Bilionários, os maiores culpados pela crise climática

• Bilionários poluem muito mais • Será possível frear aquecimento? • Bayer indenizará agricultores por glifosato • Saúde digital: risco no Reino Unido • COP do Tabaco adiada; indústria comemora • Disparidades na saúde de pessoas negras •

Jeff Bezos, fundador da Amazon e um dos três homens mais ricos do mundo, e sua namorada Lauren Sanchez, diante do Taj Mahal, em 2020. Créditos: AFP
.

Um relatório publicado pela Oxfam dias antes da Conferência do Clima, a COP-28, trata das emissões de carbono pelos chamados ultra-ricos. O 1% não acumula apenas riqueza obscena, mas também é o maior responsável pela poluição do ar, revela o relatório “Igualdade climática: um planeta para os 99%”. Para começar, o Norte Global produziu 92% do excesso de emissões de carbono, devido a seu passado colonial. Para além da questão histórica, há o problema da concentração do poder nas mãos dos poluidores: segundo o relatório, membros do congresso norte-americano (aqueles que deveriam legislar para diminuir os impactos da crise climática) possuem cerca de 93 milhões de dólares em ações na indústria de combustíveis fósseis. O mesmo acontece com políticos da União Europeia, do Reino Unido e da Austrália – para não falar da poderosa bancada ruralista brasileira, a maior frente parlamentar do Congresso Nacional. Eles são alguns dos responsáveis por bloquear as mudanças necessárias. Mas há outros indivíduos também altamente tóxicos: os bilionários. Segundo estudo da Oxfam, os 12 homens mais ricos do mundo (entre eles Bill Gates e Elon Musk) têm enorme papel na poluição do planeta – seja por seu consumo pessoal nababesco ou por seus investimentos em empresas altamente contaminadoras. Enquanto isso, os pobres são os mais atingidos: mais de 91% das mortes causadas por catástrofes climáticas ocorrem em países em desenvolvimento…

7 gráficos para entender os desafios do aquecimento global

Às vésperas da COP-28, a revista Nature lançou a pergunta: é tarde demais para manter o aquecimento da terra em apenas 1,5°C neste século? Em sete gráficos, a dura realidade é exposta. Embora ainda seja sim possível interromper as mudanças climáticas para evitar uma catástrofe ainda maior, haverá grandes dificuldades. Um dos gráficos é bem claro em retratar como a postergação de governos nos deixou em uma situação muito pior: caso medidas tivessem sido tomadas já em 1992, com o Acordo de Paris, teríamos uma janela de quase cem anos para eliminar as emissões de carbono. Como os governantes teimaram em ficar de braços cruzados, agora temos menos de dez anos para fazê-lo – algo virtualmente impossível. Seria preciso, também, que se apostasse em políticas de “emissão negativa”, para retirar carbono da atmosfera, mostra outro gráfico. Mas há pequenas esperanças: uma delas é a de que as emissões de combustíveis devem começar a cair em alguns anos, graças aos tímidos investimentos que já estão sendo feitos. Energia solar e eólica são apontadas como essenciais para reduzir as emissões. Nesse sentido, embora os países do Norte Global já estejam conseguindo frear o consumo de carbono, é a China que impulsiona a “revolução energética”, afirma a revista – o país está fazendo investimentos pesados em energia solar, e sua indústria permitiu que o preço dos painéis solares caísse, dando um impulso a mais na transição energética.

Agrotóxico da Bayer adoece agricultores norte-americanos

A multinacional Bayer enfrentou sua quarta derrota consecutiva ao ser condenada a pagar 1,56 bilhão de dólares a quatro indivíduos prejudicados pelo herbicida Roundup – a marca comercial do glifosato. Eles foram diagnosticados com linfoma não Hodgkin, que alegam ter sido causado pelo uso do agrotóxico em suas plantações. A queda de quase 19% nas ações da Bayer após o veredicto evidencia a gravidade da situação. Enquanto a empresa reitera a segurança do herbicida com base em estudos, a crescente quantidade de processos e a associação do glifosato ao câncer, conforme indicado pela OMS, levantam questionamentos sérios sobre a conduta da Bayer e a transparência em relação aos riscos associados ao seu produto

Reino Unido entrega seus dados de saúde a empresa perigosa

A maior contratação de serviços de tecnologia da informação na história do NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido, foi concedida à controversa empresa de tecnologia norte-americana Palantir. Os valores são de 330 milhões de libras (mais de 2 bilhões de reais) por sete anos. Trata-se de uma empresa de tecnologia em segurança e espionagem, financiada pela CIA desde sua fundação, cujos sistemas servem a governos como o de Israel em sua política de controle dos territórios e populações palestinos. Seu dono é o “capitalista militante” Peter Thiel, bilionário do Vale do Silício que deseja emancipar os empresários da exploração pelos trabalhadores. Além de ser apoiador de Donald Trump, ele já alegou que o sistema de saúde britânico adoece a população. O contrato visa criar uma “plataforma de dados federada” para ajudar os hospitais do NHS a gerenciar dados, conectar informações e melhorar o atendimento e os tempos de espera.

Conferência do Tabaco é adiada por questões políticas

A décima Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP 10), programada para ocorrer no Panamá de 20 a 25 de novembro, foi adiada para o início de 2024 (ainda sem data marcada) devido a uma crise política no país relacionada à renovação de contrato, sem transparência, com uma mineradora canadense. Além da instabilidade política, o custo do evento, orçado em 5 milhões de dólares, e desentendimentos com o Consórcio COP-10 também foram citados como razões para o adiamento. A indústria do tabaco e seus aliados, incluindo representantes do Rio Grande do Sul, maior estado produtor de fumo no Brasil, comemoram a prorrogação, destacando a oportunidade de influenciar as discussões sobre dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs). Enquanto a indústria pressiona ministérios para não se posicionarem contra a liberação desses dispositivos, a sociedade civil lamenta o adiamento, buscando preservar a liderança e competência do Brasil na conferência e abordar questões críticas, como o aumento do consumo de cigarros eletrônicos por adolescentes.

Consciência Negra: a disparidade na saúde

O Ministério da Saúde revelou, ao expor dados de 2010 a 2020, que a saúde da população negra no país apresenta índices piores em comparação com a população em geral. A análise inclui elevadas taxas de mortalidade materna e infantil, maior prevalência de doenças crônicas e infecciosas, piores indicadores de violência, acesso precário a serviços de saúde e desafios alimentares. A existência da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, criada em 2009, reconhece o papel do racismo institucional na determinação dessas disparidades, mas não tem conseguido ir além. O acesso desigual aos serviços de saúde, inclusive no setor privado, é mencionado como um dos fatores para ampliar as desigualdades. As infecções sexualmente transmissíveis também são um problema, e barreiras como estigma e racismo dificultam a busca por tratamento, resultando em uma circulação aumentada de doenças. A falta de ações específicas e diferenças na qualidade do atendimento são apontadas por entrevistados para matéria da Folha, levantando a necessidade de políticas públicas direcionadas para melhorar o acesso e a qualidade dos serviços de saúde para a população negra.

Leia Também: