PÍLULAS | Fiocruz produzirá medicamento contra o Parkinson para o SUS

• Medicamento contra covid • Gripe aviária na França • Saúde no Baixo Amazonas • Jovens trans e suicídio • Isolamento social para adolescentes • Autismo mais difícil de ser percebido em garotas •

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A Fiocruz anunciou, na semana passada, que começará a produzir um medicamento para o tratamento da doença de Parkinson utilizado por milhares de brasileiros no SUS. Essa é a nova Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Instituto de Tecnologia em Fármacos Farmanguinhos com a farmacêutica alemã Boehringer Ingelheim. Trata-se do Pramipexol, que já vinha sendo importado há oito anos, em uma parceria mais antiga com a empresa. E tem alta demanda: para 2022, estima-se o uso de 30 milhões de unidades. É mais um passo na autonomia de produção de medicamentos no país, como já aconteceu com outras PDPs para a produção do Cabergolina, indicado para controle da hiperprolactinemia e do antirretroviral genérico do Duplivir.


Dengue vem com força, e cresce 55% no início do ano

Até a 11ª semana epidemiológica deste ano, que acabou em 19 de março, foram registrados 204.159 casos da doença e 43 mortes, contra 131.520 casos e 30 mortes no mesmo período do ano passado. Ricardo Gazzinelli, pesquisador da Fiocruz, afirma que a dengue é uma doença cíclica, e que o baixo número em 2021 pode estar relacionado com a quebra da transmissão do vírus com o isolamento da pandemia. O Centro-Oeste foi o mais afetado, seguido da região Norte, Sudeste e Nordeste, segundo as proporções por habitantes. Só no estado de SP, o número de doenças confirmadas equivale a 20,7% do país; um em cada cinco municípios entrou em alerta de risco de dengue. Segundo o Infodengue, 21,39% das cidades paulistas estavam em quadros epidêmicos até o último dia 15. Segundo Adriano Massuda, sanitarista, é fundamental analisar cada território, identificar as regiões que podem ter nascedouros e fazer a intervenção urbana. “Para isso, é fundamental a atuação das equipes de Saúde da Família. Essa é a grande fragilidade que estamos vivendo no Brasil”, afirma.


Primeiro remédio contra a covid aprovado no SUS

O ministério da Saúde decidiu na última sexta-feira, 1º, incorporar à rede pública o primeiro medicamento com eficácia comprovada para tratamentos contra o vírus, inclusão que já havia sido recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). O Baricitinibe reduz em 38% a mortalidade de pacientes hospitalizados e já é usado contra artrite reumatoide e dermatite atópica em mais de 70 países. Em setembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou seu uso no tratamento de pacientes adultos de covid-19, em casos de internação com necessidade de oxigênio. Ele atua no sistema imunológico reforçando as defesas e bloqueando vias inflamatórias. Quinze países já aprovaram o remédio para uso contra a covid. Na última quarta-feira, 30, a Anvisa aprovou também o uso emergencial do Paxlovid para casos mais leves.


França: surto de gripe aviária e falta de alimentos

Segundo noticiou a Reuters, as principais regiões criadoras das espécies no país enfrentam a maior crise de gripe aviária já ocorrida, e que causou o maior desabastecimento do setor na história. Ela já foi responsável pela morte de mais de 12 milhões de aves, e as autoridades já estão em alerta para a iminente falta de alimentos – além do risco de transmissão para os humanos. Segundo a agência, o vírus H5N1é trazido aos grandes criadores por aves selvagens migratórias. Casos já atingiram toda a União Europeia. Mas, como é comum em março, os casos vêm reduzindo em todo o continente – exceto na França, segundo dados da Organização Mundial de Saúde Animal. Uma primeira onda já havia levado ao abate de cerca de quatro milhões de aves no país, em novembro passado.


As práticas de saúde no Baixo Amazonas

A sessão de artigos acadêmicos do Nexo divulgou a pesquisa desenvolvida por Juliana Fidelis e Luciana Carvalho, publicado no periódico Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, e estudou as técnicas de duas casas de saúde do Baixo Amazonas, no estado do Pará. A Casa Chico Mendes, localizada em Santarém, e a Casa Verde, em Monte Alegre, oferecem tratamentos de baixo custo à população local, que encontra uma pequena oferta de atendimentos tradicionais na região. Segundo as pesquisadoras, essas casas de saúde unem conhecimentos tradicionais e científicos em um sistema que valoriza os saberes e os recursos disponíveis no Baixo Amazonas. Em ambos os casos analisados, percebe-se um protagonismo das mulheres na administração dessas iniciativas. O artigo completo pode ser acessado aqui.


