Na ONU, Lula exige que se cumpra acordo sobre pandemias

• Como reverter as desigualdades nas próximas crises sanitárias • Brasil e Argentina desafiam Big Pharma para desenvolver vacinas de mRNA • Aumento de casos de covid se prolonga por mais uma semana •

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Em maio, a ministra Nísia Trindade representou o Brasil na 76ª Assembleia Global da Saúde. O encontro foi o primeiro a reunir gestores de saúde dos mais diversos países após a pandemia e, diante do exemplo deixado pela desigualdade de condições no combate ao coronavírus e acesso a vacinas, sua declaração final enfatizou a necessidade de os países emergentes priorizarem sua soberania sanitária. Isso significa um compromisso em buscar políticas de desenvolvimento tecnológico na área, a fim de se desenvolver insumos básicos e até produção industrial no ramo farmacêutico – uma vez que o encontro vaticinou o fracasso da comunidade global em debelar a crise de covid de forma a não ressaltar as desigualdades econômicas entre as nações. Dessa forma, ao discursar na ONU, Lula apenas exigiu dos países mais ricos o cumprimento do que foi combinado na OMS. Como se sabe, a indústria farmacêutica extraiu vultosos lucros com a venda de vacinas, que por sua vez atenderam de forma desigual e até desproporcional às necessidades de cada país. Enquanto alguns tiveram vacinas de sobra, outros até hoje não terminaram de imunizar suas populações de forma satisfatória.

Brasil e Argentina tentam driblar bloqueio tecnológico

Enquanto países líderes do capitalismo dissimulam seus compromissos com os pactos democráticos contemporâneos, suas empresas continuam a agredir o direito à saúde dos povos. Como mostra matéria do Repórter Brasil, em consórcio de reportagem associado a outras empresas jornalísticas independentes, Pfizer e Moderna entulham o mundo de solicitações de patentes para novas possibilidades de vacinas contra covid baseadas no RNA mensageiro. O mRNA, a partir da chamada molécula spike, quebra as células infectadas pelo vírus sem se desintegrar. A reportagem explica como as empresas solicitam até a patente sobre variações de uma mesma fórmula. Dessa maneira, pesquisadores de Brasil e Argentina, que trabalham em centros de desenvolvimento científico já orientados a desenvolver tais imunizantes, precisam se esmerar em encontrar fórmulas ainda mais inovadoras para encontrar uma vacina sem esbarrar no direito de propriedade das farmacêuticas. E, como mostra mais um inconclusivo fórum internacional de líderes, os chefes de estado dos países que sediam tais empresas ignoram os obstáculos produzidos pela ganância de suas corporações. 

Confirmado leve aumento da covid no Brasil 

Dados do Infogripe atestam que o país chega ao fim do inverno – estação de menores índices de chuva e maior vulnerabilidade a infecções respiratórias – com leve aumento nos casos de covid na população. O levantamento aponta crescimento maior em SP, RJ e GO. Chama atenção que no nordeste e centro-oeste o aumento de casos atinge a população infanto-juvenil. “Temos a vacina bivalente, agora disponível para a maior parte das faixas etárias. E mesmo para aquelas faixas às quais a bivalente ainda não está aprovada, estar em dia com a vacina disponível para a sua idade é fundamental, especialmente agora que observamos esse aumento”, explica Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, sistema de monitoramento coordenado pela Fiocruz.

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