Fim dos trabalhos do governo de transição: o que precisa ser feito

• Lula fala após fim dos trabalhos do governo de transição • Entrevista com Arthur Chioro • Nota contra o Estatuto do Nascituro • Startups vendem dados de saúde • SUS no Oscar • Bactérias cada vez mais resistentes •

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Em entrevista coletiva, Lula e Alckmin falaram ao público sobre o fim dos trabalhos dos grupos de transição administrativa, que fizeram um inventário da herança do governo Bolsonaro em todos os ministérios. No dia seguinte à sua diplomação e aos atos terroristas da militância bolsonarista, Lula enfatizou as grandes necessidades sociais que seu governo priorizará e disse que acabou o tempo das privatizações. No que tange a saúde, destacou a importância do Farmácia Popular e da retomada do SUS, com foco na atenção básica. “Eu quero assumir um compromisso público com essa prioridade da saúde e com o ensino básico do país”, afirmou. Também destacou a retomada do Farmácia Popular “para que o povo possa voltar para casa com seu remédio” e fez referência à demanda reprimida do SUS e sua chamada fila por exames e procedimentos. “Ninguém aguenta ficar dois anos esperando com dor”.

Chioro: “governo mais corrupto de todos os tempos”

Em longa entrevista ao Viomundo, Arthur Chioro, um dos membros do grupo de transição da saúde, disse que não há a devida colaboração do ministério da Saúde e só em janeiro se poderá saber o que de fato aguarda o novo governo. Desde o apagão de dados do SUS, sumiço de informações da vacinação de crianças de 6 meses a 2 anos até o bizarro pagamento para entregar dados de usuários do SUS à Amazon, o estrago e o obscurantismo são grandes. Na entrevista, Chioro afirmou se tratar não só de um governo incompetente, mas o mais corrupto da história do país. Sobre as prioridades do novo ministério, falou criar um departamento voltado à saúde mental e promover políticas para a população negra.

Abrasco se posiciona contra Estatuto do Nascituro

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) emitiu nota contra o PL 478/2007 e apensados, isto é, itens anexados ao texto original. Contrabando de uma bancada extremista que se vê com menos força na próxima legislatura, a proposta visa radicalizar a repressão do Estado ao aborto, inclusive em casos previstos por lei, como gravidez de risco ou fruto de estupro. “Para caracterizar a figura de direito do nascituro, o PL 478/2007 não se ancora em evidências científicas e sim em doutrina jurídica profundamente influenciada por fundamentalismos religiosos, o que contraria a laicidade do Estado Brasileiro garantida na Constituição de 1988”.

Startups de saúde vendem dados para Big Techs

Uma reportagem da revista médica norte-americana Stat News revelou que empresas de saúde que têm contato direto com os pacientes – como o aplicativo fitness Workit – vazam informações médicas confidenciais coletadas para as maiores corporações mundiais fazerem publicidade. Em 13 dos 50 sites de telemedicina pesquisados, o levantamento revelou pelo menos um rastreador – do Meta, Google, TikTok, Bing, Snap, Twitter, LinkedIn ou Pinterest – que coletava respostas dos pacientes sobre perguntas médicas. “Nosso senso comum acredita que as informações são protegidas. Mas do ponto de vista jurídico e regulatório as empresas têm dito que, tecnicamente, não estão obrigadas a isso”, disse à revista Andrew Mahler, ex-pesquisador do departamento de Estado norte-americano em questões de saúde. O título da reportagem parece elucidativo: “fora de controle”.

SUS no Oscar 2023

O documentário “Quando falta o ar”, de Helena e Ana Petta, está sendo exibido em sessões nos Estados Unidos após a candidatura ao Oscar 2023. O longa venceu o festival de cinema É Tudo Verdade, principal mostra internacional de documentários realizada no Brasil, e mostra o trabalho de profissionais do Sistema Único de Saúde em diferentes regiões brasileiras com foco na pandemia de covid-19. A produção é a segunda voltada à área de saúde das irmãs Ana (cineasta) e Helena Petta (médica infectologista). Em 2016, elas lançaram a série Unidade Básica, disponível em streaming. “Um dos principais motivos de fazer uma série dentro do SUS é mostrar que existe um sistema que dá certo e que, embora tenha muitas dificuldades, nele existem profissionais que ajudam e muito a população”, disse Ana, em entrevista ao Portal da Fiocruz.

Bactérias mais resistentes

Estudo da OMS relata que bactérias têm se tornado mais resistentes a tratamentos com antivirais e antibióticos. Em relação à E.coli, geralmente associada à infecção urinária, 20% de suas cepas se tornaram mais capazes invulneráveis a tratamentos farmacológicos. Como explica matéria da Folha, a evolução neste sentido de microrganismos vivos é natural, no entanto, os últimos anos retratam uma aceleração do processo. A OMS também explica que há disparidades entre países de alta ou baixa renda média, sendo que nos mais pobres o uso de medicamentos antibacterianos é mais intenso, o que também produz aceleração da evolução dos microrganismos.

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