O teatrinho de Bolsonaro e Pazuello

“Senhores, é simples assim. Um manda e outro obedece”, disse ministro em encontro transmitido ao vivo

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A humilhação imposta por Bolsonaro a Eduardo Pazuello parece não ter caído bem entre os fardados que integram o governo. Segundo o Jornal Nacional, fontes do Planalto consideram que a desautorização envolvendo a compra de doses da CoronaVac “atingiu não só o ministro, mas os militares”. Também, na sua leitura, o presidente teria sido “inoculado pelos radicais das redes”. Não deixa de ser revelador que a ala militar consorciada com o bolsonarismo se surpreenda com as forças que catalisam o… bolsonarismo. E que tenha alguma ilusão de que será poupada das frituras e flambadas que Bolsonaro impõe a seus subordinados. Nesse sentido, um novo capítulo dessa novela foi exibido ontem nas redes sociais.

“Contaminado com covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, dormia após o almoço no Hotel de Trânsito de Oficiais do Exército, onde mora em Brasília, quando foi acordado por uma visita inesperada: o presidente Jair Bolsonaro”, relata uma reportagem do jornal O Globo

O propósito da visita era fazer teatrinho de que está tudo bem entre Bolsonaro e Pazuello. A certa altura, o presidente afirmou que o ministro doente “talvez, com toda certeza” volte ao batente na semana que vem; ao que o general respondeu – “Pois é, estão dizendo que não, né?” – e renovou os votos de lealdade ao chefe: “Senhores, é simples assim. Um manda e outro obedece”. Ambos aproveitaram a transmissão ao vivo para fazer propaganda de hidroxicloroquina…

De acordo com a colunista Bela Megale, na terça-feira as coisas não estavam nada bem e Bolsonaro teria determinado que Pazuello só permaneceria no cargo caso se retratasse publicamente. Pelas circunstâncias da covid-19, quem se desincumbiu da embaraçosa tarefa foi outro militar aboletado no Ministério da Saúde, Élcio Franco. Mas o vídeo de ontem seria, nas palavras da jornalista, “um pedágio de desculpas”.

Já de acordo com o JN, continuaria forte a pressão para que Pazuello passe para a reserva do Exército porque, supostamente, isso pouparia “a instituição militar das crises políticas”. Rebatendo os rumores, Bolsonaro negou haver pressão para que o general pendure a farda.

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