Pesquisa expõe dados da abrangência do Samu – e suas falhas

• Hipertensão em mulheres • Pré-natal em indígenas do MS • Gripe aviária na Argentina • Aumento de expectativa de vida na África Subsaariana •

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Dados sobre a abrangência do Samu

Após quase vinte anos de atividade, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi objeto de pesquisa pela primeira vez, segundo matéria da revista Pesquisa Fapesp. A enfermeira Marisa Malvestio, pesquisadora do Programa de Pós-doutorado da Escola de Enfermagem da USP, realizou um levantamento sobre o serviço, mostrando que, apesar de estar presente em 67,3% dos municípios brasileiros e atender 85% da população, há ainda desigualdade em sua operação. Os números registrados chamam a atenção: em 2019, o Samu recebeu mais de 19 milhões de ligações telefônicas e realizou cerca de 4,3 milhões de atendimentos, incluindo ambulâncias, UTIs móveis, helicópteros, embarcações e motocicletas. No entanto, existem lugares sem nenhum suporte ou onde há poucas ambulâncias disponíveis, compartilhadas por vários municípios. Em 2019, havia 1.820 cidades sem acesso ao serviço, principalmente na região Norte. O estudo também mostrou que, apesar de haver um aumento de mais de 5% na cobertura entre 2015 e 2019, ainda há falta de recursos humanos para a operação dos 3.648 veículos disponíveis.

Hipertensão em mulheres

Um relatório do Observatório da Saúde Cardiovascular do Instituto Nacional de Cardiologia vinculado ao ministério da Saúde aponta um aumento alarmante de 41% no número de mortes de mulheres por hipertensão arterial no Brasil entre 2019 e 2021 – e sua ligação com a pandemia de covid-19. A pesquisa revela que a doença tornou-se a quinta causa de mortes mais frequente entre as mulheres em 2020 e 2021, superando o câncer de mama e o acidente vascular cerebral. Além disso, a mortalidade acelerou nos últimos dois anos, possivelmente devido à dificuldade de acesso aos profissionais de saúde e ao tratamento durante a pandemia. De acordo com o médico Bernardo Rangel Tura, pesquisador do observatório, o SUS possui tratamentos eficazes para a hipertensão, mas a modificação na priorização dos gastos durante a pandemia dificultou o acesso aos medicamentos.

Pesquisa da Fiocruz revela baixa assistência pré-natal a indígenas no MS

A Fiocruz divulgou uma pesquisa que mostra a baixa assistência pré-natal de mulheres indígenas no estado do Mato Grosso do Sul. O estudo avaliou a cobertura e qualidade da Atenção ao Pré-natal e Parto ofertada às mulheres indígenas em 10 municípios do estado. A maioria das mulheres indígenas que participaram da pesquisa era das etnias Guarani e Kaiowá e Terena, residia em aldeias e fez pré-natal em Unidades Básicas de Saúde Indígena. Cerca de metade das mulheres recebeu sete ou mais consultas de pré-natal, mas 11,3% não tiveram nenhuma ou de uma a três consultas, e isso pode potencializar complicações para a saúde materna infantil. Em relação ao parto, 75,7% realizaram parto normal e 24,3%, cesárea – ainda muito acima do recomendado pela comunidade médica internacional para este tipo de parto, que é de até 15%. O estudo aponta para a necessidade de uma Linha de cuidado à gestante e puérpera indígena. Os resultados serão discutidos com as comunidades indígenas e as entidades que prestam assistência à saúde para propor a criação de políticas públicas.

Gripe aviária chega à Argentina

Mais de 200 mil frangos morreram em estabelecimentos de Río Negro e Mar del Plata devido à gripe aviária na Argentina, segundo informações do jornal El Clarin. Um estabelecimento avícola em Mainqué, Río Negro, teve a morte de 200 mil aves, e mais de 20 mil foram afetadas pelo vírus em uma granja avícola de Mar del Plata. A gripe aviária foi detectada esta semana em três casos, dois em aves de granjas comerciais e um em aves de traspatio. O país perdeu seu status temporário de “livre de gripe aviária” e suspendeu temporariamente a exportação de produtos avícolas. O governo destacou que a produção avícola para o consumo interno continuará normalmente, já que o vírus não é transmitido pelo consumo de carne de frango e ovos. A gripe aviária é causada pelo vírus Influenza A, que é altamente contagioso entre aves, principalmente aquelas criadas em condições insalubres e superlotadas. Na produção intensiva de frangos, em que um grande número de animais é criado em espaços confinados, há um maior risco de surtos de doenças. 

África: HIV e malária em queda, doenças não-transmissíveis em alta…

Países da África Subsaariana, com seu grande esforço para conter doenças transmissíveis como HIV e malária, conseguiram aumentar a expectativa de vida de sua população em dez anos – índice mais alto que em qualquer outra parte do mundo. Mas os governos não estavam preparados para o que viria a seguir: males como diabetes e hipertensão estão aumentando e já são responsáveis por metade da ocupação de leitos hospitalares no Quênia. A falta de consciência do público sobre essas doenças e o baixo índice de diagnósticos agravam o problema, o que faz com que muitas pessoas afetadas nem sequer saibam o que têm. Diferentemente do HIV, doença cujos medicamentos e cuidados necessários geralmente são disponibilizados gratuitamente e subsidiados por doadores internacionais, os tratamentos para diabetes ou hipertensão, em geral, representam despesas diretas para as famílias e podem ser excessivamente caros.

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