Para prevenir o suicídio entre jovens trans

Estudo publicado no periódico científico médico Jama Network Open em fevereiro deste ano mostra que jovens não binários e transgênero que receberam atendimento de saúde especializado, incluindo tratamento hormonal de afirmação de gênero e bloqueadores de puberdade, tiveram uma redução de 60% de quadros de depressão e 73% nos pensamentos suicidas um ano após o início do atendimento. A pesquisa buscou avaliar o efeito de terapias afirmativas na saúde mental em adolescentes com entre 13 e 20 anos, e ocorreu em Seattle, nos EUA. No início do estudo, mais da metade era diagnosticado com depressão moderada e grave, e metade tinha sintomas de ansiedade; 43% reportaram ideações suicidas autoflagelação. Além do acompanhamento, a introdução da terapia com hormônio em jovens tem um índice de satisfação elevado, segundo o endocrinologista João Guimarães Ferreira, voluntário no Núcleo Trans da Unifesp. O médico reforça como a prevalência de doenças mentais é elevada em pessoas transgêneros, acima da média da população geral.


Na pandemia, a casa nem sempre foi segura para os adolescentes

De acordo com novos estudos dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, nos EUA, as ordens de reclusão causaram muitos transtornos à saúde mental dos jovens. Segundo reportou o New York Times, uma pesquisa nacional com 7.705 estudantes do ensino médio realizada no primeiro semestre de 2021 baseou-se em descobertas anteriores de altos níveis de sofrimento emocional, com 44,2% descrevendo sentimentos persistentes de tristeza ou desesperança; 9% relataram tentativa de suicídio. O relatório também expôs a taxa de abuso: 55% dos entrevistados disseram que sofreram abuso emocional; 11% disseram ter sofrido abuso físico. Motivos de estresse também envolveram o desemprego dos pais (29%) e a insegurança alimentar (24%). Depois que grande parte do país entrou em confinamento, as visitas à emergência por tentativas de suicídio aumentaram 51% para meninas adolescentes no início de 2021 em comparação com o mesmo período de 2019.


Autismo: a camuflagem social para conviver em grupos

Dentro do transtorno do espectro autista (TEA), que possui diversos níveis, uma alteração no desenvolvimento cerebral causa mudanças na maneira como ocorrem as interações. Com um jeito diferente de perceber o mundo, sua atenção ao ambiente não é necessariamente voltada aos estímulos sociais, explica a psiquiatra Mirian Revers Biasão, professora da Escola Internacional de Desenvolvimento (EID). Portanto, as pessoas neurotípicas têm uma forma de aprendizagem distintas daquelas socialmente esperadas, muito baseadas em mimetizar comportamentos em determinados grupos, seja na escola, trabalho e nas relações familiares, mostra uma matéria da BBC. Comportamentos são conhecidos como camuflagem social ou masking. E isso requer mais esforço, podendo desencadear transtornos que resultam do esgotamento do cérebro – e até atrasar o diagnóstico, como no caso das mulheres, que desde cedo são impostas com regras pela sociedade, e se adaptam com mais facilidade que os homens.


O DNA humano agora visto com mais clareza

Na última quinta-feira, 31/3, cientistas publicaram pela primeira vez o sequenciamento completo do genoma humano, oferecendo uma nova promessa em busca de pistas sobre mutações causadoras de doenças e variações genéticas. Desde 2003, faltavam 8% da decodificação do nosso DNA. “A sequência do genoma humano verdadeiramente completa representa uma conquista científica incrível, fornecendo a primeira visão abrangente do nosso projeto de DNA”, Eric Green, Diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano (NHGRI). Além de melhor entender “todas as nuances funcionais do genoma humano” e capacitar estudos genéticos de doenças, fornecem detalhes inéditos sobre a região ao redor do que é chamado centrômero, onde é garantido que cada “célula filha” herde o número adequado de cromossomos.

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