Como cresce o abismo da educação na pandemia

Alunos ricos estudaram em média 3,3 horas por dia, contra 2 horas entre os pobres. Mas todas as médias estão abaixo do limite estabelecido pela LDB

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Um estudo da FGV Social com dados de agosto do IBGE ajuda a dimensionar o que a pandemia significa em termos de desigualdade na educação. A Lei de Diretrizes e Bases estabelece uma jornada diária mínima de quatro horas, cinco dias por semana; mas em média alunos ricos estudaram 3,3 horas por dia, e os mais pobres estudaram duas horas. Ou seja: até os ricos estão prejudicados, mas nem de longe tanto quanto os pobres. No geral, alunos de seis a 15 anos passaram 2,37 horas por dia em atividades escolares, e entre 16 e 17 anos foram 2,34. Mesmo os melhores estados têm números muito ruins: a unidade da federação mais bem colocada é o Distrito Federal, em que o número de horas/aula para menores de 15 anos ficou em 2,96. No pior estado, o Acre, os alunos só tiveram 1,29 hora de aula por dia.

Entre os menores de 15 anos, mais de 13% não receberam qualquer material de estudo. No Pará, 45% dos estudantes não tiveram nenhuma atividade escolar. No Tocantins, foram 41%. E, para os cinco milhões de alunos que não têm acesso à internet, poucas soluções foram pensadas. Apenas 11 estados mobilizaram a televisão, por exemplo. 

Um dos responsáveis pelo estudo, Marcelo Neri, ressalta que a crise sanitária vai quebrar uma sequência de 40 anos de avanços na educação. “O retrato da educação era e é muito ruim, mas o filme, não. Essa pesquisa é uma espécie de trailer de um filme de horror educacional. As desigualdades educacionais que estavam caindo vão voltar a subir. E esse impacto vai perdurar para depois da pandemia”, diz, n‘O Globo.

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