já se encontra no volume III.

4 Publicado pela Edicon, São Paulo, 2010

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