Variante delta chacoalha bolsas e descortina novo momento da pandemia

Cepa caminha lado a lado com volta à “normalidade”, gerando aumento de casos em países ricos

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A variante delta está presente em pelo menos 111 países no momento, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse número, contudo, provavelmente é maior, dada a limitação de vários países em fazer o sequenciamento genético do vírus. 

Até agora, o Ministério da Saúde computa 110 casos dessa variante por aqui. Eles foram confirmados nos seguintes estados: Rio (83), Paraná (13), Maranhão (6), São Paulo (3), Pernambuco (2) e Minas e Goiás, com um cada. Depois da divulgação desse balanço, o Rio Grande do Sul anunciou os dois primeiros casos no estado.  

Como sabemos, essa variante é mais transmissível – e tem feito casos aumentarem mesmo em nações com boas taxas de vacinação. Uma reportagem do STAT examina como a delta está impactando o panorama epidemiológico de um país que atingiu uma cobertura bem maior do que a nossa, os EUA.

Por lá, 56,8% das pessoas com 12 anos ou mais que são elegíveis para as vacinas estão totalmente vacinadas. Os indicadores mostram que 98% das novas hospitalizações e 99% das mortes recentes ocorreram entre pessoas não totalmente vacinadas. Mas a cobertura vacinal ainda não chegou ao ponto em que possa impedir aumentos nessas hospitalizações e mortes. Nos EUA, os casos mais do que dobraram nas últimas semanas – um salto impulsionado não apenas pela delta, mas também pela volta à “normalidade”.

Por isso, especialistas alertam que estamos vivendo uma nova fase da pandemia. “Estamos vendo efeitos positivos da vacinação, mas, ao mesmo tempo… não acaba até que acabe. Continuamos a ver a transmissão ocorrendo e temos uma porção significativa da população que não está imunizada”, explica Jay Butler, vice-diretor de doenças infecciosas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças. “Isso está se tornando uma pandemia de não vacinados”, resumiu, por sua vez, a diretora do CDC, Rochelle Walensky. 

Nos EUA, a hesitação em relação às vacinas é tão grande (e tão emaranhada na questão partidária) que o Washington Post provocou dias atrás: haveria uma “hostilidade às vacinas” da parte de franjas do Partido Republicano. Mas o fenômeno também pipoca em outros lugares onde doses de imunizantes não faltam: é só olhar o protesto que aconteceu sábado na França, no qual pessoas clamavam pelo “direito” de não se vacinar e, ainda sim, frequentarem espaços de lazer.  

O anúncio da OMS sobre a circulação da variante fez ontem as bolsas despencarem em todo mundo. Apontando para um aumento de 11% no número de novos casos em apenas sete dias, e 1% no de óbitos, os porta-vozes do organismo internacional afirmaram que é “hora de ser honestos” e admitir que não se sabe quando a pandemia vai terminar.

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