Reajuste no preço dos remédios vem aí

• Aumento dos medicamentos • Fiocruz e Butantan buscam parceria pelo SUS • Enchentes no Acre • Em Madri, saúde em greve novamente • A triste situação dos Estados Unidos • Microplástico na Antártida •

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Em 1º de abril, os medicamentos que o brasileiro encontra na farmácia passarão por reajuste de preços de até 5,6%, número estabelecido a partir do IPCA dos últimos 12 meses. Os reajustes são calculados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), subordinada à Anvisa, e a indústria farmacêutica tem direito a aumentar os preços anualmente. Como demonstrado pelo Idec, o teto de preço dos remédios passa longe do praticado – o que significa, em tese, que os produtos podem encarecer muito mais do que o planejado. No entanto, como já mostrou o Outra Saúde, os atuais mecanismos de regulação estão claramente desatualizados e fazem o jogo da indústria farmacêutica, que pelas regras vigentes encontra margens para aumentar preços muito acima do valor regulamentar. Além disso, o declínio da própria indústria farmacêutica brasileira contribui para os grandes aumentos no preço dos remédios vistos em anos recentes. Trata-se, como já assumido várias vezes por autoridades públicas, de um tema que representa grandes desafios de políticas públicas do novo governo.

Fiocruz e Butantan estabelecem grupo de trabalho estratégico

Na sexta-feira passada, 24/3, uma delegação de dirigentes do Instituto Butantan visitou a Fiocruz, ocasião em que os paulistas foram apresentados à fábrica Bio-Manguinhos da instituição. Em pauta, diversos planos de cooperação e desenvolvimento em favor do SUS. Produção de insumos industriais/imunobiológicos e inovação tecnológica foram os focos do encontro. “Não dá para resolver tudo, mas podemos identificar insumos críticos e fazer trabalho de logística, indução e produção local para estruturar uma cadeia produtiva, através de parceiros, como parte de um ecossistema de inovação”, disse Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz. Em abril, a visita será retribuída, e então oficinas de trabalho definirão as parcerias mais promissoras entre ambas as instituições.

Rio Branco começa a busca pela adaptação à mudança climática

A capital do Acre acaba de publicar inédito mapeamento do histórico de enchentes, que apontou cheias em 41 dos 52 anos estudados, tendo os meses de fevereiro e março como os mais perigosos. O estudo faz parte do relatório que subsidia o Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima de Rio Branco, no Acre, criado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) em 2020 e ainda não implantado. Para além dos fenômenos climáticos mais recentes, o trabalho aponta uma antiga ocupação desordenada do solo urbano, o que explica o amplo histórico de enchentes a partir da subida do rio Acre. “É preciso criar e implementar, com urgência, planos que olhem para além das ações emergenciais, mas também para ações de médio e longo prazo de enfrentamento à mudança do clima em todos os municípios”, explica Jarlene Gomes, que trabalha no IPAM da cidade. O plano de mitigação, por sua vez, faz parte da Iniciativa de Governos Locais Pela Sustentabilidade para América do Sul, que conta inclusive com governos de países vizinhos, e também a colaboração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Greve geral na saúde de Madri

A capital espanhola vê o aprofundamento do conflito entre trabalhadores da saúde e governo. Após manifestações de desrespeito por parte do Conselho da Fazenda, Fernando Lasquetty, que recusou a exigência de recuo na jornada semanal de trabalho, os profissionais da saúde convocaram greves para os dias 19 de abril, 8 e 26 de maio. O movimento recebeu adesão de todas as categorias do serviço de saúde de Madri, representadas em quatro sindicatos. Vale destacar que a cidade acabou de sair de uma greve de médicos da atenção primária que durou impressionantes quatro meses, momento também marcado por manifestações de massa em favor da saúde pública e contra a privatização de hospitais e centros médicos. Por trás de tudo, o receituário neoliberal de austeridade eterna sobre políticas sociais, que no país ibérico produz o fenômeno da fuga de médicos de família.

Crônica de uma morte americana

A revista The Atlantic publicou um capítulo do livro da escritora Nicole Chung sobre a morte de seu pai sob a ótica da ineficiência do sistema de saúde norte-americano, que deixa cerca de 40 milhões de cidadãos sem nenhuma cobertura. A crônica faz parte do livro A living remedy, ainda não lançado, e detalha a dolorosa experiência da autora, que cresceu em meio a uma família de pai e mãe trabalhadores que nunca alcançaram bem-estar econômico suficiente para garantir cuidados em saúde sem ajuda do Estado. A saga conta a história de pessoas que viveram na pele a precarização do mundo do trabalho e sempre deixaram os cuidados em saúde para um outro momento, até que um dia a diabetes do pai começa a cobrar um preço. A angústia em ter acesso ao serviço público, a disseminada cultura de responsabilização individual pela própria saúde e a incapacidade financeira da filha em prover os pais são alguns dos elementos que constituem o drama da vida de um cidadão comum deste país, conforme descreve o livro de Chung. Não à toa, o título da crônica é Uma morte norte-americana comum

Microplástico chega a animais da Antártida

Um estudo publicado pela Royal Society Publishing revela que microplásticos foram encontrados em amostras de organismos de krills e salpas, animais marinhos que vivem no Oceano Antártico. Os fragmentos de plástico oriundos de diversas cadeias produtivas já são realidade irreversível nos mares de todo o planeta, mas que tenham chegado a estes pequenos seres do polo sul é um novo alerta. O estudo destaca, como mostrado na matéria da Galileu, que krills e salpas têm participação importante na alimentação dos maiores predadores da região e sua contaminação pode afetar o processo de condução de carbono para o fundo dos mares, o que alivia a circulação de gases de efeito estufa na atmosfera.

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