PÍLULAS | Supermicróbios matam 5 milhões por ano. Como contê-los?

• Uma ideia para a igualdade vacinal • Confirmação da segurança das vacinas • Molnupiravir aceito na OMS • EUA em nova fase do combate à covid • Um problema nos casos graves • Perda de olfato explicada • Queda da vacinação infantil • Vacina única contra gripe e covid • Direito conferido a mulher trans •

.

Líderes mundiais e especialistas anunciaram dia 2/3 o início dos programas de pesquisa e de medidas práticas destinadas a descartar com segurança os resíduos antimicrobianos de alimentos; saúde humana e sistemas de saúde animal; e instalações industriais. Esse lixo favorece o surgimento de supermicróbios resistentes a antibióticos que já são responsáveis por quase 5 milhões de mortes por ano no mundo. Equivalem a uma pandemia. O Grupo de Líderes Globais sobre Resistência Antimicrobiana participou da Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, em Nairóbi e online entre 28/2 e 2/3. Eles consideram a poluição antimicrobiana um dos desafios ambientais mais urgentes do mundo.


Taxar bilionários para financiar vacinação global

“O Brasil precisa escolher quais serão os legados da pandemia de covid-19 para o país”, afirmou o epidemiologista Rômulo Paes de Souza, pesquisador da Fiocruz Minas e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que comenta o relatório “A desigualdade mata”, da Oxfam, em entrevista concedida ao portal Saúde Amanhã, da Fiocruz. Ele observa que a pandemia revelou a iniquidade dos sistemas de saúde: mais de 10 bilhões de doses já foram aplicadas em todo o mundo e menos de 10% das pessoas que vivem em países de baixa renda receberam, ao menos, uma dose da vacina. Ele opinou sobre a ideia de tributar grandes riquezas para promover justiça social. A Oxfam, por exemplo, sugere um imposto de 99%, sobre os dez homens mais ricos do mundo que tiveram lucros decorrentes da covid-19. Esta é uma alternativa viável? Essa proposta é uma provocação, comentou Rômulo. É um modo de fazer uma grande denúncia política sobre como a desigualdade foi acentuada durante a pandemia. “Para uma instituição do porte da Oxfam, é uma proposta muito interessante, porque suscita uma ótima discussão sobre tributação, justiça social, responsabilidade social”. E acrescenta: “O que o relatório quer mostrar é que, dessa forma, seria possível financiar vacinas e meios de vacinação para todos os países, financiar medidas de mitigação das mudanças climáticas, promover a saúde universal e a proteção social e combater a violência de gênero em mais de 80 países. Os dez homens mais ricos do mundo acumularam US$ 8 bilhões durante pandemia”, completa.


O que aprendemos após um ano das vacinas contra a covid

O final de fevereiro marcou o aniversário do primeiro fornecimento de vacinas para o plano Covax – o esquema de aquisição e distribuição de vacinas pela OMS para os países mais vulneráveis – e mais de 14 meses desde a administração da primeira dose. A frase “Nós não conhecemos os efeitos colaterais de longo prazo das vacinas contra a covid-19”, começa a perder sua validade. Foram bilhões de doses aplicadas e raros efeitos graves. Após a aplicação, o que acontece com o seu corpo? Após 15 minutos, uma parcela muito pequena das pessoas sofrerá reação alérgica aos ingredientes inertes da vacina. Após algumas horas, o sistema imunológico entra em ação, e podem ocorrer os efeitos colaterais mais comuns como braço dolorido, febre e outros sintomas leves similares à gripe. Depois de dez dias ocorre a fase adaptativa, em que o corpo bombeia novas células imunológicas e é quando pode acontecer um caso muito raro de efeito colateral, um tipo específico de coágulo sanguíneo. Após 28 dias, é muito improvável qualquer reação adversa.


OMS recomenda o primeiro tratamento oral contra a covid

A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o antiviral molnupiravir, da farmacêutica MSD na lista de medicamentos contra a covid. Ele pode resguardar pacientes que apresentem alto risco de hospitalização, como os não vacinados, os pacientes idosos ou com doenças como diabetes, e os imunossuprimidos. Aqui, a Anvisa ainda não terminou de avaliar o antiviral para autorizar ou não o seu uso. As pílulas devem ser tomadas sob atenção de um cuidador, diz a OMS. Crianças e mulheres grávidas ou lactantes não devem tomá-las. Como se trata de um medicamento novo, recomenda-se monitorar de perto os pacientes por segurança. O molnupiravir é o primeiro medicamento antiviral oral incluído nas diretrizes de tratamento da covid.


