Pesquisadores em defesa dos profissionais de saúde

Comportamento atrabiliário, desnorteado e irresponsável do governo pode ter efeitos desastrosos sobre os trabalhadores que enfrentam diretamente a pandemia, aponta artigo publicado pela Escola Nacional de Saúde Sergio Arouca, da Fiocruz

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O artigo “A pandemia prolongada e os trabalhadores da saúde no front: uma encruzilhada perigosa” lança uma importante campanha pela proteção dos trabalhadores da saúde. Seus autores sabem do que estão falando: representam a equipe responsável pela pesquisa “Condições de Trabalho dos profissionais de saúde no contexto da Covid-19 no Brasil”. Alguns deles relataram na imprensa alguns dados sobre como a pandemia afetou esses profissionais, até fevereiro de 2021: 1.292 morreram, sendo 622 médicos e médicas, 200 enfermeiros e enfermeiras e 470 auxiliares e técnicos.

O atual comportamento do governo gera muita apreensão sobre as condições de trabalho e de vida desses profissionais. E o artigo relembra que o sistema brasileiro de saúde, o SUS, reúne mais de 200 mil estabelecimentos de saúde, ambulatoriais ou hospitalares. Conta com mais de 430 mil leitos e emprega diretamente mais de 3,5 milhões de trabalhadores, entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, odontólogos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e muitos outros.

A despeito de um desempenho excepcional, contendo a multiplicação das mortes em 2021, o artigo em sua defesa, publicado na página da Fiocruz, ressalta que esses profissionais enfrentaram um ambiente de dor, sofrimento e tristeza, esgotamento físico e mental. “O medo da contaminação e da morte iminente acompanham seu dia-a-dia”. Vivem sob risco de “perda de direitos trabalhistas, terceirizações, desemprego, perda de renda, salários baixos”.

Todas essas questões, dizem os autores, e outras constante do artigo voltam-se contra o desgoverno persistente. “Orientam o caminho a seguir: o necessário alinhamento com as instituições públicas, entidades científicas e sindicais, e a outros pesquisadores que já se pronunciaram em defesa da vida, da ciência e das vacinas para todos. Tudo isto deve se realizar com o devido respeito e adequada proteção aos trabalhadores da saúde”.

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