Governo quer formar 100 mil médicos para Atenção Primária em 10 anos

• 100 mil médicos na Atenção Primária • Violência nas escolas e ódio nas ruas • Médicos negacionistas e picaretagem • Entraves a LGBT+ na saúde • Suicídio infantil nos EUA • Agrotóxicos na saúde reprodutiva •

.

O governo federal avaliou que a Atenção Básica carece hoje de 100 mil médicos especialistas em saúde da família e que hoje a maioria desses profissionais no sistema público são recém-formados. Para isso, o ministério da Saúde está contando com o retorno do programa Mais Médicos, que irá oferecer pós-graduação em medicina da família e comunidade e mestrado profissional. Quem atuar quatro anos no programa poderá fazer a prova de título da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade para obter o certificado de especialista sem necessidade de fazer residência médica. Segundo a Secretária Nacional de Atenção Primária à Saúde, o objetivo é garantir uma qualificação mais robusta dos profissionais atuantes na área. 

Frente pela Vida: violência na escola é sintoma da propagação do ódio

A Frente pela Vida, composta por entidades representantes de movimentos da saúde e sanitaristas, emitiu uma nota lamentando o ataque efetuado por um menino de 13 anos na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. O aluno, que já tinha histórico de violência e racismo, atacou professoras e alunos a golpes de faca – tirando a vida de Elisabeth Tenreiro, uma docente de 71 anos. “Após quatro anos de governo fascista e ultraliberal, o país se vê sequelado no seu pacto social, resultado da contínua propagação do ódio, o que levou à exacerbação da violência. Ela se manifesta na vida cotidiana, entre vizinhos, comunidades escolares, bares, praças, lugares de convivência”, afirmou a Frente, que defendeu o fortalecimento do pacto social firmado na solidariedade e o fim da precarização da educação no país. 

Médicos negacionistas vendem “detox vacinal” pelo WhatsApp

Uma reportagem do TAB UOL investigou abordagem de médicos que prometem tratamento “detox” a pacientes que tomaram a vacina contra a covid-19. Os supostos tratamentos são oferecidos online, através de áudios e ligações. Medicamentos como ivermectina e aspirina são receitados para fazer a “desintoxicação” dos “efeitos nocivos da vacina”. A prescrição  sem embasamento científico é considerada curandeirismo e crime pelo artigo 284 do Código Penal. Entre os médicos citados na matéria está Maria Emilia Gadelha Serra, otorrinolaringologista formada pela USP e uma das principais figuras do movimento anti-vacina no Brasil; ela também oferece tratamento através de ozonoterapia, prática não autorizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). 

LGBT+ fazem menos exames preventivos do que pessoas cis-hetero

Um estudo analisou dados de 6.693 brasileiros com 50 anos ou mais, dos quais 1.332 eram LGBT+, e identificou que pessoas que pertencem ao grupo tendem a realizar menos exames preventivos do que pessoas heterossexuais e cisgênero. A pesquisa foi publicada na revista científica Clinics. Cerca de dois terços dos participantes eram mulheres; enquanto 74% das mulheres heterossexuais relataram ter realizado pelo menos uma mamografia na vida, apenas 40% das lésbicas e bissexuais disseram ter feito o exame. No caso de exames contra o câncer de colo do útero, como o Papanicolau, a proporção seguiu a mesma tendência: 75% contra 39%. O mesmo ocorreu nos exames para detectar o câncer colorretal: 50% dos participantes LGBT+ e 57% daqueles não pertencentes a esse grupo tinham se submetido ao exame. “Muitas pessoas LGBT+ evitam procurar os serviços de saúde, seja porque tiveram alguma experiência prévia negativa ou por terem medo de discriminação” explica o geriatra Milton Crenitte, principal autor do estudo.

EUA: hospitais cheios de crianças que tentaram suicidio

Uma pesquisa elaborada pela Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, aponta que a quantidade de leitos hospitalares ocupados no país por crianças com comportamento suicida ou automutilante disparou na última década. A análise levou em conta mais de 4 milhões de internações pediátricas e descobriu que, entre 2009 e 2019, as hospitalizações por saúde mental aumentaram 25,8% e custaram 1,37 bilhão de dólares. As internações por comportamento suicida pediátrico aumentaram 163% em um período de 11 anos. Os cientistas envolvidos afirmam ainda que a pesquisa não incluiu os dados psiquiátricos dos anos de pandemia – portanto, a situação pode ter piorado – e que o sistema de saúde norte-americano é inadequado para conter a crise. Os problemas vão de hospitais e clínicas que não aceitam planos de saúde até médicos que não aceitam novos pacientes, além de segurados que se recusam a fazer o reembolso.

Abrasco faz carta aberta sobre impacto de agrotóxicos na saúde reprodutiva

O grupo de pesquisa do Projeto Saúde Reprodutiva e Agrotóxicos, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), divulgou uma carta aberta alertando o Governo sobre a falta de monitoramento necessário para investigar os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde reprodutiva das pessoas. Em nota, o Grupo relembra que o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos por hectare de produção de commodities e que o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas deixou de ser atualizado. A Associação declara ainda que os danos dos agrotóxicos sobre a saúde reprodutiva já são observados antes da gestação para mulheres, “incidem sobre o feto e a saúde materno infantil, e depois do nascimento continuam a mostrar seus sinais e sintomas”. Entre eles, são citados a malformação congênita, aborto, prematuridade, baixo-peso ao nascer, distúrbios do desenvolvimento infantil, problemas relacionados ao aprendizado nas crianças filhas de pais expostos e cânceres infanto-juvenis e nos órgãos reprodutores de homens e mulheres. 

Leia Também: