A ONU quer avaliar, o Brasil não quer deixar

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Um relator da ONU viria ao Brasil para avaliar os impactos da austeridade em políticas sociais, na saúde e na educação, mas governo brasileiro cancelou a visita…

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A ONU QUER AVALIAR, O BRASIL NÃO QUER DEIXAR

Um relator da ONU que viria para cá no mês que vem teve sua visita suspensa pelo governo brasileiro. E ele vinha para avaliar os impactos da austeridade em políticas sociais, na saúde e na educação… O governo justificou que a viagem foi apenas adiada, por conta da saída da ministra de direitos humanos, Luislinda Valois (aquela que comparou seu cargo com trabalho escravo), mas a matéria do Estadão diz outra coisa: que a ONU não tem nenhuma nova data agendada.

Ainda segundo o jornal, no ano passado a organização aprovou uma resolução que aumentava o mandato de seu relator para três anos, para que ele pudesse avaliar as consequências sociais das políticas fiscais em diversos países. Na hora da votação, o Brasil foi contra, junto com EUA, Europa e Japão, mas o ‘sim’ ganhou.

(Para constar: o editorial da mesma publicação trouxe ontem o título ‘Por que as reformas não avançam?‘ . Faz a defesa da reforma da Previdência – extensível a outras reformas – e a crítica ao governo por deixar passar: “Na segurança pública, na Previdência ou em qualquer outra área, o desafio é diagnosticar com realismo os problemas e enfrentar com ousadia e boa disposição as suas causas. E isso raramente é popular”)

NÃO BASTA SER LEGAL

O direito ao aborto legal foi conquistado nos EUA há 45 anos, mas protestos e governos regionais conservadores  estão levando várias clínicas ao fechamento. “Mulheres que chegam para consultas atravessam um corredor polonês de religiosos contra o aborto brandindo cartazes e terços. Alguns rezam e outros gritam que elas não vão deixar de ser ‘a mãe do bebê que vão matar'”, diz a Folha. Pacientes são escoltadas por voluntários. 

Em Kentucky, onde só resta um centro autorizado, os tribunais do governo estadual agora têm novas exigências para o funcionamento. Uma delas: antes do procedimento os médicos precisam realizar uma ultrassonografia para que a mulher escute os batimentos do feto.  No ano passado, um pastor local levou fieis para bloquear a entrada dessa única clínica e distribuiu panfletos com retratos dos médicos e enfermeiros – na mira de um fuzil.

E A CIÊNCIA?

O historiador Flavio Edler, fala sobre a relação entre conservadorismo e ciêncianesta entrevista ao blog do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz. De acordo com ele, a ciência é polifônica e, inclusive, em nome dela já se produziram discursos autoritários: “Matou-se mais em nome da razão científica do que nas guerras religiosas. A eugenia e suas várias versões é um exemplo disso”, diz ele. E dá um exemplo atual: “Esse discurso que amplia a margem das liberdades e das identidades, uma grande conquista da afirmação da liberdade humana, por exemplo, tem forte respaldo na comunidade cientifica. Ele é produzido no ambiente universitário, que de certa maneira fala em nome da ciência. Mas quero chamar atenção de que há outros ambientes da universidade que são acionados por quem está insatisfeito com esse discurso. Setores da neurociência, por exemplo, são acionados contra esse discurso. Daí vem a ideia de que as novas fronteiras da sexualidade não têm respaldo na ciência, que é ideologia de gênero, já que aparentemente a ciência real estaria estabelecendo o contrário”.

NÃO PRECISAVA

Parece que médicos britânicos receitam antibióticos desnecessários. Muitos. É o que mostra um estudo financiado pelo governo. Os percentuais são bem impressionantes: se só 13% dos pacientes com dor de garganta precisam de antibióticos, na prática 59% os recebem; para bronquite, 13%  deveriam tomar o remédio e 82% têm a prescrição; na sinusite, 11% têm necessidade e 88% recebem; e, em inflamações no ouvido (crianças e adolescentes entre dois e 18 anos), 17% precisam e 92% tomam – são quase todos! A pesquisa foi lá. Mas, por aqui, quem procura atendimento com esses problemas também sai quase sempre com a receita não mão. Não é?

GIGANTES ATRAPALHAM FAMÍLIAS

Nas Filipinas, marcas de leite em pó ocupam hospitais, internet e televisão – e miram nas mães pobres. A reportagem do jornal The Guardian mostra como empresas, especialmente a Nestlé, dificultam o aleitamento materno e, de quebra, empobrecem ainda mais as famílias já pobres. As conclusões são de um estudo feito numa parceria  Guardian/Save the Children que analisou especificamente o caso das Filipinas, onde só 34% das mulheres conseguem fazer o aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros meses do bebê (essa é a recomendação da OMS).

Em troca da lealdade de médicos, enfermeiras e agentes de saúde, as marcas oferecem viagens gratuitas para conferências, refeições, ingressos para shows e cinema, fichas para jogos de azar. Essas empresas distribuem, nas maternidades, panfletos sobre nutrição infantil com cara de instruções médicas, mas recomendando marcas específicas de leite artificial. E as equipes dos hospitais recomendam as mesmas marcas em listas de ‘compras essenciais’.

Segundo a reportagem, as principais empresas de leite em pó gastam £ 36 em marketing para cada bebê nascido no mundo. Com economia e natalidade crescentes, o Leste Asiático é um alvo importante.

ESTÃO SE MATANDO (2)

Falamos ontem sobre o aumento do suicídio entre povos indígenas e, hoje, a Folha traz matéria sobre o caso dos carajás: a população tem 4.200 pessoas e, de 2012 a 2016, foram 35 casos entre eles, além de dezenas de tentativas. A maioria envolve jovens do sexo masculino, entre 11 e 25 anos.

Uma observação nossa: na população brasileira em geral, a taxa de suicídio é de 5,7 casos a cada cem mil habitantes.

MACONHA NA BOLSA

A Cronos Groups, que produz e vende maconha medicinal no Canadá e vende para a Alemanha, é a primeira empresa de maconha em uma grande bolsa dos EUA: a Nasdaq vai listar suas primeiras ações de cannabis hoje.

DEPRESSÃO

Uma pesquisa canadense indica que a depressão crônica produz mudanças no cérebro ao longo dos anos, então é preciso mudar as formas de tratamento ao longo do tempo.

PARCEIROS

O secretário de estado da saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, anunciou que vai ampliar a parceria com o setor privado para aumentar a cobertura do atendimento oncológico. Haverá novas unidades de alta complexidade específicas para oncologia em hospitais filantrópicos.

MOSQUITOS

Há evidências de que o sorotipo 2 do vírus da dengue – o mais agressivo –  tenha ultrapassado o sorotipo 1 em termos de circulação no país. A informação está no último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, mas, segundo o próprio texto, ainda é preciso coletar mais amostras para ter certeza.

A febre amarela é tema do programa Sala de Convidados de hoje, no Canal Saúde.

AGENDA

A 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde começa hoje e vai até o dia 2 de março. Ela pretende construir a Política Nacional de Vigilância em Saúde. O site oficial do evento é este e programação está aqui.

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