Chile: trabalhadoras da saúde vão às ruas exigir melhores condições

• Greve feminista de profissionais de saúde no Chile • Mulheres e ciência no Brasil • Bolsa Família e a proteção contra mortes maternas • Silvio Almeida defende descriminalização de drogas • O custo trilionário do câncer • Vacina brasileira contra câncer de útero •

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Neste 8 de março, profissionais da saúde ocupam as ruas do Chile para pedir por melhores condições de trabalho, em um país onde 75% dos profissionais que ocupam postos de trabalho no sistema de saúde público são mulheres. Atualmente, os salários variam entre R$ 2700 e R$ 2800 para auxiliares e técnicos de enfermagem e funcionários administrativos. Além da baixa remuneração, as trabalhadoras denunciam longas jornadas de trabalho que impedem a convivência familiar e social. Karen Palma, presidente do Fenats Nacional, associação representativa de profissionais da saúde pública, afirmou que “as condições de trabalho das mulheres no setor de saúde são precárias e deve ser uma tarefa urgente melhorar sua qualidade de vida”, com a incorporação de elementos como segurança nos seus locais de trabalho, proteção trabalhista e cobertura dos cuidados com os filhos e “sobretudo a melhoria de salários que permitam melhores condições de vida”. 

Mulheres são maioria na pós-graduação, mas ocupam poucos cargos de docência

Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), 54,2% dos matriculados nos cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados) são do gênero feminino, assim como 58% dos beneficiários de bolsas. Contudo, a presença de mulheres nos cargos de docência das universidades brasileiras não acompanha esses números. Um comparativo feito pelo Laboratório de Estudos sobre Educação Superior (LEES) da Unicamp mostra que, enquanto 51% dos títulos de doutorado entre 1996 e 2014 foram obtidos por elas, o número de mulheres docentes nas universidades cresceu apenas 1%, de 44,5% para 45,5%. O fenômeno é chamado de “efeito tesoura”, devido ao desenho formado quando os dados são postos no gráfico. Especialistas apontam que o cenário está relacionado à parentalidade – que, devido a desigualdade de gênero, acaba por afetar mais as mulheres – e situações de assédio.

Bolsa família gera fator de proteção de 31% para mortes maternas

Um estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Fiocruz Bahia) apontou uma taxa geral de proteção para morte materna de 18% em mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família, programa social criado pelo governo Lula. A pesquisa foi publicada no Journal of the American Medical Association (Jama) Network e indica que a política tem um papel crucial na saúde materna-infantil no Brasil. Através do cruzamento de dados do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc) com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), a pesquisa analisou que, entre 2004 e 2015, mais de 7,9 milhões de mulheres tiveram um parto; dessas, 4.056 foram a óbito. A partir do uso de estratégias estatísticas de cruzamentos de dados, a pesquisa concluiu que quanto maior o tempo de recebimento do auxílio, maior a proteção – com taxas de até 31% quando o benefício se deu por tempo maior ou igual a nove anos antes até a gestação.

Silvio Almeida quer descriminalização de drogas: “questão de saúde pública”

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania defendeu, em entrevista à BBC Brasil, que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue uma ação que está parada desde 2015, que analisa a descriminalização das drogas. Almeida lembrou que a questão é delicada e urgente para o Brasil que, de acordo com dados de junho de 2022 elaborados pelo ministério da Justiça, tem uma população carcerária de aproximadamente 837 mil pessoas. “Temos que tratar isso como uma questão de saúde pública, como uma questão que não se resolve por meio do encarceramento, com prisão e com punição”, afirmou o ministro. Estudos já comprovaram que a atual lei das drogas gerou uma explosão no número de pessoas encarceradas. O sociólogo também defendeu a descriminalização do aborto, afirmando que as mulheres “devem ser livres para decidir sobre isso” por serem mais afetadas pela “falta de políticas da saúde”.

Câncer custará US$ 25 trilhões ao mundo nos próximos 30 anos

Segundo um estudo publicado no JAMA Oncology em fevereiro, o custo total do câncer para a economia global chegará a 25,2 trilhões de dólares até 2050. A análise levou em conta 29 tipos da doença em 204 países, e 5 tipos de câncer serão responsáveis, juntos, pela metade desse custo: o de traqueia, brônquios, pulmão, cólon e reto, mama, fígado e leucemia. Os especialistas lembram que, além do custo do tratamento, os diagnósticos afetam a economia também por forçarem as pessoas a se afastarem do trabalho e investirem a maior parte de suas rendas no tratamento – no caso, quando utilizam o sistema privado de saúde. O aumento da demanda financeira pela doença está ligada ao aumento dos casos nos últimos anos e os baixos investimentos em pesquisa e prevenção. Embora três quartos das mortes causadas por câncer ocorram em países pobres e em desenvolvimento, o estudo constatou que mais da metade do custo global do câncer ocorrerá em países de alta renda, com a China e os Estados Unidos arcando com os maiores encargos . Isso se deve em parte às suas grandes populações e, no caso dos EUA,  ao alto custo dos cuidados em saúde privatizada. 

Câncer causado por HPV tem candidata a vacina

Um estudo publicado na revista Science Translational Medicine divulgou resultados positivos de testes efetuados em animais da vacina terapêutica que utiliza tecnologia de RNA mensageiro e tem como objetivo combater tumores causados pela infecção crônica por HPV. O vírus do papiloma humano é transmitido por contato sexual e está diretamente relacionado ao câncer de colo do útero e reto. A potencial vacina foi elaborada em uma parceria entre pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e não impede a infecção pelo vírus – mas pode ser capaz de tratar tumores provocados pelo microrganismo, através do estímulo do sistema imunológico para eliminar células doentes. Nos testes em camundongos, uma única dose foi suficiente para livrar os animais de tumores localizados em diferentes regiões do corpo e até em estágios avançados de desenvolvimento.

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