Como viabilizar o Complexo Econômico da Saúde

• Primeira infância, saúde e desenvolvimento • Novos dados sobre aborto no Brasil • Florestas reduzidas e perda de biodiversidade • Modificações genéticas de alimentos na Europa • Justiça para os mortos na pandemia •

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Secretário Carlos Gadelha fala sobre o Complexo Industrial da Saúde

Em entrevista à Jota, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, Carlos Gadelha, defendeu a criação de regras tributárias para incentivar a produção de saúde no Brasil e a adoção de critérios regulatórios sanitários que levem em consideração o desenvolvimento local. Ele destacou também a importância de inovar para fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que foi bastante afetado pela pandemia. Gadelha ainda reforçou a necessidade de retomar as Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP), resgatar o poder de compra do Estado e garantir linhas de financiamento. O secretário constatou que encontrou a secretaria sem estrutura, com sistemas de informação precários e redução da capacidade técnica. Para ele, é necessário reconstruir a infraestrutura para impulsionar o Complexo Industrial, pois é muito importante produzir no Brasil, já que o país tem o maior sistema universal de saúde do mundo e não pode depender tanto de matérias-primas farmacêuticas produzidas no exterior. Por fim, Gadelha defendeu um maior diálogo com órgãos de controle para garantir segurança nos preços dos produtos nas compras públicas e tornar as parcerias mais atrativas e efetivas.

Por que investir recursos público em programas para crianças pequenas

Investir no desenvolvimento da primeira infância (até 6 anos de idade) traz resultados econômicos positivos para os indivíduos no futuro, afirmam especialistas de diversas áreas do conhecimento. A revista Pesquisa Fapesp organizou alguns dos principais trabalhos sobre o assunto em uma recente matéria. Um grupo de pesquisadores do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Centro de Estudos Metropolitanos (CEM) desenvolveu uma metodologia para calcular quanto os governos investem nessa faixa etária da população. Em 2021, esse valor não chegou a 1% do orçamento federal no Brasil. O estudo também identificou que, naquele ano, o investimento na primeira infância correspondeu a 0,41% do PIB do Brasil e a 0,92% do Orçamento Geral da União. Do total de investimentos na primeira infância, 94% foram concentrados nas áreas de saúde, assistência social e educação. Atualmente, 53% das crianças e adolescentes brasileiros vivem na pobreza. Crianças nessa situação têm maior risco de desnutrição, baixa escolaridade e gravidez precoce. Além disso, muitas vezes elas não têm acesso a uma educação de qualidade, o que pode afetar seu desempenho escolar e suas perspectivas futuras.

Metade das mulheres que fez aborto no Brasil tinha até 18 anos

Dados inéditos da Pesquisa Nacional de Aborto revelam que o número de mulheres que admitiram ter realizado o procedimento em 2021 caiu em relação a 2010, sendo agora 10% das brasileiras, contra 15% da década passada. No entanto, a pesquisa aponta que metade das mulheres que fazem aborto no país tem menos de 19 anos. Elas estão presentes em todas as classes sociais e regiões do país. No entanto, há uma concentração de mulheres negras e indígenas, de baixa escolaridade e que vivem no Nordeste. A antropóloga Debora Diniz, uma das autoras do estudo, destaca que a criminalização do aborto impede o cuidado adequado das mulheres e alerta para o aumento das barreiras no sistema de saúde nos últimos 4 anos. Ela também destaca o avanço na legislação do aborto na América Latina, em contraste com os Estados Unidos.

Por que reduzir florestas pode ser devastador para a biodiversidade

Uma bióloga e sua equipe observaram mudanças nas teias alimentares causadas pela fragmentação da floresta na Amazônia, conta matéria da revista Pesquisa Fapesp. Ao analisar as potenciais interações alimentares entre mamíferos e aves terrestres após a construção da hidrelétrica de Balbina, pesquisadores constataram que a fragmentação da floresta em pequenas ilhas, com menos de 100 hectares, levou a uma simplificação significativa das cadeias alimentares. Como resultado, muitas espécies não conseguem mais manter seus papéis nessas teias. Além disso, as dietas dos predadores eram menos variadas em ilhas menores e tinham menos tipos de presas em potencial. Este estudo destaca a importância do tamanho da floresta para a manutenção das redes ecológicas e como a fragmentação das florestas pode ser devastadora para a biodiversidade.

Modificação genética de alimentos: solução para mudanças climáticas?

O desenvolvimento comercial de alimentos editados geneticamente agora é legal na Inglaterra, segundo a BBC News. A nova lei permite o uso da edição genética em plantas, como batatas que não escurecem para reduzir o desperdício de alimentos, e a edição genética de animais de fazenda pode ser permitida em breve. Aqueles que apoiam a tecnologia dizem que ela pode acelerar o desenvolvimento de culturas mais resistentes, que serão necessárias devido às mudanças climáticas, enquanto os críticos temem que ela possa causar desastres na produção de alimentos e no meio ambiente. O uso de plantas editadas geneticamente era regulado pelas mesmas leis restritivas que limitavam o desenvolvimento comercial de plantas geneticamente modificadas na União Europeia. O Brexit permitiu que o governo britânico flexibilizasse as regras para a nova tecnologia. É bom lembrar que no Brasil, a comercialização de organismos geneticamente modificados (OGMs) já é autorizada desde 2003 e utilizada sobretudo na produção de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.

Pandemia: é preciso relembrar e fazer justiça

Para que o Brasil não esqueça da tragédia que se abateu sobre o país na pandemia de covid-19, a Abrasco faz um esforço de debate e memória constantes. Em uma roda de conversa registrada em seu site, alguns pontos importantes foram levantados. Rômulo Paes de Sousa, vice-presidente da Abrasco e pesquisador da Fiocruz, denuncia a ação deliberada do governo federal, que não mobilizou as competências necessárias para combater a crise sanitária. Segundo evidências, cerca de 400 mil mortes poderiam ser evitadas se o governo incentivasse o uso de máscaras e a vacinação. Deisy Ventura, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da USP, é uma das responsáveis por um documento que demonstrou a política deliberada de disseminação do coronavírus no país por parte do Executivo. É preciso responsabilizar as pessoas que estão na origem dessa catástrofe e comparar o contexto da pandemia no Brasil com outras situações de violações massivas dos direitos humanos pelo Estado. Para Elda Bussinguer, O silêncio é coautor das perversidades e crueldades cometidos. Há um direito à memória e à história, que não poderia ter sido sonegado ao povo brasileiro. Eliminar a memória e a história de um povo tem consequências imprevisíveis”.

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