A boa e a má notícia trazida por médicos recém-formados

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UMA BOA E UMA MÁ NOTÍCIA

Pela primeira vez em 10 anos, mais de 60% dos recém-formados foram aprovados no exame do Cremesp, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Dos 2.636 novos médicos, 64,6% acertaram mais da metade das 120 questões da prova aplicada ano passado.

Agora, a má notícia:  88% não sabem ler mamografia, 78% erraram o diagnóstico de diabetes, 60% conhecem pouco doenças parasitárias, 40% não souberam diagnosticar uma apendicite aguda… Esse e outros erros em situações recorrentes da realidade epidemiológica nacional ainda preocupam o conselho (que dirá os pacientes). “Essa é uma prova de dificuldade média para fácil. Se o médico não sabe fazer um diagnóstico de diabete e câncer de mama, que estão na rotina, é muito complicado. Temos discutido com as escolas de medicina, que vão receber o resultado. Um indivíduo que não sabe dessas coisas não exerce a medicina em países como os Estados Unidos, Canadá e Portugal. Estamos propondo um curso de reciclagem do conhecimento médico para proteger a população”, disse o coordenador do exame, Bráulio Luna Filho, ao Estadão.

O JEITO É CHAMAR O ROBÔ

A inteligência artificial supera os médicos na leitura de exames de imagem, dizem cientistas americanos, chineses e alemães. O caso é que a tecnologia deep learning, quando algoritmos permitem que uma máquina aprenda por conta própria, foi aplicada pelo grupo a um gigantesco banco de imagens de tomografias ópticas. E o programa aprendeu a identificar as doenças que estavam causando alterações na retina dos pacientes. Depois de ler mais de 200 mil imagens, o robô só errou o diagnóstico de 6,6% dos casos.

HOMENS EM TEMPOS SOMBRIOS 

O site Nocaute, iniciativa do jornalista Fernando Morais, traz uma notícia assustadora: Elisaldo Carlini, professor emérito da Unifesp e diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) conta que foi intimado pela polícia a prestar esclarecimentos por “apologia ao crime”. O médico de 88 anos estuda a aplicação medicinal da Cannabis. “Fiz a declaração, não tenho medo nenhum, mas me dá pena. Fico sentido que o Brasil esteja nessa situação. Não sou eu que não mereço, é a ciência brasileira que não merece”, disse Carlini na entrevista concedida em vídeo.

O PAÍS TODO

E o Ministério da Saúde divulgou ontem que estuda ampliar a vacinação contra febre amarela para o Brasil inteiro. Na nota oficial, a pasta afirma que tudo depende ainda da discussão com estados e organismos internacionais, como a OMS. Mas Ricardo Barros, em entrevista à Folha, antecipou: em duas semanas sai a decisão. Ele se despede do cargo em abril (vai disputar as eleições para deputado federal). Se vingar, significa incluir 34 milhões de pessoas que vivem nas áreas de menor risco da doença: alguns estados do Nordeste e parte do Sul e Sudeste do país.

Para viabilizar o plano, a fábrica da Libbs Farmacêutica, em São Paulo, precisa entrar em funcionamento. “Com isso, teríamos capacidade de fazer a vacinação de todos até novembro, e o Brasil se transformaria todo ele em área permanente de vacinação. Essa é uma proposta que será discutida e, se decidida, haverá uma programação em cada estado”, disse o ministro.

APESAR DA VACINA

Um adolescente de 15 anos morreu de febre amarela apesar de ter sido vacinado contra o vírus em 2013. Segundo a família de Marcelo Pêgo, a causa do óbito foi confirmada pela secretaria estadual de saúde do Rio de Janeiro nesta semana. O menino morava em Teresópolis, na região serrana. Situação é rara, mas falha vacinal pode acontecer, segundo Ministério da Saúde.

OLHO NA POLÍTICA DE FORMAÇÃO

Saiu a nova reportagem da série que o Saúde É Meu Lugar está fazendo sobre o Profags. Nela, Raquel Torres (que também é repórter do Outra Saúde) ouviu especialistas, que analisam o programa lançado pelo Ministério da Saúde que vai investir R$ 1,25 bilhão na formação de agentes comunitários e de agentes combate às endemias em técnicos de enfermagem. São muitas as implicações dessa política para a atenção básica e a vigilância em saúde em todo o país, por isso é bom ficar de olho. Você confere a primeira matéria aqui.

