Metrô-SP: inauguração e mistério na Linha Amarela

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A mídia saúda com foguetório, hoje, a inauguração do primeiro trecho da Linha Amarela do metrô de São Paulo. Pencas de parágrafos são dedicadas a suas características de alta tecnologia — entre elas, os trens sem condutor.

A obra é, de fato, importantíssima; e a expansão do transporte coletivo sobre trilhos, em São Paulo, real. Mas algo intriga, na cobertura: a virtual ausência de investigação sobre o importante atraso na obra — e, principalmente, as causas que o provocaram.

O cronograma divulgado com alarde pelo governo do Estado, no final do ano passado previa que o primeiro trecho (entre as estações Paulista e Faria Lima) seria aberto ao público em 31 de março. Até o final do ano, estariam entregues mais quatro estações-chaves — as que fazem a interligação entre a linha Amarela e todas as demais do metrô. Estavam incluídas Luz (acesso à linha Azul e aos trens da CPTM), República (acesso à linha Vermelha), Pinheiros (CPTM) e Butantã. As demais estações ficariam para 2012.

Tudo atrasou. Dois meses, no caso de Paulista e Faria Lima (que começam a funcionar hoje em horário reduzido). Cerca de um ano, para Luz, República, Pinheiros e Butantã (há informações contraditórias sobre a data de inauguração). Dois anos, para as demais (cuja entrada em operação está agora prevista para 2014.

Fosse outro o partido no governo em São Paulo, e a mídia faria um enorme escândalo. Porém, o mais grave é ausência de informações sobre os motivos de tantos atrasos. A linha Amarela tornou-se conhecida por um desmoronamento no canteiro de obras da estação Pinheiros, que provocou (em 2007) sete mortos e o surgimento de uma cratera com 80 metros de diâmetro. Ao contrário das demais, será operada por um consórcio de construtoras privadas — que têm autonomia praticamente plena, nos trabalhos de construção. Nos últimos anos, diversas críticas sugeriram que tal modelo favorece o relaxamento das normas de segurança, em favor de economia financeira.

Pauta:

Um bom trabalho jornalístico sobre o caso consistiria simplesmente em fazer a investigação o que a mídia tradicional se recusa — certamente por temer os reflexos eleitorais da apuração. Qual é a verdadeira causa do atraso? Por que o cronograma foi alterado bruscamente (ainda no início do ano, publicidade em todas as estações do metrô mantinha os prazos anteriores)? Quais os eventuais riscos envolvidos? Qual o novo cronograma para a Linha Amarela e os demais projetos de expansão do metrô de São Paulo.

Fontes:

> A fonte óbvia é a Companhia do Metrô: www.metro.sp.gov.br

> O Sindicato dos Metroviários teve, no passado, atuação importante no acompanhamento dos serviços prestados à população: www.metroviarios-sp.org.br

> O Sindicato dos Engenheiros também ensaia alguns passos nesse rumo: www.metroviarios-sp.org.br. A coordenadora do setor de Imprensa, Rita Casaro, é grande apoiadora da mídia livre: (11) 3129.8692
> A Associação Nacional dos Transportes Públicos é uma defensora histórica do metrô e trens: www.antp.org.br

Dossiê:

> Um primeiro dossiê de apuração sobre o tema está aqui. Reúne material do Estadão de hoje (exemplo de cobertura acritica), nota do Sindicato dos Engenheiros e excelente verbete da Wikipedia sobre a linha Amarela.
> Para colaborar com o dossiê (incluindo material), escreva para [email protected]

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Um comentario para "Metrô-SP: inauguração e mistério na Linha Amarela"

  1. Emerson Zuccherato disse:

    O dossiê estava aí, o link está quebrado… mais uma ação de censura do consórcio?

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