Quantas doses de vacina vamos tomar, afinal?

Imunizantes são muito eficazes para prevenir casos graves e mortes por covid, mas ainda não se sabe ao certo qual a melhor estratégia e quantos ciclos serão necessários para conter doença

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Duas doses de vacina, dose de reforço, quarta dose… Ainda é difícil enxergar qual será o futuro da imunização contra a covid, até mesmo para pesquisadores. “Estamos em território totalmente inexplorado para a vacinologia”, afirmou Danny Altmann, imunologista da universidade do Imperial College London à revista Nature. O que já era incerto ficou ainda mais nebuloso após o espalhamento da variante ômicron, altamente capaz de infectar indivíduos vacinados, e mesmo os que tomaram dose de reforço. Pesquisadores correm para dar respostas, mas elas ainda apontam para lados diversos.

Parece haver algum tipo de consenso em torno do fato de que vacinar a população uma vez a cada quatro meses não parece ser a melhor resposta para lidar com a pandemia. Há investigações que apontam para o fato de que o decaimento do número de anticorpos, semanas após a inoculação da vacina, exige que sejam oferecidos reforços periodicamente. Mas outros cientistas também perceberam que a terceira dose pode constituir um nível eficaz de imunidade por um período grande. O problema é que, em termos de covid, quase tudo é novidade para todos. A ômicron só foi encontrada em novembro, o que significa que não passou tempo o suficiente para entendermos o comportamento dos sistemas imunológicos num período maior.

As farmacêuticas Pfizer e Moderna já dizem estar trabalhando em doses específicas para combater a nova variante. Mas o cronograma, mesmo acelerado, indica que deverão estar prontas apenas em alguns meses – tempo demais para uma cepa que se espalha tão rapidamente. Quando a nova vacina ficar pronta, a variante pode já ter sido superada por uma nova… Há ainda uma dificuldade adicional: os cientistas esperavam que a nova variante seria derivada da delta, mas a ômicron se desenvolveu muito distante das variantes que predominavam – por isso foi ainda mais difícil prevê-la.

É possível que a imunização contra a covid tenha de ser periódica, como a da influenza, e que ela tenha ciclos parecidos. Para atualizar as vacinas da gripe, um comitê de cientistas e farmacêuticas se reúnem duas vezes por ano na OMS para analisar milhares de amostras do vírus em mais de cem laboratórios e recomendar a vacina da próxima temporada. Governos e agências nacionais trabalham a partir dessas definições e conseguem imunizar sua população com sucesso. Porém, com a covid, ainda estamos distantes de uma previsão tão apurada.

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