Trabalhador brasileiro cada vez mais desprotegido

Responsáveis pela elaboração da lista de doenças relacionadas ao trabalho são exonerados por Pazuello, que demonstra sintonia com governo que menos investe nas fiscalizações trabalhistas

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A gestão Eduardo Pazuello removeu mais quadros técnicos que defendiam posição divergente dos interesses do governo Bolsonaro no Ministério da Saúde. Na sexta, foi publicada no Diário Oficial a exoneração de Karla Baêta e Marcus Vinícius Quito. Ela era coordenadora-geral da Saúde do Trabalhador, ele assessor da mesma área. Ao Estadão, Baêta confirmou que sua saída está ligada ao caso envolvendo a lista de doenças relacionadas ao trabalho que caiu 24 horas depois da sua divulgação por pressão de “confederações patronais”. A atualização da lista era discutida há anos e, em meio à pandemia, acabou incluindo a covid-19 no rol de doenças relacionadas ao trabalho. 

Entidades da saúde divulgaram no sábado uma carta de agradecimento à Karla pelos serviços prestados e criticaram a exoneração.

Falando nisso, nunca se investiu tão pouco em fiscalizações trabalhistas quanto no atual governo. Eram destinados, em média, R$ 55 milhões por ano para operações de inspeção de segurança e saúde no ambiente laboral, combate ao trabalho escravo, dentre outros. Em 2020, o valor ficou em R$ 24,6 milhões. No projeto orçamentário enviado ao Congresso, o governo cortou mais um pouco, propondo gastos de R$ 24,1 para o ano que vem

Aprovação

Mesmo dando mostras de autoritarismo na condução da pasta, Pazuello tem a aprovação de 14 secretários estaduais. Os responsáveis pela saúde em Amapá, Pernambuco, DF, Maranhão, Paraíba, Pará, Mato Grosso do Sul, Minas, Rio Grande do Sul, Goiás, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Norte e Bahia ratificaram a escolha do general quando questionados pela colunista Camila Mattoso. “Dizem que a estabilidade ajuda o SUS e que Pazuello tem sido solícito e organizado no combate à pandemia”, escreveu ela.

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