Vacinação infantil teve grandes avanços em 2023

• Enani-2024 investigará alimentação das crianças • Saúde privada volta a dar lucro real • No Paraná, exemplo de má gestão por fundação de saúde • Pastor antivacina na Nigéria • O horror em Gaza continua •

Foto: Thiago Guimarães/Prefeitura Municipal de Canoas
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As medidas do Ministério da Saúde (MS) para retomar a cobertura vacinal estão funcionando, apontam os dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Eles indicam que, no ano de 2023, houve alta na cobertura de 13 das 16 vacinas do calendário infantil. O aumento foi, em média, de 7,1%, com a dose de reforço da tríplice bacteriana chegando a um crescimento de 9,2%. Foi consolidada a reversão de uma queda de índices vacinais que se arrastava desde 2016, feito que a ministra Nísia Trindade definiu como a “reconstrução de uma das principais políticas de saúde pública do país”. Em nota, o MS credita os avanços ao investimento na compra de imunizantes, à criação do Movimento Nacional pela Vacinação para organizar o planejamento das ações e à agilidade conferida pelo novo sistema digital de registro de aplicação das vacinas.

Vem aí estudo sobre a alimentação das crianças

Com início na próxima segunda-feira (29/4), a segunda edição de uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde buscará traçar um quadro do estado nutricional das crianças do país. O novo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2024) deve “avaliar as práticas de aleitamento materno, os hábitos alimentares, o peso, a altura e a deficiência de vitaminas e minerais em crianças brasileiras de até seis anos e suas mães”, diz comunicado do MS. O inquérito será promovido por meio de visitas domiciliares, em que serão realizadas entrevistas com os cuidadores dos pequenos, coletas de amostras de sangue e investigações sobre o ambiente alimentar comunitário da vizinhança. Universidades públicas como UFRJ, UERJ, UFPA, UFPR e UFG estarão encarregadas da coordenação do inquérito, que tem como um de seus objetivos angariar informações sobre o cenário alimentar do pós-pandemia para “apoiar o redirecionamento de políticas públicas”.

Saúde privada resolve sua crise econômica rescindindo planos?

A última atualização do Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar sugere que a crise do setor privado pode estar passando. O lucro líquido da saúde empresarial em 2023 foi de R$3 bilhões, o quíntuplo do registrado em 2022, dizem os dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O valor recorde de R$11,2 bilhões apurado no mercado de ações – expressão da financeirização da saúde – é o principal causador dessa melhora. Contudo, o resultado positivo também veio da queda de 44% no prejuízo operacional das empresas – que, mesmo diminuído, ainda foi da ordem de R$5,9 bilhões. É possível especular sobre os métodos empregados para reduzir esse prejuízo: as queixas de beneficiários sobre rescisões unilaterais de planos de saúde pelas operadoras estão em alta histórica. Elas vieram em número recorde em 2023, mas só no primeiro trimestre de 2024 já houve o equivalente a 35% do ano anterior. As ferramentas utilizadas pelo setor privado para enfrentar sua crise econômica gestarão uma crise política e sanitária?

Fundação de direito privado precarizou saúde no Paraná

Vem do Paraná mais um indício dos problemas associados ao modelo de gestão das fundações de saúde. Dois relatórios do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sugerem que a Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Estado do Paraná (Funeas), criada pelo governo estadual em 2014, “não [trouxe] melhora significativa em relação ao período anterior ao Contrato de Gestão” dos equipamentos de saúde paranaenses. Pelo contrário, explica uma representante do sindicato dos trabalhadores da saúde ao Brasil de Fato: desde então, a alta rotatividade dos profissionais, a precarização de suas condições de trabalho e a penetração de empresas prestadoras de serviços só piorou. “Nas unidades faltam do medicamento ao papel higiênico, da lâmpada às fraldas”, diz a sindicalista. Outras irregularidades identificadas pelas auditorias do TCE também são listadas na matéria. O cenário reacende o debate: como superar as fundações de direito privado e outras “soluções” que se infiltram nas lacunas da Saúde Pública?

Negacionismo de pastores assola a África

Não só no Brasil o negacionismo científico tem o apoio de líderes religiosos alinhados à extrema-direita: a Nigéria enfrenta um problema bastante similar com um de seus mais conhecidos pastores evangélicos. Chris Oyakhilome, o “Pastor Chris”, mentiu em todos seus últimos sermões, afirmando que as vacinas da malária não funcionam, como revelou a BBC. Sua igreja já produziu cinco documentários negacionistas nos últimos seis meses, potencialmente afetando o esforço internacional de vacinação contra a malária no continente africano, que teve início no ano passado. Quando a Nigéria começou a imunizar sua população contra o HPV, em outubro de 2023, ele também difundiu informações falsas sobre essa vacina. O canal de televisão Loveworld, ligado ao pastor, recebeu uma multa de 125 mil libras do órgão regulatório da mídia do Reino Unido por sua conduta negacionista na pandemia – mas Oyakhilome segue incólume em seu país natal, mesmo pondo em perigo a saúde dos nigerianos.

Os equipamentos de saúde e os habitantes de Gaza, vilipendiados

Em três notícias, retratos da guerra de Israel contra a vida do povo palestino. Na semana passada, a Reuters revelou que mísseis israelenses destruíram 4 mil embriões e mil óvulos congelados para fertilização in vitro na maior clínica de reprodução assistida da Faixa de Gaza. O ataque acabou com a esperança de milhares de casais palestinos de terem filhos após a guerra. Depois, o relatório de uma comissão independente concluiu que não há nenhuma prova de que a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, tenha ligações com o Hamas. A acusação feita por Israel levou à retirada de recursos da agência por vários países e à redução drástica das ações humanitárias em Gaza, ampliando a fome no enclave. Por fim, uma vala comum com 283 corpos foi descoberta no hospital Al-Nasser após a invasão do equipamento pelas forças sionistas, muitos deles algemados ou com tiros na cabeça. As Nações Unidas pediram uma investigação internacional sobre a atrocidade em Gaza, onde 34 mil palestinos já foram mortos desde a invasão israelense.

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