PÍLULAS | Zika vírus: cresce preocupação com possível nova variante

• Vacina intranasal cubana • Piora na qualidade da alimentação de brasileiros • Epidemias em animais • Surtos coletivos • Epidemiologia e escravidão •

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A última emergência médica de um surto de casos que o Brasil registrou foi em 2016. Este ano, o número saltou 31,8% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado. Os números, por enquanto, são um apenas um alerta. Mas cientistas apontam que o surgimento de uma nova variante mais transmissível seria capaz de gerar nova onda de casos da doença, para a qual ainda não há vacina disponível – por isso, é necessário não baixar a guarda e manter a vigilância, afirma. No cenário deste ano, o Nordeste novamente tem sido a região mais afetada: já registrou dois terços do total de casos que ocorreram no país – e um avanço de 62% em relação ao ano passado. “O aumento dos casos de zika faz parte de um fenômeno de todas as arboviroses, incluindo a dengue e a chikungunya. Com o retorno das atividades de rotina e da circulação de doenças, aumenta o risco de transmissão das doenças, porque o vírus é transportado por pessoas”, analisa o professor de Epidemiologia da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic André Ribas Freitas, para o Globo.


Cuba avança com sua candidata a vacina intranasal contra a covid

O país anunciou, na última quinta-feira (28/4), bons resultados da Mambisa, seu primeiro imunizante nasal, afirmando que, nos últimos estudos clínicos, quadruplicou os anticorpos contra o Sars-CoV-2 em mais de 70% dos voluntários no estudo. Guillén Nieto, diretor de Pesquisas Biomédicas do estatal Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), afirmou que os resultados preliminares “mostram que pelo menos 80% dos voluntários atingiram os níveis de resposta imunológica esperados”. Segundo informou o UOL, a Mambisa é o único imunizante cubano obtido por engenharia genética, com “proteína recombinante com mais de 99% de pureza”. Ela, segundo os seus fabricantes, tem a vantagem de ser administrada pelo nariz, bloqueando a principal zona de acesso do vírus.


A pobreza, também na alimentação do brasileiro

Além do aumento do sedentarismo e o alto consumo de ultraprocessados desde o início da pandemia do coronavírus, uma crise alimentar bem mais grave impactou aqueles que perderam seus empregos. Segundo o inquérito telefônico Covitel, da Vital Strategies e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), da pré-pandemia até o primeiro semestre deste ano, o consumo de frutas e legumes caiu 37% entre os desempregados. A taxa de pessoas nesta categoria que comia frutas cinco vezes por semana ou mais recuou de 42,6% para 26,7%. Já a queda no consumo de verduras e legumes entre os que perderam o trabalho teve comportamento parecido: de 44,2% para 27,6%, conta o Estadão. A crise socioeconômica e alta no desemprego ainda se agravam com a explosão dos preços dos alimentos. No primeiro trimestre deste ano, o IBGE registrou 12 milhões de desempregados.


Os riscos das epidemias em animais

O que algumas doenças podem causar em animais silvestres? Uma matéria da revista The Atlantic relatou como uma sarna que atingiu vicunhas (espécie de lhama pequena) afetou a paisagem no Parque Nacional de San Guillermo, região remota do oeste da Argentina. A sarna sarcóptica, que é causada por um ácaro microscópico que se enterra na pele do animal e causa queda da pelagem, começou a dizimar as vicunhas a partir de 2017. A planície que ocupavam, que até então era pelada, passou a ter uma vegetação mais alta – atraindo uma espécie de coelhos. A paisagem modificou-se significativamente, segundo pesquisadores que estudavam a região. Imagina-se que a sarna possa ter chegado às vicunhas a partir de lhamas domésticas da região, que frequentam o local. A matéria explica, ainda, como as epidemias em animais têm dizimado algumas espécies em todo o mundo. É o caso, por exemplo, de um fungo que está matando morcegos norte-americanos, de um câncer contagioso em diabos da tasmânia e uma doença misteriosa em estrelas do mar – que desencadeou um forte aumento de ouriços-do-mar que, por isso, devoraram florestas de algas marinhas.


A história da epidemiologia nos porões da escravidão

Com base nos terríveis registros do comércio de pessoas, bem como nas doenças e mortes que ocorriam nos navios negreiros e nas prisões, o historiador Jim Downs, no livro Maladies of Empire (Doenças do Império, em tradução literal), joga luz em como os médicos no século XIX construíram os primeiros estudos sobre surtos de doenças infecciosas – com relatos que não são mencionados na literatura padrão. A revista Nature conta como essas investigações foram centrais para o surgimento do conceito de saúde pública. Uma burocracia “estabelecida a serviço da guerra, do colonialismo e do imperialismo surgiu como a base para o desenvolvimento da epidemiologia”, afirma o historiador. Um outro objetivo do livro é visibilizar as histórias de pessoas e lutar para que os estudos sobre saúde percam a frieza da mera coleta de números – que por trás, muitas vezes carregam dor e sofrimento. Basta ver como as mortes se tornaram, na mão de muitas autoridades, estatísticas sem rosto na pandemia…


O que explica as estranhas reações psíquicas coletivas

No início de abril, os jornais noticiaram um fato que aconteceu em uma escola de ensino médio no Recife (PE), quando 26 adolescentes apresentaram sintomas tremores, dificuldade de respirar, suor, desmaios e choros simultaneamente. Após atendimento, os sintomas foram amenizados e o problema coletivo foi resolvido. Uma matéria recente reproduzida pela BBC News Brasil tratou de explicar o que acontece nesses momentos em que surtos psicóticos coletivos – chamados também de reação psicogênica de massa – acontecem, algo não tão raro. O ponto central dessas reações em cadeia é o fato de que seres humanos são seres sociais, portanto que se importam, compartilham e se afetam por sentimentos daqueles ao seu redor. Adolescentes são alvo mais comum desses fenômenos, por serem naturalmente mais influenciáveis pelo ambiente. Mas pode acontecer em diversas situações – como a “coreomania” que aconteceu durante a Idade Média na Europa, quando um grupo de dezenas de pessoas começou a dançar descontroladamente, sem conseguir parar.

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