PÍLULAS | Enfermeiros preparam mobilização nacional pelo piso salarial

• Mobilização da enfermagem • Primeira vacina 100% brasileira • ANS à deriva • Transtornos mentais aumentam 11% • Máscaras até quando? • Covid e os imunossuprimidos • Berçário da Mata Atlântica • Pandemia e literatura •

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Entidades da categoria irão a Brasília no dia 8 de março pressionar pela aprovação de seu piso salarial. Aprovada por unanimidade no Senado, em novembro passado, o projeto encontra resistência na câmara dos deputados e entre empresários da saúde. Agora, aguarda análise de um Grupo de Trabalho, que deverá apresentar um novo valor e que pode ser votado na próxima sexta-feira (25). Além da mobilização no DF, a categoria já se prepara para uma paralisação geral. A proposta que hoje está sob análise na Casa é o Projeto de Lei (PL) 2564/2020, de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES). O texto fixa um salário-base de R$ 4.750 para jornada de 30 horas semanais para os enfermeiros. No caso dos técnicos, a quantia seria 70% (R$ 3.325) desse valor e, para os auxiliares de enfermagem e parteiras, a matéria prevê 50% (R$ 2.375). Deputados acham que são salários muito altos. Entidades que defendem a categoria argumentam que há falhas na mensuração do governo. Na pandemia, os profissionais foram ainda mais exigidos, e enfrentaram jornadas extenuantes e más condições.


Fiocruz libera a primeira vacina anticovid nacional

Ótimo augúrio para o desenvolvimento científico, técnico e industrial brasileiro. Como noticiamos no Outra Saúde em 9/2, o imunizante desenvolvido em acordo com a absorção da tecnologia da Oxford, e realizado pela Fiocruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), fizeram as entregas das primeiras doses ontem, ao ministério da Saúde. O primeiro lote já havia sido liberado pelo controle de qualidade no dia 14 de fevereiro. “A liberação das primeiras vacinas [anticovid] 100% nacionais, agora disponíveis para o ministério da Saúde, é um marco da autossuficiência brasileira e do fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde”, destacou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. Ao todo, o ministério comprou 105 milhões de doses da vacina da instituição para este ano, sendo 45 milhões de doses da vacina 100% nacional. Os imunizantes serão entregues conforme cronograma pactuado e demanda estabelecida pela pasta.


Leis burladas e o troca-troca de poderes na ANS

Órgão responsável por fiscalizar o setor de planos de saúde no país, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), atua há quase dois anos com diretores interinos mantidos acima do prazo permitido pela lei, noticiou o UOL. Paulo Rebello, atual presidente da agência, é advogado e ex-chefe de gabinete do líder do governo, Ricardo Barros – acusado de um esquema de compra de vacinas para covid, feitas à CPI da Covid. Hoje, Rebello controla duas das mais importantes diretorias da ANS, diretamente envolvidas por processos como a venda bilionária da carteira de planos da Amil. Outras três estão ocupadas pelos mesmos três servidores há quase dois anos. O Sinagências (sindicato de servidores das agências) contesta o acúmulo de poderes, e denuncia manobra de rotação de cargos, quando o prazo máximo de 180 dias para servidores interinos é atingida; a burla teria aval da Advocacia-Geral da União (AGU), que validou a permanência dos diretores com base na “interpretação da lei”. Cobiças pelos altos cargos na ANS já movimentaram 12 indicações diretas de Bolsonaro; Paulo Rebello é uma delas.


O Brasil dos transtornos mentais e o SUS

Em 2021, o atendimento a pessoas com transtornos pelo uso abusivo de drogas ou dependência alcoólica aumentaram 11%. Segundo o Ministério da Saúde, a rede pública realizou 400,3 mil atendimentos em virtude de transtornos causados pelo consumo de substâncias químicas. Do total de atendimentos, 159,6 mil estão relacionados à bebida. Em seguida, transtornos causados pelo uso de cocaína (31,9 mil) e fumo (18,8 mil). O uso de múltiplas drogas e substâncias psicoativas não listadas individualmente somam 151,3 mil atendimentos. O perfil é predominantemente masculino, entre 25 e 29 anos, seguido das faixas entre 10 e 24 anos, e aqueles com mais de 60 anos. Ainda segundo o blog Saúde Mental, da Folha, “ansiedade” é o assunto mais pesquisado em plataforma de terapia online. Com base nas informações do período de junho de 2020 a junho de 2021, um relatório avaliou dados de 84 mil registros. Além da ansiedade, depressão (6,5%), desenvolvimento pessoal (4,93%), psicologia clínica (3,27%) e saúde mental (2,59%) entram no ranking dos cinco temas mais buscados entre todas as faixas etárias; as mulheres foram quem agendaram mais consultas na plataforma durante o período analisado.


