Pandemia tirou centenas de milhares das escolas brasileiras

Dados do Censo Escolar 2021 mostram: situação é pior na educação infantil, importante para a formação social dos indivíduos. Escolas privadas foram as que mais perderam alunos; aulas foram interrompidas por 279 dias, em média

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Mais uma consequência preocupante da pandemia no Brasil parece estar sendo a evasão escolar, especialmente entre crianças pequenas. O alerta veio dos dados publicados na segunda-feira (31/1) no Censo Escolar 2021, em pesquisa feita pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). A queda maior foi de 7,3% nas matrículas da educação infantil – ou 653.499 crianças de até 5 anos – e aconteceu com mais intensidade na rede privada de creches (- 21,6%) e de pré-escola (- 25,6%). A fragilidade das entidades privadas é mais um indicador da crise financeira que o país atravessa. Mas é também um problema grave porque nos deixa mais distantes da meta firmada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) de ter 50% das crianças de até 3 anos matriculadas em creches até 2024.

No ensino fundamental, embora a curva seja menos íngreme, também é preocupante. O número de alunos que frequentavam os primeiros anos dessa etapa em escolas particulares caiu 7,1%, mas não se percebe um movimento deles para a escola pública: também nela houve uma queda de 0,5% – quase 58 mil estudantes. A situação não é tão preocupante para jovens em idade acima de 11 anos, felizmente. No ensino fundamental II, de 11 a 14 anos, até houve uma queda de alunos nas escolas particulares (2%), mas o número total de matrículas cresceu levemente – embora ainda esteja ligeiramente inferior ao de 2017 e 2018, como mostra o gráfico abaixo.

Já no ensino médio, houve crescimento no número de matrículas pelo segundo ano seguido, em 2021, tanto em escolas públicas quanto privadas – e inclusive nas de tempo integral. Tendência contrária à da Educação de Jovens e Adultos (EJA) que vem caindo sucessivamente desde 2017.  A matrícula não indica, no entanto, a qualidade do ensino – e outras investigações terão de ser feitas nesse sentido, para compreender a dimensão das perdas causadas pela pandemia. Mas em termos do período em que as escolas fecharam as portas, o Brasil está entre os recordistas mundiais, com média de 279 dias sem aula presencial.

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