Farmacêutica vira empresa mais valiosa da Europa

• O remédio para emagrecer que enriqueceu a Novo Nordisk • Mais Médicos bate recorde de profissionais • Opas: É necessário mais atenção à zika nas Américas • Como anda o combate aos superfungos •

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São inúmeros os sinais da crescente importância da indústria farmacêutica na economia global nas últimas décadas. Mas uma notícia dessa semana indica de forma clara o caráter capitalista e financeirizado dessa proeminência: a BBC informou que a farmacêutica Novo Nordisk tornou-se a empresa mais valiosa da Europa, com sua capitalização de mercado – avaliada em US$ 426 bi – superando a da LVMH (US$418 bi), dona de marcas como Louis Vuitton e Dior. O que explica esse fato é que a companhia dinamarquesa possui a patente do Ozempic, um remédio para diabetes que se tornou uma febre mundial ao passar a ser utilizado para perda de peso. Em 2021, ao ser aprovado para uso nos Estados Unidos, o medicamento já havia assegurado à empresa um enorme salto em seu valor de mercado. Seu novo avanço nesta semana se relaciona com a introdução do Ozempic no Reino Unido – até mesmo no sistema público do país, o NHS. Surgem em todo o mundo denúncias da venda indiscriminada do  remédio para fins estéticos, sem orientação médica. Mas enquanto esse tipo de distorção gerar lucros exorbitantes como os da Novo Nordisk, é improvável que a indústria se esforce para combatê-lo.

Mais Médicos bate recorde de participação de profissionais

Desde o relançamento do programa, há seis meses, o Ministério da Saúde (MS) alcançou um importante avanço na participação de profissionais no Mais Médicos: hoje, espalhados por 4 mil municípios, são 18,5 mil participantes – com 13 mil correspondendo às vagas abertas a partir de março deste ano. A cifra total configura um recorde, superando a marca de 18,2 mil médicos no governo Dilma II. Na nota em que anunciou o fato, o MS afirmou ainda que tem o objetivo de chegar a 28 mil profissionais atuando pelo programa até o fim de 2023. A expansão teria o sentido de “garantir o acesso à saúde dos brasileiros, principalmente nas regiões de maior vulnerabilidade” após o “desmonte da política nos últimos anos”. Como apurou Outra Saúde, alguns dos fatores que podem ter levado ao maior interesse da categoria médica na nova versão do programa – além do questionável recuo do governo na parceria com Cuba – são a ênfase no incentivo à formação dos profissionais e a introdução de direitos como a licença-maternidade.

OMS e Opas pedem mais atenção ao zika vírus

Com a exceção de apenas três países, a transmissão local da zika já foi confirmada em todos os Estados e territórios das Américas desde sua primeira detecção no continente em 2015, no Brasil. Por isso, em um seminário realizado de forma online na semana passada, representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) fizeram um chamado para uma maior vigilância e controle do vírus, que causou 27 mil infecções na América só em 2023. Maria van Kerkhove, da Unidade de Doenças Emergentes e Zoonoses da OMS, alertou que “a detecção [da zika] pelos sistemas de saúde [é] bastante desafiadora” e as mulheres grávidas devem receber especial atenção – já que a doença pode causar malformações congênitas nos fetos. 

“É essencial reconhecer a conexão entre a vigilância de infecções agudas por Zika e a manifestação de síndromes neurológicas como a Guillain-Barré. Se otimizarmos essa abordagem, estaremos mais bem preparados para entender completamente a doença e tomar medidas preventivas. Manter um nível adequado de monitoramento é essencial para evitar futuras epidemias”, explicou Thais dos Santos, assessora de Vigilância e Controle de Doenças Arbovirais da OPAS. No caso brasileiro, o fenômeno está claramente associado às políticas de cortes de despesas dos últimos governos, que negligenciaram ações de baixo custo em prevenção e monitoramento do aedes aegypti. Além disso, há um fenômeno de globalização deste mosquito, que segundo alguns especialistas está associado às alterações climáticas, que aumentaram as condições de sua reprodução em época e ambientes onde antes não existia.

Superfungos: longa batalha pela frente

Matéria da revista Wired analisa a aparição cada vez mais frequente dos chamados superfungos, com aumento das infecções e mortes. Trata-se de um organismo vivo sem mutação constante ao longo de toda a história – mas com as alterações climáticas suas readaptações estão se tornando mais rápidas e os fungos mais resistentes. A matéria ainda comenta estudos de pesquisadores norte-americanos que notam uma alteração de padrão geográfico de sua inserção, de maneira que fungos como o cândida auris têm se tornado mais resistentes, inclusive a antibióticos. “Por mais especulativo que seja, é perfeitamente possível que, se houver um organismo com um nicho ecológico muito específico, você só precise de uma pequena mudança na temperatura da superfície ou do ar para alterar este nicho e permitir sua proliferação”, comentou Neil Stone, pesquisador da University College London Hospitals.

Como não há uma hipótese confirmada sobre o aumento da resistência de tais organismos, os pesquisadores intuem sua relação direta com o aquecimento do planeta, mas ressaltam que pesquisas e busca por soluções ainda estão só no começo. Em artigo de julho, a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical classificou a questão como um “desafio emergente de saúde global”. Neste ano, Pernambuco viveu uma crise causada pela cândida auris, que causou ao menos três mortes e chegou a forçar o isolamento do Hospital Miguel Arraes, no município de Paulista.

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