OPAS: Priorizar saúde de crianças e adolescentes nas Américas
• A preocupante situação de saúde de crianças americanas • Evacuação de hospitais em Gaza, “única alternativa à morte” • Argentina sem ciência • Sorotipo 3 da dengue em SP • Atraso no antitabagismo • Anvisa não é obrigada •
Publicado 23/11/2023 às 13:02 - Atualizado 23/11/2023 às 13:12
Em 2022, 4 a cada 100 meninas de 15 a 18 anos nas Américas deram à luz. Além disso, 13 a cada mil crianças nascidas no continente ainda morrem antes de chegar aos cinco anos. Na visão de Jarbas Barbosa, por sua gravidade, “esses números não são meras estatísticas, são chamados urgentes à ação”. O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) afirmou em evento do periódico The Lancet que, depois do impacto da covid-19 na região, é preciso priorizar a saúde das crianças e adolescentes – a pandemia dificultou amplamente o acesso ao cuidado a esse segmento. O sanitarista brasileiro também frisou que é preciso que esses esforços priorizem a equidade. Para dar cabo a essa orientação, ele defendeu que é necessário “maior investimento em sistemas de saúde baseados na atenção primária que priorizem e contribuam ativamente para os resultados de saúde nessa fase crucial”.
OMS apoiará a evacuação de 3 hospitais em Gaza
Uma porta-voz confirmou a agências internacionais que a OMS está trabalhando para evacuar 3 hospitais da Faixa de Gaza, após funcionários desses equipamentos de saúde contactarem a organização solicitando apoio urgente. O plano esbarra em um problema prático: para onde evacuar, se nenhum lugar está a salvo dos bombardeios israelenses? Mesmo assim, a OMS pretende levar adiante a transferência, já que, para chegar ao ponto de solicitá-la, os trabalhadores da saúde devem estar em uma situação tão dura que essa se tornou “a única alternativa que eles vêem à morte certa, já que os hospitais estão sob ataque”, diz a porta-voz. Desde o início da guerra, Israel transformou as instalações de saúde em um de seus principais alvos. Mas as formas de degradar os palestinos são múltiplas: segundo um representante do Programa Alimentar Mundial, há mais de uma semana nenhuma garrafa de água entra em Gaza – os refugiados, que já chegam a quase metade da população, correm grande risco de desidratação.
Pesquisadores argentinos: “Nos tornaremos um país sem ciência”
A vitória maiúscula do ultraliberal Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina no último domingo foi recebida com consternação pelos pesquisadores e cientistas do país. O candidato eleito quer acabar com ministérios como Saúde, Educação, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia – mas tem mais. Em sua campanha, o economista prometeu fechar o CONICET, prestigiosa agência de fomento à pesquisa da Argentina que muitos consideram a mais relevante da América Latina. Atualmente, seu orçamento anual gira em torno de US$400 milhões. “Nos tornaremos um país sem ciência”, resume uma pesquisadora entrevistada pela Science. “O próximo período exigirá uma defesa da importância do investimento público em ciência”, opinou outro cientista.
Subtipo da dengue reaparece em SP
A volta do sorotipo 3 da dengue a São Paulo se tornou mais uma preocupação para gestores de saúde pública, já que há 15 anos ele não era encontrado no estado. No último mês, quatro casos desse subtipo da arbovirose já foram confirmados na cidade interiorana de Votuporanga e a secretaria municipal de saúde segue monitorando mais casos suspeitos. Hoje, predominam no Brasil os sorotipos 1 e 2 da infecção viral, e a disseminação de uma nova variante dificulta que a população esteja protegida. Ao se recuperar da dengue, o paciente adquire imunidade apenas contra o subtipo que lhe causou a doença – com mais “variações” em circulação, aumenta a probabilidade de infecção por um sorotipo para o qual não se está protegido. A reinfecção por dengue tende a ser mais dura. Como de costume, as mudanças climáticas potencializam o problema: “tivemos, por conta do El Niño, dias mais quentes e o verão quente e chuvoso irá potencializar esse cenário” de alastramento da doença, afirmou um especialista a O Globo.
Covid desacelerou progressos contra o tabagismo, diz relatório
Pela primeira vez em doze anos, a luta contra o tabaco sofreu uma redução de ritmo, aponta um relatório internacional noticiado pela Reuters – e a pandemia da covid-19 parece ter sido a principal responsável. Durante a emergência global de saúde, diz a análise do Global Tobacco Control Progress Hub, os governos do mundo tiveram suas atenções redirecionadas para o combate ao coronavírus. Com isso, poucas das medidas de combate ao tabagismo previstas pela Convenção-Quadro de Controle do Tabaco e recomendadas pela OMS foram implementadas. No período, dois terços dos países registraram estagnação ou retrocesso em sua implantação das medidas e apenas um terço avançou. O sudeste da Ásia e a região leste do Mediterrâneo foram as regiões com maiores retrocessos. Os autores do documento alertam que a falta de prioridade para o combate ao tabaco pode ter “consequências trágicas para milhões de pessoas”.
Anvisa não é obrigada a apresentar estudos que comprovem ineficácia de remédio
Uma farmacêutica entrou com recurso na Justiça contra o cancelamento do registro de dois de seus medicamentos pela Anvisa, questionando a ausência de um estudo que comprovasse a ineficácia alegada pelo órgão. Na sentença, o TRF-1 definiu que a atuação da autarquia foi legítima – “o laudo da perícia realizada nos autos concluiu de forma clara e objetiva pela ineficácia e falta de dados empíricos favoráveis” ao remédio, diz a decisão, frisando ainda que “há suspeita científica da nocividade” de seu princípio ativo. Com a decisão, a Anvisa não deixa de dever apresentar “a razão fundamentada de suas suspeitas” em torno da eficácia do produto. Porém, não é obrigada a basear-se especificamente em estudo clínico publicado em revista científica para fundamentar o cancelamento de um registro, explica o JOTA.