Uma vitória que pode garantir o Piso da Enfermagem

• Covid: 2023 e o fim da pandemia; estimativa do número real de mortes; covid longa; óbitos infantis mostram urgência da vacinação • Crianças yanomami e as mortes evitáveis •

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Fundo Social pode viabilizar Piso da Enfermagem

Foi aprovada ontem, 15/12, na Câmara dos deputados, uma PEC que pode viabilizar o Piso Salarial da Enfermagem – reivindicação conquistada por muita luta da categoria, mas que travou no STF. A PEC 360/14 direciona recursos do superávit financeiro de fundos públicos e do Fundo Social para o novo salário de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras. O texto aprovado deixa de fora do teto de gastos as despesas correntes e os valores transferidos pela União aos fundos de saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para complementar o pagamento do salário a fim de se atingir o piso. “A mobilização continua para que o Senado aprove a proposta antes do recesso parlamentar”, escreveu o Fórum Nacional da Enfermagem em seu perfil no instagram.

Covid deixará status de emergência?

A OMS, através de seu diretor Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirma que há possibilidade de o coronavírus e a nova varíola terem sua situação de emergência global suspensa a partir do próximo relatório do órgão. O número de óbitos por covid é, hoje, um quinto do que há um ano. No entanto, como o próprio Tedros afirma, ainda são 10 mil mortes semanais (250 no Brasil nas últimas 24 horas) por covid e cerca de um terço da humanidade sem nenhuma dose de vacina. Representantes destacam que as mortes acontecem principalmente entre aqueles que não foram imunizados. A OMS espera que novas vacinas sejam produzidas, buscando maior eficácia para proteger de sintomas e interromper a transmissão. “Esse vírus não vai desaparecer”, conclui Tedros.

O real número de mortes por covid

A pandemia chegando ao fim ou não, a tragédia que acometeu o mundo vai tomando contornos mais precisos – embora, talvez, nunca venhamos a saber o número exato dos mortos pela covid. Uma das maneiras de calcular é analisando os números de pessoas que morreram a mais que em anos pré-pandemia. Um novo modelo feito para estimar os óbitos excedentes, criado por pesquisadores que trabalham em conjunto com a OMS, chegou à conclusão de que foram mais de 15 milhões entre 2020 e 2021. Número três vezes maior que o número oficial de mortes de covid para os dois anos, que é de 5,47 milhões. A estimativa não é fácil de se fazer, porque nem todos os países registram esse dado – é preciso aferir a partir dos números da região. O número difere, por exemplo, daquele divulgado por uma pesquisa do  Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), em março, que calculava de 18,2 milhões.

Covid longa provocou 3,5 mil mortes nos EUA

A chamada covid longa, condição de quando os efeitos da doença se prolongam por meses, já matou 3,5 mil pessoas nos EUA, estima o Centro de Controle de Doenças (CDC), em estudo publicado nesta semana. “Ainda não está entre os principais tipos de óbito, mas é a primeira vez que a covid longa é entendida como parte da explicação da morte de pessoas”, explicou Farida Ahmad, do CDC, em matéria do NY Times. A covid longa pode afetar, em tese, qualquer órgão do corpo humano, mas os principais males causados por ela são fadiga intensa, problemas respiratórios, cardíacos e até neurológicos. Afeta principalmente pessoas com mais de 75 anos. O levantamento analisou cerca de 1 milhão de atestados de óbitos entre março de 2020 e junho de 2022. Mas Ahmad também considera que o número alcançado pelos estudos é subestimado. A covid longa, segundo especialistas, pode ter variadas características, desde a permanência dos sintomas básicos da doença até dificuldades de cognição e memória.

Covid matou uma criança por dia no Brasil em 2022

Estudo do Observatório da Criança relata que o país registrou 314 mortes de crianças de 6 meses a 5 anos de idade, último grupo a ter sua vacinação liberada pelo ministério da Saúde de Marcelo Queiroga. Este é mais um resultado da política negacionista de um governo que desestimulou a vacinação o quanto pode e de um ministro que, como explicou ao Outra Saúde a ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunização, Carla Domingues, simulou falsas preocupações para protelar a vacinação em crianças e satisfazer os delírios da ala anticiência do bolsonarismo. “Com vacinas disponíveis, podemos considerar a Covid-19 uma doença imunoprevenível. Isso significa que essas mortes podem ser evitadas com uma política pública de vacinação em massa”, afirma a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini, ao Portal Fiocruz.

As mortes precoces das crianças yanomami, tragédia humanitária

Em reportagem tocante feita pela Pública, relatos da tragédia sanitária que enfrentam as comunidades da Terra Indígena Yanomami, localizada entre o Amazonas e Roraima. Segundo dados revelados pela Sesai, entre 2019 e 2021 a taxa de óbitos evitáveis entre as crianças yanomami de até 5 anos foi de 429 – 9,2 vezes mais alta do que o número nacional. As mortes por malária no território representam dois terços do total no Brasil – 8 de um total de 12 crianças. As mortes dos pequenos causam grande impacto nas comunidades dos yanomami, que enfrentam uma crise humanitária grave. A fome e a desnutrição também assolam a região. O garimpo está entre os fatores responsáveis, por conta da violência e da contaminação dos rios da TI. “É claramente insuficiente o serviço de saúde prestado a essa população. A cobertura das unidades de saúde é baixa, a qualidade do atendimento é péssima. Não há infraestrutura local, não há medicamentos em quantidade e qualidade suficientes, não há insumos, não há equipamentos pra fazer procedimentos” afirmou o médico e pesquisador Paulo Basta.

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