PÍLULAS | Como centralizar o controle de doenças no Brasil

• Como financiar o piso da enfermagem • Ebola no Congo • Mutações genéticas e origens do câncer • Conferência de Saúde Indígena •

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Em artigo publicado na Folha, os especialistas em Saúde Pública Gonzalo Vecina Neto e Pedro R. Barbosa dizem enxergar um grande atraso do país quando se trata do controle unificado de doenças. A falta de coordenação ficou mais clara durante a pandemia. O Brasil possui instituições de pesquisa fortes, como a Fiocruz e o Butantan, além de universidades e sociedades científicas com vasto reconhecimento. Mas não há uma estrutura nacional que as unifique, com vistas a combater futuras epidemias e pandemias. “Necessitamos de sistemas de informações que integrem todos os locais de cuidado/serviços de saúde, públicos e privados; de laboratórios estruturados, integrados nacionalmente para descobrir vírus novos; de um laboratório com alto grau de segurança para lidar com patógenos ou agentes de altíssimo risco. Ampliar a capacidade e velocidade para sequenciamentos de vírus”, escrevem os pesquisadores.


Meios de financiar o piso salarial da enfermagem

A votação da proposta do piso salarial (PL 2564/20) de R$ 4.750 para profissionais da enfermagem (e proporcional para técnicos, auxiliares e parteiras) deve ocorrer no próximo 4 de maio. Será vitória histórica da categoria, que está mobilizada e já conseguiu a aprovação no Senado. Após aprovada a lei, deverão ser votados projetos que definem de onde deverá sair os recursos para financiar o piso – tanto no setor público como no privado. Estima-se um impacto de R$ 16 bilhões. Segundo reportado pelo Conselho Federal de Enfermagem, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), que coordenou grupo de trabalho sobre o impacto financeiro do piso, afirmou que, para as empresas privadas, bastaria retirar as contribuições sociais da folha de salários – que passariam a pagá-las sobre o faturamento. Já para financiar o pagamento dos trabalhadores do sistema público de Saúde, ela estima que os recursos possam sair de uma parcela da arrecadação com a regulamentação dos jogos de azar e também via a tributação com a exploração mineral.


Novo surto de ebola atinge a República Democrática do Congo

Após quatro meses do último surto da doença, novo caso registrado motivou autoridades a declararem, no último sábado (23/4), estado de emergência. A OMS demonstra preocupação, após a infecção de um paciente de 31 anos, na cidade de Mbandaka, que começou a sentir os sintomas no dia 5 de abril. “O tempo não está do nosso lado. A doença surgiu há duas semanas e agora nós estamos correndo atrás”, afirmou Matshidiso Moeti, diretora regional da organização na África. O último surto teve duração de 42 dias. Na ocasião, foram notificados 11 casos (oito confirmados e três prováveis) e seis mortes na província do Kivu Norte. Foi nessa mesma província que ocorreu o surto de 2018, que durou dois anos. Uma campanha de vacinação deve ter início nos próximos dias.


Mais pistas sobre as origens do câncer

Foi publicado na Science, em 21/4, o maior estudo sobre mutações genéticas feito até hoje. Foram vasculhadas 12 mil sequências genéticas em busca de padrões de mutação que podem contribuir diretamente para o desenvolvimento de um câncer. “Uma célula cancerosa individual pode conter centenas de milhares de mutações, às vezes mais de um milhão, mas apenas algumas delas contribuirão diretamente para o desenvolvimento de um tumor”, explica a matéria publicada na revista Nature. A pesquisa precisou desenvolver novas ferramentas analíticas e um algoritmo potente para reconhecer o que os cientistas chamam de “assinaturas mutacionais”. Espera-se que, com os novos dados recolhidos da observação, fique mais simples prever a formação de tumores raros – e desenvolver medicamentos individualizados.


Definida a data da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena

Adiada por causa da pandemia, ela será realizada em Brasília, entre os dias 14 e 18 de novembro deste ano. Entre os objetivos da conferência está a atualização da Política Nacional de Saúde Indígena (Pnaspi), para redefinir as diretrizes e efetivar as particularidades étnicas e culturais no modelo de atenção à saúde dos povos indígenas – fortemente atacados pelo governo Bolsonaro. A etapa nacional é precedida de conferências locais e distritais já realizadas em 2018. Estas conferências elegeram quase dois mil delegados que participarão da etapa nacional. A 6ª CNSI é organizada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). Lideranças indígenas defendem que a Conferência é uma conquista dos povos indígenas, e tem potencial para ser um grande encontro que irá apresentar novos caminhos para a Saúde Indígena.

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