PÍLULAS | Planos de saúde interferem na autonomia médica – e na saúde dos pacientes

• Por que países não estão registrando novas variantes de covid • Bolsonaro não poderia ter fechado os olhos ao caso Covaxin • Bolsonaro atenta contra direitos da juventude • Regulamentação da telemedicina • Doenças de outono nas crianças • Greve de Saúde na Finlândia • Palavrões e desinibição •

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Levantamento feito pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Paulista de Medicina (APM), e que ouviu mais de 3 mil profissionais, mostra que 53% dos médicos relatam ter sofrido tentativas de interferências das operadoras para alterar os tratamentos que prescreveram aos pacientes. A situação ocorre às vezes para 40,9% deles, e com frequência para 12,2%. Mais da metade relatou ter tido dificuldade para internar pacientes; 6,7% afirmaram que a situação ocorre com frequência. Ainda 53,1% afirmam sofrer ou já terem sofrido pressão para antecipar a alta de pacientes. Desses, 13,6% disseram que a situação é frequente. A pesquisa também mostra que 80,6% disseram já ter sofrido restrições a exames que solicitam aos pacientes. “Consideramos que os dados encontrados pela pesquisa são gravíssimos. Eles mostram o desrespeito e a violação do trabalho dos médicos, e também o descaso com a saúde dos beneficiários de planos de saúde”, diz o médico César Eduardo Fernandes, presidente da AMB.


Estudo: falta de dados genéticos da covid pode ter fundo político

A omissão de dados do genoma viral pode impedir a busca pela próxima variante da covid. Muitos países não estão compartilhando todos os seus dados, diz estudo publicado na Nature. Os autores sugerem várias razões para isso. Pelo menos uma parte das omissões pode ter fundo político, alerta Nnaemeka Ndodo, bioengenheira molecular do Centro de Controle de Doenças da Nigéria. Os países que compartilham dados, diz ela, geralmente sofrem com isso. Por exemplo, quando pesquisadores da África do Sul e Botsuana identificaram a variante Omicron, em novembro passado, uma série de países fechando suas fronteiras com a região. Túlio de Oliveira, cientista sul-africano (de origem brasileira), já havia feito essa mesma denúncia.


Caso Covaxin: STF mantém inquérito contra Bolsonaro

A Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal pediram o fim da investigação, mas a ministra Rosa Weber negou. Não cabe ao presidente o “direito à letargia”, disse ela: tinha obrigação de prevenir ou agir para interromper o ato criminoso, no caso da compra das vacinas Covaxin. Prevaricou, portanto. O presidente foi avisado pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) de que haveria negociata na compra das vacinas, e não tomou providência. A palavra, agora, cabe ao Ministério Público, aparentemente, visto que, para a ministra, “o Ministério Público é o senhor exclusivo da decisão sobre a existência, ou não, de justa causa para a instauração da persecutio criminis in judicio”.


Na pandemia, atentado de Bolsonaro contra a juventude

Apenas uma pequena parcela das normas de enfrentamento à pandemia do governo federal traça planos e políticas públicas voltadas ao público infanto-juvenil – que, por causa disso, tiveram seus direitos à saúde e educação violados. Essa é a conclusão do dossiê do Instituto Alana e do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (CEPEDISA), antecipado pela Agência Bori, lançado na última quarta-feira, 30/3. O direito à vacinação infantil, previsto em lei pela Constituição Federal e Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi violado pelo governo federal que impediu a celeridade da campanha de vacinação. As ineficiências estão expostas nos números. Dados da Fiocruz indicam que, até o dia 4 de dezembro de 2021, 1.422 crianças e adolescentes morreram em razão da covid-19 – sendo 418 óbitos de crianças com até 1 ano; 208 de 1 a 5 anos e 796 de 6 a 19 anos. Crianças em situação de vulnerabilidade, inseridas na pobreza, adolescentes negros, quilombolas e indígenas residentes em áreas isoladas foram afetadas.


Disputa público-privada no projeto da telemedicina

O Projeto de Lei 1998/2020 que regulamenta a telemedicina no Brasil deve finalmente entrar na pauta da Câmara federal. Apresentado em 2020 pela deputada Adriana Ventura (Novo-SP), o texto está travado por divergências entre parlamentares e entidades do setor. Existe pressa porque a lei estava valendo na emergência pandêmica, que pode acabar em pouco tempo. Há convergência quanto à importância da telemedicina, mas há muita incompatibilidade entre os princípios que devem reger a atenção à saúde: se os da constituição ou os da medicina de negócios. Os debates vão incendiar a Câmara, semana que vem.


As crianças doentes do outono

Na tela inicial do site do Hospital Infantil Sabará, instituição privada que funciona no centro de São Paulo, mensagem alerta que o pronto-socorro só prestará atendimentos “por meio de um plano de contingências, que prioriza crianças com condições clínicas mais graves”. De acordo com os dados do próprio hospital, houve um aumento de casos de síndrome respiratória considerados urgentes em março, com 1.267 pacientes – ainda um número menor do que em janeiro, quando explodiram casos decorrentes da variante ômicron. A procura por atendimentos urgentes também tem sido observada em outros hospitais, e já anunciam a criação de UTIs para atender a demanda do outono – quando, tradicionalmente, ocorre o aumento de casos da doença. O perfil das infecções ainda está sendo estudado, mas especialistas estão relacionando os casos ao retorno da circulação de outros vírus que não a covid.


Milhares de profissionais da saúde vão à greve na Finlândia

Vinte e cinco mil trabalhadores de seis distritos hospitalares lutam contra a escassez aguda de pessoal no setor de serviços sociais e de saúde, e por um aumento de 3,6% além do reajuste salarial anual, pelos próximos cinco anos. Estão representados pelo Sindicato Finlandês de Enfermeiros Práticos e o Sindicato de Profissionais de Saúde e Assistência Social. Ontem, 30/3, um mediador nacional propôs um acordo, mas os sindicatos rejeitaram dizendo que não abordava a principal preocupação deles: a falta de pessoal. Se as reivindicações não forem atendidas em duas semanas, mais 15 mil trabalhadores de saúde, de outros sete distritos hospitalares, se juntarão à greve.


“Se a palavra liberta, o palavrão fortalece”

Uma pesquisa da Universidade Keele, no Reino Unido descobriu que xingar pode aumentar a confiança, a força física e os níveis de comportamento de risco de uma pessoa, tornando-a mais ousada e corajosa. Segundo o Globo, o estudo envolveu dois experimentos, com o objetivo de entender os mecanismos psicológicos pelo qual o linguajar ofensivo pode ser benéfico para realização de tarefas físicas, ou atingir o “estado de desinibição”. “Xingar parece produzir um estado de ‘cognições quentes’, que nos ajuda a minimizar os medos e preocupações diárias. Esse comportamento pode ser benéfico em muitos cenários, como quando você está se exercitando ou lidando com uma situação desafiadora”, descreveu Richard Stephens, pesquisador à frente do estudo.

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