PÍLULAS | Pfizer nega fornecimento de Paxlovid a pesquisadores africanos

• A situação dos supermicróbios no Brasil • Árvores modificadas para conter poluição • CPI da Prevent Senior • Psicodélicos e pesquisa •

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A Pfizer vetou o acesso ao antiviral Paxlovid, usado para tratar a covid, a um grande estudo que está sendo realizado por dez países da África. Trata-se da ANTICOV, pesquisa ampla que busca encontrar tratamentos para a doença em ambientes com poucos recursos. O pedido foi feito no início do ano, mediado pela organização Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi). Requisitava-se suprimentos para utilizar o Paxlovid em mil a dois mil pacientes com covid leve a moderada. A Pfizer informou que não os supriria, pois alegou que já pretende fazer estudo semelhante – mas não se sabe como nem quando iniciará. Em resposta à reportagem da revista Nature, a Pfizer dá a entender que não confia nos pesquisadores africanos: “Estamos comprometidos com estudos clínicos bem controlados e baseados em hipóteses que possam fornecer dados que serão aceitos pelas agências reguladoras globais”.


Estudo inédito da disseminação dos supermicróbios no Brasil

O primeiro estudo genômico de bactérias enterococcus faecium resistentes à vancomicina, recuperadas de estações de tratamento de esgoto no Brasil, foi realizado por três pesquisadores da Fiocruz. Publicado em fevereiro, mostrou a disseminação ambiental de bactérias com perfil de múltipla resistência aos antimicrobianos. A análise busca compreender melhor a resistência dos micróbios, visto a disseminação desse problema e sua relevância na perspectiva da saúde global. O grupo das enterococcus chama a atenção. “Essa bactéria é um patógeno oportunista”, esclarecem Maysa e Kayo, dois dos autores. “Surgiu como um importante agente responsável por infecções hospitalares. Sua disseminação levou a desafios no ambiente hospitalar, dificultando as opções terapêuticas disponíveis para o tratamento de infecções”, disseram.


Vêm aí as árvores especialistas em extrair carbono do ar?

Alguns cientistas estão animados com a ideia de criar árvores capazes de diminuir a quantidade de dióxido de carbono do ar. Mudar a estrutura genética de algumas delas pode aumentar sua capacidade de absorver dióxido de carbono. Essa ideia surgiu depois que perdeu adeptos a estratégia de, simplesmente, plantar mais árvores. As experiências de plantio de árvores se revelaram trabalhosas, caras e, afinal, pouco produtivas. Além disso, existe ineficiência natural no crescimento das árvores – que é o que leva à absorção do carbono. Assim, em 2019, cientistas inseriram novos genes em plantas de tabaco, tornando-as 40% mais produtivas do que suas primas naturais. E em 19 de fevereiro passado, uma edição genética de álamos fez com que crescessem 53% mais depressa que o normal. As experiências estão no início, mas a ideia por enquanto parece boa.


Prevent Senior: CPI quer enquadrar alta cúpula por crimes na pandemia

Relatório final das investigações foi apresentado durante a última sessão nesta segunda-feira, 4/3, na Câmara Municipal de São Paulo, e acusa 20 pessoas por 52 crimes, entre eles, omissão de socorro, crime contra a humanidade e colocar a saúde de terceiros em risco. Na lista de acusados estão os donos da operadora de saúde, os irmãos Fernando e Eduardo Parrillo, o ex-diretor-executivo Pedro Benedito Batista Júnior, além de mais dois nomes da cúpula da empresa. Eduardo, segundo o relatório, deve responder por crime contra humanidade por ter participado do estudo sobre a falsa eficácia da cloroquina no tratamento de pacientes com sintomas de covid. Por terem prescrito “kit covid” e participado do estudo, a CPI também indiciou outros 15 médicos. Paulo Frange (PTB) relator da Comissão, afirma que metade dos 14 hospitais da Prevent Senior em São Paulo está irregular e funciona sob liminar da Justiça. Relatório sobre as investigações será entregue ao Ministério Público.


EUA: Entidades pedem urgência de psicodélicos na saúde mental

Segundo o blog Virada Psicodélica, da Folha, para bater de frente com o consumo cada vez maior de antidepressivos, ONG norte-americana com mais de três dezenas de especialistas lançou estudo para impulsionar o renascimento das drogas alteradoras de consciência para a pesquisa em larga escala. O relatório é uma revisão de mais de 36 mil artigos científicos desde 1950 sobre LSD, psilocibina, DMT da ayahuasca e mescalina de cactos peiote – os chamados psicodélicos “clássicos”, que atuam principalmente nas vias cerebrais do neurotransmissor serotonina. A compilação da Brainfutures, ONG defensora de avanços em ciência, regulamentação e políticas públicas de saúde mental, destaca vários estudos com resultados favoráveis a psicodélicos, entre eles, os que recomendam MDMA contra estresse e psilocibina contra depressão.

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