PÍLULAS | Relatório do IPCC denuncia países ricos por catástrofe climática…

…E os africanos a sofrem • Faltam 240 milhões para serem imunizados nas Américas • Para fortalecer a indústria de saúde • Homenagem ao SUS • Ciência brasileira desfinanciada • Um conselho fake de saúde • Covid e trombose • Micropásticos em humanos •

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Um fato raro: algo de positivo acontecer no campo das mudanças climáticas. Mas aconteceu, diz o jornal The Guardian: o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla inglesa) mostra alguns motivos para esperança. Uma mudança feliz foi o relatório apontar claramente o modo de vida nos países ricos como motivo dos problemas – em vez de dizer, genericamente, que a responsabilidade cabe, por exemplo, ao aumento populacional. O texto “mostra que hoje o norte-americano médio emite 16 toneladas de dióxido de carbono por ano”, escreve o Guardian, “em comparação com apenas 2 toneladas para o africano médio”. E diz também que o consumo dos 10% das famílias mais ricas compreende mais de um terço do total global de gases de efeito estufa. Em comparação com 15% desses gases para os 50% mais pobres das famílias. “Todos os governos agora”, comemora o jornal, “concordam que a crise climática é impulsionada pela forma como os ricos do mundo […] vivem, consomem e investem”.


…mas mudanças climáticas castigam a África – que não as causa

Emergências sanitárias crescem em grande proporção no continente e estão vinculadas à crise climática. Como, por exemplo, frequentes inundações e as enfermidades transmitidas pela água, que causam doenças diarreicas e a morte em milhares de crianças menores de cinco anos. Segundo estudos da OMS, “56% dos 2.121 casos de saúde pública registrados na região africana entre 2001 e 2021 estão relacionados ao clima” – embora o continente seja o que menos contribui para o aquecimento global. 


Ainda não chegaram imunizantes a 240 milhões de americanos

O balanço da vacinação anticovid nas Américas aponta 240 milhões de pessoas que ainda não receberam proteção alguma, contra mais de 685 milhões que já completaram o esquema de vacinação. São os dados mais atuais da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Cinquenta países e territórios já começaram a administrar doses de reforço para prevenir o desenvolvimento de formas graves da doença. Os casos e mortes diminuíram nas Américas. Mas ainda há mais de 620 mil novos casos por semana. E a vacinação também reduz o risco de novas ondas, que podem eclodir tendo em vista o alto número de pessoas não vacinadas na região.


CNS indica necessidade de fortalecer indústria da saúde

Em uma resolução com diretrizes referentes a ações e serviços públicos de saúde, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) estabeleceu a Programação Anual de Saúde, e definiu prioridades para o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Projeto de Lei Orçamentária da União para 2023. A resolução também pediu garantia de recursos para realizar o PNI (Programa Nacional de Imunização) em 2023 e 2024 e considerou necessário retomar a auditoria de contratos e convênios no âmbito do SUS. E em uma indicação importante, mencionou a necessidade de “fortalecer o Complexo Industrial e de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde como vetor estruturante para o desenvolvimento econômico, social e sustentável”.


7 de abril, Dia Mundial da Saúde – e de luta pelo SUS

Graças ao SUS, os brasileiros têm acesso gratuito às vacinas; podem consultar o valor de medicamentos nas farmácias e drogarias; obter quimioterapia e transplantes de órgãos. Por meio da Vigilância Sanitária, o SUS garante a qualidade de alimentos nos supermercados e restaurantes. A água que chega à torneira de casa precisa ter a qualidade estabelecida pelos princípios do sistema público de saúde, o SUS. Cachorros e gatos também se beneficiam do SUS, via Subsecretaria de vigilância, fiscalização sanitária e controle de zoonoses. E assim segue o jornal Brasil de Fato em uma singela e bem pensada reportagem de homenagem ao SUS no Dia Mundial da Saúde.


Governo deixa bolsistas sem reajuste desde 2013

De 2013 a 2022 os bolsistas brasileiros de mestrado e doutorado completaram nove anos sem reajuste. Suas bolsas hoje têm poder de compra um terço menor que em 2013, considerando a inflação acumulada no período. As agências federais brasileiras, Capes e CNPq, pagam por mês R$ 1.500 para mestrado e R$ 2.200 para doutorado. As bolsas sempre foram mesquinhas, mas agora passaram da conta. Para se ter uma ideia, explica a colunista Alicia Kowaltowski, do Nexo, o contrato das bolsas requer dedicação em tempo integral exclusiva, de 40 horas semanais. Como resultado, diz Alicia, espera-se que jovens com ensino superior completo possam, com apenas R$ 1.500 ou R$ 2.200 por mês, cobrir todos os seus custos, sem poder exercer atividades complementares nem mesmo fora de horário comercial.


Sem aval da OMS, “Conselho Mundial de Saúde” espalha fake news sobre vacinas

O site do World Council for Health (Conselho Mundial de Saúde), uma organização não-oficial, tem sido usado como fonte nas redes sociais para embasar conteúdo negacionista contra as vacinas. Um dos posts, que já acumulava mais de 600 compartilhamentos no dia 30 de março, afirmava que a organização havia pedido que as vacinas “experimentais” contra a covid parassem imediatamente de ser aplicadas. Seu site acumula mais de 1.200 compartilhamentos no Facebook, feitos por perfis e páginas que atingem 5,5 milhões de seguidores. A OMS afirma que a rede não tem nenhuma relação ou parceria com a organização. Esse conselho foi criado por um grupo de médicos, todos citados nominalmente no site. Entre eles está o canadense Mark Trozzi, conhecido por ter se posicionado contra os imunizantes para covid.


Estudo: covid aumenta o risco de trombose venosa

Essa ameaça persiste por até três meses depois do contágio, mostrou uma pesquisa sueca. A possibilidade de embolia pulmonar permanece por até seis meses, e a de evento hemorrágico, até dois meses após a infecção. Esses riscos diminuíram: foram maiores na primeira onda da pandemia, bem mais agressiva que as seguintes. Os pesquisadores analisaram informações de mais de um milhão de pessoas infectadas na Suécia, de fevereiro de 2020 a maio de 2021. Outras quatro milhões de pessoas que não tiveram a doença serviram de comparação para fazer os cálculos estatísticos sobre a ocorrência dos problemas de coágulo sanguíneo nos pacientes de covid. Especialmente sobre o tempo: mesmo bem após o contágio persistiam os riscos de eles ocorrerem.


Microplásticos encontrados, pela primeira vez, no interior de pulmões humanos

Um estudo da Escola de Medicina Hull York, no Reino Unido, analisou 13 pacientes e detectou a presença dos poluentes no pulmão de 11 deles. De acordo com o estudo, já se sabia que as pessoas apresentavam essas partículas no corpo por meio de inalação, além de consumi-las nos alimentos e na água. Dois estudos anteriores também já haviam encontrado microplásticos em taxas igualmente altas no tecido pulmonar, obtido durante autópsias. Os trabalhadores expostos a altos níveis do material constantemente desenvolvem doenças nessas regiões do corpo. Os impactos na saúde humana ainda são desconhecidos, mas é sabido que elas podem causar danos às células humanas, segundo evidências em laboratório. “Não esperávamos encontrar esse número de partículas nas regiões inferiores dos pulmões, ou partículas dos tamanhos que encontramos”, conta Laura Sadofsky, da Escola de Medicina Hull York, autora do estudo. No Brasil, um estudo feito em 2021 com amostras de autópsias, encontrou microplásticos em 13 das 20 pessoas analisadas.

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