Ambicioso plano dos EUA para deixar a covid para trás

O país deve estar preparado para gastar bastante dinheiro – começando com 100 bilhões de dólares no ano que vem, e bilhões a mais depois disso, como escreveu o jornal The New York Times – para dar um passo adiante em termos de enfrentamento a pandemias. A atual e outras que possam vir. “O Congresso tem que pensar nisso como um investimento em biossegurança para o país”, disse o conselheiro da Casa Branca Ezekiel Emanuel. O jornal mencionou que os americanos poderão fazer testes nas farmácias e, se necessário, receberem pílulas antivirais sem custo. O país deverá ser capaz de desenvolver vacinas apenas 100 dias após o surgimento de novas variantes. Pretende criar centros de excelência em toda parte para os pacientes da covid longa. Assegurar proteção adequada para as dezenas de milhares de crianças que perderam pais ou cuidadores para a covid. E providenciar orientação, testes e suprimentos para escolas e empresas para que funcionem sem interrupção em caso de epidemia.


Células protetoras podem “mudar de lado” e agravar a covid

Foi o que revelou uma análise de 55 milhões de células sanguíneas coletadas de 163 pacientes com a forma grave da doença nos EUA. Usando um sofisticado sistema de estudo, os cientistas puseram em destaque o papel das células TH17, uma peça importante do sistema imunológico, usualmente. Mas, vista mais de perto, verificou-se que está associada a um aumento da mortalidade dos pacientes. A pesquisa feita na Universidade Yale criou um método de análise de células que permite prever se um paciente vai ser afetado mais seriamente pela doença ou não. A verificação pode ser feita em poucos minutos, com 83% de taxa de acerto. Como a ação do coronavírus sobre as células ainda é relativamente pouco conhecida, a nova análise deve ajudar muito no tratamento da covid.


O mistério da perda do olfato nos pacientes de covid

Os cientistas estão começando a decifrar os mecanismos biológicos com os quais o coronavírus prejudica a percepção dos odores mesmo sem afetar os neurônios que detectam o cheiro. Os neurônios não têm os receptores que o coronavírus usa para entrar nas células. Logo não são infectados, conclui um estudo recente, reporta o New York Times. Porém, infecta e destrói células auxiliares dos neurônios, enquanto as células imunes inundam a região para combater o vírus. Em seguida, sobrevém uma inflamação – uma reação protetora, em tese – mas que causa estragos nos receptores olfativos na superfície das células nervosas do nariz.


Vacinação infantil em queda livre

Na revista Pesquisa FAPESP, dados preocupantes expõem a urgência de ações para retomar a imunização dos pequenos, tão bem sucedida no passado recente. Desde a crise sanitária, agravou-se a situação. Estudos recentes indicam que a aplicação de alguns imunizantes chegou a ter queda de 65% em alguns estados brasileiros em 2020. No mundo, a diminuição foi de cerca de 30% nos primeiros meses daquele ano, segundo o artigo. De 15 vacinas que deveriam ser aplicadas até o quarto ano de vida, pelo menos nove tiveram índices inferiores aos recomendados pelas autoridades de Saúde.


Vacina única contra covid e influenza

O Instituto Butantan anunciou os primeiros resultados do imunizante que produz anticorpos tanto para o vírus da gripe como contra Sars-CoV-2. Os resultados foram considerados promissores após testagem em animais. Os testes em humanos podem começar em até um ano. A vacina combina compostos da ButanVac, o imunizante da Butantan contra a covid, e da vacina contra influenza, que reage às três cepas do vírus (H1N1, H3N2 e B). A primeira etapa dos estudos para viabilizar o imunizante combinado deu ainda indícios de que a reposta imune contra ambas as doenças pode ser ainda mais duradoura que as vacinas atuais, segundo explicou o pesquisador científico do Centro BioIndustrial do Butantan, Paulo Lee Ho, que participa do estudo. “Os resultados são excelentes porque a gente vê que funciona, e estamos vendo que a resposta está muito melhor porque estamos incluindo um adjuvante, que produz uma proteção muito mais eficaz contra os dois antígenos”. O adjuvante mencionado é o IB160, que é semelhante àqueles usados na vacina contra a gripe sazonal, o que aumenta também a capacidade de produção de doses, afirma Lee Ho.


SUS: Justiça obriga SP a realizar cirurgia plástica em mulher trans

Mulher que passa pela transição desde 2015 e buscava por implante de prótese mamária bilateral de silicone teve o direito negado tanto pela prefeitura quanto pelo governo do estado, que recusaram a realizar o procedimento por “falta de equipamentos habilitados”. Representada pela Defensoria Pública de SP, ela acionou a Justiça. Os defensores argumentaram que, ao inviabilizar o procedimento – um direito garantido pelo Sistema Único de Saúde – o Estado “aprofunda ainda mais a situação de vulnerabilidade da população trans e travesti, na medida em que coloca em risco sua saúde não apenas física, como também psíquica e emocional”. Ao constatar a afronta aos direitos fundamentais e à dignidade, a 3ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de São Paulo condenou o governo estadual e a prefeitura da capital a viabilizar a cirurgia.

Leia Também: