Como ensinar o passado nazista da medicina?

• Ensinar sobre nazismo fará bem às escolas de medicina • Mais doenças em Gaza • Estratégia para combater a diabetes no NHS • Taxar bebidas açucaradas dá certo • Cobertura para tratamentos de câncer • Infestação de besouros no Piauí •

Foto: BBC
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De que forma a educação médica pode confrontar criticamente os alunos com o histórico da profissão? Um relatório da revista The Lancet traz uma instigante sugestão: que “todos os estudantes da área da Saúde em todo o mundo aprendam sobre a história da medicina durante o regime nazista”. Seus autores afirmaram à Science que a introdução do tema nos currículos ajudaria a discutir problemáticas como abuso das prerrogativas do médico, a objetificação de pacientes e a tentação de abandonar a ética da medicina por razões ideológicas ou oportunistas. O documento ressalta o dado historiográfico de que, durante o reinado da extrema-direita na Alemanha entre 1933 e 1945, mais da metade dos médicos do país se filiaram ao partido de Adolf Hitler. No período, a classe também colaborou com diversos crimes contra a humanidade: experimentos médicos em pessoas vivas, esterilizações forçadas, “eutanásia” de pessoas com transtornos mentais e, claro, o assassinato de milhões de judeus, ciganos, comunistas e outros inimigos do regime.

Doenças respiratórias se alastram em Gaza

O massacre perpetrado por Israel contra o povo palestino gera múltiplas emergências de saúde – a mortandade em massa, que já chega a 11 mil vítimas só na Faixa de Gaza, é apenas a mais cruel delas. Este boletim já noticiou o aumento vertiginoso dos casos de diarreia no enclave, ligado à destruição de sua infraestrutura sanitária. Agora, a Organização Mundial da Saúde acredita que a chegada da temporada de chuvas poderá alastrar ainda mais doenças na Palestina. O risco de alagamentos amplia a probabilidade de que o sistema de esgoto de Gaza transborde, espalhando vetores de diversas infecções. A falta de gasolina na região, decorrente do cerco promovido pelo exército sionista, já levou ao fechamento de praticamente todas as estações de tratamento da água, o que eleva a chance de sua contaminação. Hoje, mais de 800 mil dos 2 milhões de habitantes de Gaza sobrevivem em condições precárias nos abrigos superlotados da ONU – vulneráveis não só a doenças, como aos incessantes bombardeios israelenses.

Como o Reino Unido combate a diabetes

O Programa de Prevenção da Diabetes do NHS, sistema público de saúde do Reino Unido, está tendo êxito em promover a perda de peso e reduzir os níveis de açúcar no sangue de seus mais de 2 milhões de participantes, sugere um estudo publicado na revista Nature. As mudanças de hábitos estimuladas pelo programa, que levaram aos resultados descritos, são vistas como essenciais para reduzir a incidência da doença crônica. A pesquisa indica, porém, que há grandes clivagens nos números – os benefícios parecem ter sido “mais pronunciados entre os homens do que entre as mulheres”. Além disso, os trabalhos sofreram com problemas de comparecimento: apenas um terço dos britânicos indicados para o programa efetivamente se inscreveram, e menos ainda o completaram. Os pesquisadores que conduziram a investigação ressaltam que a prevenção “é só uma peça do quebra-cabeça, que deve ser complementada com outras ações de saúde pública”.

Porque tributar o açúcar em excesso

Taxar as bebidas açucaradas é um método eficaz para mitigar seus efeitos sobre a saúde da população. Um exemplo que vem do Reino Unido foi noticiado pelo The Guardian:  análise interna do National Health Service (NHS) identificou que, desde a introdução da sugar tax (em português, “imposto do açúcar”) sobre as bebidas no país, em abril de 2018, caiu em 12% o número de crianças britânicas que tiveram que extrair dentes tomados pelas cáries. São 5,6 mil extrações a menos por ano. Com o êxito da medida, a Associação de Dentistas Britânicos pede que o governo estenda a tributação a produtos como doces, biscoitos e cereais. “Isso não aumentará o custo de vida. Como não agem voluntariamente, o governo deve forçar a indústria a cortar o açúcar” dos alimentos, diz o presidente da associação.

Planos de saúde terão que cobrir novos tratamentos de câncer

Duas novidades na última semana ampliaram a lista de tratamentos oncológicos que devem ser cobertos pela saúde suplementar no Brasil. O Tribunal de Justiça de São Paulo, segundo a JOTA, orientou um plano de saúde a cobrir um transplante de medula óssea prescrito como parte do tratamento contra a leucemia de uma paciente. O relator afirmou que a negativa do plano não possuía “fundamento jurídico aceitável” e a reverteu. Já o Estadão informou, por sua vez, que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde a obrigatoriedade do fornecimento da combinação do encorafenibe com o cetuximabe, utilizado no tratamento de câncer de intestino. As operadoras de saúde terão que incorporar os fármacos em sua cobertura a partir do dia 1º de dezembro.

Os besouros que tomaram o Piauí

Uma nuvem de milhões de besouros está devastando os cajueiros do município piauiense de Pio IX, próximo à divisa com o Ceará. Os insetos da espécie Liogenys pilosipennis, de pouco mais de 1 centímetro de comprimento, chegaram à cidade de 18 mil habitantes em outubro. Desde então, os moradores têm combatido a presença dos animais com armadilhas luminosas, que facilitam sua captura. Especialistas consultados pela Revista Pesquisa Fapesp confirmam que a estratégia adotada pelos pio-nonenses é adequada – a região possui uma relevante economia de apicultura e a utilização de inseticidas poderia levar à contaminação do mel orgânico ali produzido. O volume da invasão, diz um agrônomo entrevistado, pode estar relacionada a anormalidades no clima: a localidade passou um período de chuvas duas vezes mais longo que a média e os besouros se reproduziram em grande quantidade, “sem que os inimigos naturais tenham se proliferado na mesma velocidade”.

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