Que ano é hoje?

Marcelo Queiroga anunciou programa de testagem em massa contra a covid-19. De acordo com promessa, feita pela terceira vez pelo governo, país finalmente terá taxas semelhantes a Chile e Cuba

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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que vai lançar hoje um programa de testagem em massa no Brasil. “Nosso objetivo é testar entre 10 a 20 milhões de brasileiros todos os meses. Tem duas estratégias, testar os indivíduos sintomáticos na atenção primária, nas unidades básicas, e os assintomáticos em locais especificados”, disse ele, em uma audiência na Câmara dos Deputados. 

Se isso realmente se concretizar, o país fará, a cada dia, algo entre 1,5 e 3 testes por mil habitantes – e, quinze meses após o começo da pandemia, finalmente conseguirá uma taxa de testagem semelhante a países como Estados Unidos, Chile, Cuba e Alemanha.

Só que essa é pelo menos a terceira vez que o governo federal anuncia algo do tipo. A cada nova investida, a previsão do número de testes a serem realizados aumenta – o que não significa que as promessas sejam cumpridas.

Em abril do ano passado, quando o vírus ainda circulava muito menos, o país fazia menos de três mil testes por dia e o ministério queria aumentar o número para 50 mil. Na época, foi anunciada a compra de 46 milhões de testes, sendo metade PCR e metade sorológicos. 

No mês seguinte, o então ministro Nelson Teich anunciou o programa “Diagnosticar para cuidar“, com a nova meta de 70 mil testes diários. Os planos nunca saíram do papel. 

No fim de junho, já sob a batuta de Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde flexibilizou o programa, decidindo apoiar o diagnóstico por critérios clínicos, sem precisar necessariamente da testagem. Em novembro, o país tinha feito pouco mais de seis milhões de testes PCR, e havia outros 6,8 milhões perdendo a validade em um armazém.

Neste momento, o número total de testes PCR entregues pelo Ministério da Saúde aos estados desde o começo da pandemia é de 18 milhões (o que não significa que tenham sido usados). Ainda por cima, o ritmo de entrega caiu em abril e maio deste ano. O governo não divulga com transparência quantos exames são realizados diariamente. 

Além de o Brasil já estar calejado quanto a promessas não cumpridas, há outro problema com que se preocupar: pelo que disse Queiroga, sua estratégia vai se basear em testes rápidos, e não no PCR.

matéria d’O Globo diz que o objetivo é conter a nova escalada de casos, mas não deixa claro  se serão testes sorológicos ou de antígeno. Os primeiros identificam anticorpos vários dias após o início da infecção, e quando o paciente já pode ter contaminado várias outras pessoas; os últimos identificam infecções ativas e, aí sim, podem ajudar a conter o espalhamento do vírus pelo isolamento dos infectados.

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