Dengue: o “fumacê” chega a Paris

• Arboviroses preocupam a França • Fome: mais distantes de objetivos para 2030 • PL preocupa secretários de Saúde • Projeto para melhorar alimentação no Rio de Janeiro • Aids: retrocesso após guerras • ONU dá declarações frágeis •

Foto: Secretaria de Saúde
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A crescente presença nos arredores de Paris do mosquito-tigre-asiático (Aedes albopictus), vetor das mesmas doenças que o Aedes aegypti, levou a França a adotar o uso do “fumacê” como estratégia contra sua proliferação. A pulverização de inseticida pelas ruas já foi implementada no 13º arrondissement da capital e na cidade metropolitana de Colombes, locais onde foram registrados casos de dengue. O Ministério da Saúde francês diz que, desde maio, foram notificados 557 casos de dengue, 12 casos de chikungunya e 6 casos de zika no país. Como explica a BBC, a França acredita que uma resposta oficial a esse risco sanitário é necessária para se antecipar às Olimpíadas de 2024, quando milhões de pessoas do mundo inteiro deverão visitar Paris. Um especialista consultado pelo veículo estatal britânico aponta as mudanças climáticas e a mutação genética como principais fatores da recente adaptação dos mosquitos transmissores da dengue à sobrevivência na França.

Há mais fome no mundo hoje que em 2015, diz relatório

A meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de acabar com a fome no mundo até 2030 está cada vez mais distante de ser alcançada, conclui um relatório lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na sexta-feira (15/9). Isso porque hoje há 750 milhões de pessoas a mais que passam fome do que no ano de 2015 – um grave retrocesso. Há oito anos, como noticia a Reuters, 1,7 bilhão de pessoas conviviam com algum grau de insegurança alimentar. Essa cifra subiu para 2,4 bilhões neste ano, algo em torno de 30% da população mundial. O relatório da ONU aponta que a pandemia foi o momento em que a fome se alastrou com mais rapidez: o crescimento vertiginoso do desemprego e dos preços dos alimentos foram elementos centrais dessa crise. As mudanças climáticas e a ressurgência dos conflitos armados também foram considerados fatores relevantes. “O progresso feito nas últimas duas décadas estagnou, e em alguns casos foi revertido”, lamenta o documento.

Projeto de lei “desorganiza” repasses ao SUS

O PL 196/2020, objeto de uma audiência pública no Congresso na semana passada, não agradou os gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo apurou a Folha de São Paulo. O projeto prevê a transferência direta de dinheiro público a consórcios que prestam serviços de saúde, contornando os Estados e municípios. Para isso, seria criado um fundo para envio de recursos aos consórcios, inclusive por intermédio de emendas parlamentares – o que pode prejudicar as prioridades locais na distribuição do orçamento da saúde, dizem representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O Ministério da Saúde (MS) lançou nota informando que acompanha a tramitação do PL. “A lei orgânica do SUS estabelece que essa relação é da união, estados e municípios e, de forma complementar, dos prestadores de serviço. A gente entende que isso desorganiza o processo como foi criado, estabelecido o SUS”, alegou um secretário do MS.

Para reduzir os <i>desertos alimentares</i> do RJ

Uma importante iniciativa da deputada estadual Dani Balbi (PC do B-RJ) poderá garantir um maior estímulo à alimentação saudável dos fluminenses. A estrutura do programa Oásis Alimentar está no PL 255/23, que foi aprovado em primeira discussão na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) mas ainda deverá passar pelo plenário antes de seguir para sanção. Para implementá-lo, o poder público deverá identificar os chamados desertos alimentares do estado, isto é, os “locais onde o acesso a alimentos in natura ou minimamente processados é escasso ou impossível”, como define o site da Alerj. A partir disso, deverão ser tomadas uma série de medidas que facilitem a aquisição e o consumo desses alimentos, crescentemente empurrados para fora da mesa dos brasileiros pelos ultraprocessados. Algumas dessas ações são a criação de restaurantes populares em parceria com cooperativas de agricultura familiar, a organização de feiras livres e o fomento às hortas comunitárias, com vistas a erradicar esses desertos alimentares.

Mudanças climáticas e guerras atrasam luta contra Aids, tuberculose e malária

Temperaturas recorde em regiões montanhosas da África permitem que o mosquito da malária sobreviva em locais onde nunca antes havia sido detectado. Enchentes inesperadas causam aumentos nos casos de tuberculose ao aglomerar populações que perderam suas casas em abrigos lotados. Conflitos armados interrompem tratamento de pessoas com aids ao bloquear o acesso de profissionais de saúde a seus locais de moradia. Se não forem paradas, as mudanças climáticas e as guerras seguirão atrasando a erradicação de uma série de doenças no globo. “Não há dúvidas de que o mundo precisa dedicar mais recursos” ao combate a essas enfermidades, afirmou à Reuters Peter Sands, presidente do Fundo Global de Luta contra Aids, Tuberculose e Malária. Ele espera que a reunião de alto nível na ONU sobre a tuberculose, a ser realizada nesta semana, aprove medidas para mudar o atual quadro de dificuldades.

As oportunidades perdidas na ONU

Além da tuberculose, a bateria de reuniões de alto nível sobre saúde na Assembleia Geral das Nações Unidas também discutirá o acesso universal à saúde e a preparação para as próximas pandemias. Porém, segundo cientistas e ativistas ouvidos pelo Health Policy Watch, a redação dos documentos a serem aprovados ao fim dessas reuniões, por enquanto, deixa a desejar. Todas as ações sugeridas pela declaração sobre acesso universal à saúde “já estavam presentes” no documento aprovado em 2019, diz um deles, lamentando a “oportunidade perdida”. Já o texto sobre pandemias peca pela “linguagem vaga e frágil”, que só propõe “meias-medidas” para problemas sérios que surgiram na pandemia da covid-19, como a falta de cooperação internacional e a desigualdade na distribuição de vacinas. No caso da tuberculose, houve até mesmo um retrocesso: alguns Estados vetaram trechos da declaração que ressaltavam questões de gênero que se entrelaçam com a doença.

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