CÓDIGO FLORESTAL

Na semana que o STF avançou, concedendo o habeas corpus coletivo para gestantes e mães, a corte retrocede nos direitos socioambientais. É que o julgamento das quatro ações de inconstitucionalidade apesentadas por entidades da sociedade civil questionando o Código Florestal pende para o lado do desmatamento. Com a febre amarela e a crise hídrica, nem é preciso lembrar como saúde e meio ambiente estão imbricados. Menos florestas significa, dentre muitas coisas, menos água nos reservatórios e mais vetores silvestres perto de cidades.

“A contagem dos votos dos ministros até aqui em cada um dos vários temas em jogo traz más notícias para o meio ambiente. Já foram consideradas constitucionais, entre outros pontos: a redução drástica da obrigação de se recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs) na beira de rio, de acordo com o tamanho do imóvel rural; a medição das APPs nesses mesmos locais conforme o ‘leito regular’ do curso de água, segundo sua variação média anual, e não conforme o leito maior medido na cheia, o que implica a redução dessas áreas; e a possibilidade de se recuperar metade das Reservas Legais (RLs) desmatadas com espécies exóticas [como eucalipto]”, explica a matéria do Instituto Socioambiental. O julgamento será retomado na próxima quarta (28).

TUBERCULOSE

Ontem, a Organização Mundial da Saúde apresentou novas diretrizes para a prevenção e o tratamento da tuberculose. A recomendação é ampliar o acesso aos testes e ao tratamento, com atenção especial aos grupos vulneráveis, como crianças menores de cinco anos e pessoas com HIV. Os países com alta e baixa carga da doença devem, ainda, expandir as opções de teste. Além disso, o organismo quer a adoção de regimes de tratamento mais curtos, reduzindo de seis para três meses o tratamento da doença em fase latente.

ARMAR E INTERNAR

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exibe novamente todo o seu potencial para o caos no debate gerado por mais uma chacina praticada no país. O ataque na escola da Flórida requentou a discussão sobre as leis americanas de porte de armas. Uma reportagem sensacional da New Yorker já mostrou que, com um dia de treinamento, uma pessoa é capaz de portar armamentos em 24 estados americanos. O movimento de estudantes pelo desarmamento, grande novidade trazida pelo atentado da semana passada, recebeu do presidente a seguinte resposta: a solução é armar os professores, para que caso alguém entre atirando, tenha gente capaz de atirar de volta. Mas Trump também quer abrir mais hospitais psiquiátricos. “Temos que tirar pessoas como essas de dentro das nossas comunidades”, declarou ontem.

LOUCO, VASTO MUNDO

A Somália deve aprovar uma lei proibindo a mutilação genital feminina. Mas os movimentos de mulheres estão céticos em relação à eficácia da medida. Isso porque no começo de fevereiro, duas fatwa (leis religiosas) foram editadas banindo não a prática em si, mas dois dos três tipos de cortes vaginais feitos no país. Sem o banimento total, o governo acaba por legitimar um tipo de corte – e o mais comum deles, critica a Iniciativa Estratégica para Mulheres, rede de organizações da sociedade civil na África. De acordo com a Unicef, 98% das somalenses que têm entre 15 e 49 anos foram vítimas da prática.

SILICONE PARA AS MASSAS

E um estado indiano se tornou o primeiro no mundo a ofertar de graça um procedimento muy particular a sua população: a implantação de próteses de silicone nos seios. “Por que um tratamento de beleza não deveria estar disponível para os pobres?”, argumenta o secretário de Tamil Nadu. Entre os procedimentos disponíveis, está a redução das mamas, cada vez mais procurada pelos homens. O número de procedimentos masculinos mais do que dobrou em seis anos, chegando a 25.640 em 2016. Nesse ano, foram realizadas 420 mil cirurgias plásticas no país.

A GALOPE EM PORTUGUÊS

Na quarta (21), você leu aqui a história do médico de família italiano que percorre uns 100 quilômetros por semana visitando seus pacientes nas zonas rurais na garupa de um cavalo. Pois o mais novo colaborador do Outra Saúde, o também médico de família Stephan Sperling, traduziu pra gente a reportagem. Para você terminar a leitura da newsletter de hoje mais leve.

Bom fim de semana!

 

(Na imagem, recorte de ‘La visita al hospital’ (1889), do espanhol Luis Jiménez Miguel)

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