Mudanças climáticas: o duplo papel da China

Ao industrializar-se, país tornou-se maior emissor de CO². Mas é, ao mesmo tempo, o que mais desenvolve energias limpas e tecnologias contra aquecimento

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Ao industrializar-se, país tornou-se maior emissor de CO². Mas é, ao mesmo tempo, o que mais desenvolve energias limpas e tecnologias contra aquecimento

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Embora seja a maior emissora mundial de gases de efeito estufa (que aceleram as mudanças climáticas), a China é também o país que está “fazendo o correto” no enfrentamento ao aquecimento global. A afirmação foi feita na segunda semana de janeiro pela secretária-executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Christiana Figueres, em entrevista a Bloomberg News.

O gigante asiático enfrenta, atualmente, uma crescente pressão pública dos cidadãos para reduzir a poluição do ar, devida em grande parte à queima de carvão. Seus esforços para promover a eficiência energética e a energia renovável se baseiam na constatação de que fazê-lo valerá a pena em longo prazo, afirmou Figueres.

A China tem alguns dos mais rigorosos padrões de eficiência energética para edifícios e meios de transporte, e seu apoio à tecnologia fotovoltaica ajudou a reduzir os custos dos painéis solares em 80% desde 2008, observou Figueres.

“Eles realmente querem respirar um ar que não tenham que estar controlando. Não estão fazendo isso porque querem salvar o planeta. Eles estão fazendo isso porque é de interesse nacional”, ressaltou a secretária-executiva da UNFCCC.

Sistemas políticos

A China também é capaz de implementar tais ações porque seu sistema político evita alguns dos obstáculos no poder legislativo vistos em países como os Estados Unidos, reforçou Figueres.

Políticas-chave, reformas e nomeações são decididas em uma sessão plenária ou em uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista, formado por mais de 200 membros. O Congresso Nacional do Povo, a legislatura unicameral da China, em grande parte chancela as decisões tomadas pelo partido e outros órgãos executivos.

A divisão política no Congresso dos EUA desacelerou os esforços para aprovar a legislação sobre o clima e é “muito prejudicial” à luta contra o aquecimento global, lembrou a executiva da ONU.

Novo acordo

Christiana Figueres é responsável por liderar mais de 190 estados-membros em uma iniciativa liderada pela ONU para projetar um tratado internacional de luta contra o aquecimento global. A meta é assinar, em 2015, um acordo vinculante (de cumprimento obrigatório) que passará a valer em 2020, substituindo o Protocolo de Kyoto, adotado em 1997.

O Protocolo de Kyoto, o único tratado internacional sobre restrições às emissões, limita a poluição por gases de efeito estufa em países industrializados e permite que os países em desenvolvimento firmem compromissos voluntários. Contudo, tal acordo encontra-se cada vez mais esvaziado.

Figueres espera que uma versão preliminar do tratado de 2015 seja discutida em reuniões em Lima, no Peru, em dezembro de 2014. A elaboração de um acordo será facilitada por outros países, como a China, que perceberam que reduzir as mudanças do clima redundará em benefícios em longo prazo que compensam os custos de curto prazo, justificou ela.

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