Nó na educação

Maior fornecedora de educação a distância no país é pequena empresa que criou aplicativo para a campanha de Jair Bolsonaro

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IP.TV é uma empresa que tem um aplicativo de sucesso no currículo. Trata-se do Mano, de streaming de vídeos, criado para a campanha de Jair Bolsonaro em 2018 e que teve como garoto-propaganda o senador Flávio Bolsonaro. Durante a pandemia, essa companhia tornou-se a maior fornecedora de tecnologia de educação a distância do país. Oito milhões de alunos de São Paulo, Paraná, Amazonas, Pará e Piauí passaram a consumir seus aplicativos que, segundo reportagem do Intercept Brasildivulgam mentiras e teorias da conspiração bolsonaristas, além de capturar dados pessoais dos usuários

Com capital social de apenas R$ 10 mil, a empresa tem uma sede aparentemente desocupada num pequeno município da Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Mesmo assim, os governos a contrataram. Afirmam que receberam recomendações uns dos outros.  

O primeiro contrato foi celebrado bem antes da pandemia, em 2015, com o governo do Amazonas – estado onde a empresa tem raízes. “O proprietário da empresa, Eduardo Patrício Giraldez, é sócio de Waldery Areosa Ferreira Junior, empresário do ramo da educação e acusado de participar de uma rede de prostituição de menores de idade junto com o pai”, revela a reportagem.

Falando em educação a distância, 61% das redes públicas não formam professores para atuar na modalidade. E 21% não têm planos para a evasão que está acontecendo durante a pandemia. Aliás, o governo federal não criou nenhuma medida de apoio ao financiamento da educação nesse contexto de caos sanitário. E os tributos que financiam a educação, como o ICMS, estão em queda – o que pode significar um tombo de menos R$ 28 bilhões no financiamento da educação pública, segundo relatório do Movimento Todos pela Educação.

Outro número, este do Insper, também chama atenção. Segundo a instituição de ensino e pesquisa, a interrupção das aulas durante a pandemia pode reduzir o PIB brasileiro por conta da perda de renda que os jovens podem sofrer com o déficit no aprendizado. Com 34,8 milhões de estudantes na educação básica, a perda de renda dessa geração poderia chegar a R$ 1,48 trilhão na economia do país, o que representa 23% do PIB.

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