O uso de máscaras persistirá até quando?

À medida que a transmissão da covid segue em queda, países – especialmente na Europa, onde a ômicron avançou  ainda em dezembro e os casos já caíram drasticamente – começam a retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras. Isso ainda não acontece no Brasil, mas já é possível presenciar grande permissividade ao ar livre, em restaurantes e casas noturnas. É seguro deixar de usá-las? Quais as situações mais favoráveis? Um artigo no The New York Times ouviu vários sanitaristas para responder a questão. O primeiro alerta é: não se trata apenas de seus riscos e benefícios individuais, mas para as pessoas ao seu redor. Eles oferecem dicas para analisar situações do dia a dia. Primeiro: avalie a proximidade com pessoas em grupos de risco ou com a imunidade comprometida; se for você uma delas, é bom continuar usando sempre a proteção. Espaços abertos se mostram seguros; mas em eventos, o local mais arriscado é a área em que as pessoas ficam muito próximas de si, em pé, perto do palco. Dentro de estabelecimentos, cabe obedecer a regra da casa; caso seja permitido ficar sem máscaras, a matéria sugere utilizar a analogia do cigarro: se alguém estivesse fumando, o cheiro empestearia o ar rapidamente? Se sim, significa que o vírus também. O mesmo vale para academias. Em escolas, cientistas ainda desaconselham retirar a obrigatoriedade de máscaras, principalmente para que as crianças protejam os adultos próximos.


Após a covid, a pandemia dos imunossuprimidos

Marcante a reportagem da revista The Atlantic sobre as milhões de pessoas que têm o sistema imunológico comprometido, muitas das quais não respondem às vacinas anticovid. E agora se sentem ainda mais abandonadas quando se pensa em eliminar o uso obrigatório de máscaras e certificados de vacinação, que as protegem, e com a reversão de esquemas que as beneficiavam, como condições de trabalho flexíveis. Não é um grupo pequeno, observa a revista, calculando que perto de 3% dos adultos dos EUA tomam medicamentos imunossupressores – correspondendo a 7 milhões de pessoas imunocomprometidas – e isso sem contar outros milhões que têm doenças que prejudicam a imunidade, caso de 450 doenças genéticas, além da aids.


Projeto cria “berçário” de espécies da Mata Atlântica

O Corredor Caipira pretende garantir que a Mata Atlântica ainda estará de pé no futuro, lançando mão de um “banco ativo de germoplasma”. Nesse banco vão ficar guardadas, por assim dizer, as “raízes” das árvores da Mata. O germoplasma representa material genético das espécies, transmitido de geração para geração. O projeto vai preservar e plantar vinte espécies da flora nativa da Mata Atlântica. No total, serão 900 indivíduos para cada uma das 20 espécies, que ocuparão terrenos em forma de corredores conectando fragmentos florestais de 18 municípios do interior de São Paulo. Aí ficarão protegidos e preservados o Angico branco, o Araribá-rosa, o Cedro-rosa, a Copaíba, o Guanandi, o Guarantã, o Guaritá, o Ipê-roxo, o Ipê-felpudo, o Jatobá, o Jacarandá-paulista, a Jaracatiá, a Juçara, o Jequitibá rosa, a Peroba-rosa, o Pau-marfim, o Louro-pardo e a Sucupira.


A pandemia invade a literatura

Mais de dois anos causando uma crise global de saúde, que reformulou a sociedade e a vida cotidiana, a covid vem deixando uma marca inexorável na literatura. Em uma nova safra de livros, autores célebres começam a explorar tais reverberações emocionais e psicológicas. Os romances com temas pandêmicos procuram capturar o efeito corrosivo do isolamento, o tédio e a monotonia criados pela quarentena, tensões no relacionamento e, claro, as perdas. Mas podem também afastar leitores, como afirmou o escritor Tom Bissell, que aconselhou aos romancistas evitar o assunto em um ensaio para o The Los Angeles Times: “Quando você tem uma experiência global horrível na qual milhões de pessoas morreram, o que há para explorar artisticamente além do fato de que foi terrível?”. Mas, dado seu impacto, talvez uma enxurrada de ficção pandêmica seja inevitável. Confira o que está em andamento, as armadilhas narrativas, e os obstáculos criativos ainda neste momento nebuloso e de incerteza, quando o vírus começa a parecer mundano e insuperável.

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