Covid: O que significa o leve aumento de casos no Brasil

À semelhança dos Estados Unidos, infecções em brasileiros voltaram a subir na última semana, após muitas de queda. Trata-se, ainda, de um aumento suave. Hipóteses que explicam o fenômeno: fim do isolamento e subvariantes da ômicron

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O Brasil começa a registrar um leve aumento nos novos casos de covid-19, na última semana. O número de novas infecções era de 12.413 na última quarta-feira (27/4), e alcançou 14.847 ontem – um crescimento de cerca de 19%. Como acontece em todas as novas ondas, São Paulo, maior estado do país, é o primeiro a registrar a tendência – e é o estado que está puxando os números para cima: segundo o Seade, foram registradas 4.294 infecções ontem, contra 2.989 uma semana antes – subida de 43,6%. A tendência de queda consistente nos diagnósticos, que já durava 46 dias, foi interrompida por uma ascensão leve. Internações e óbitos continuam estáveis. Goiás, Paraná e Minas Gerais mostraram tendência similar, embora em menor medida.

A alta foi confirmada por números da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), que divulgou aumento de 82% nos testes positivos em estabelecimentos em relação ao período de 11 a 17 de abril. Isso considerando um cenário de baixa testagem. Também escolas na capital paulista tiveram de suspender aulas e voltar a exigir máscaras para conter novas infecções. O leve aumento tem início treze dias após o feriado de Páscoa e uma semana após o de Tiradentes – quando aconteceu o carnaval atrasado no país. Acontece mais de quarenta dias após a suspensão do uso de máscaras em locais fechados em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. O cenário de relaxamento das medidas sanitárias pode estar influenciando neste que poderia ser o início de uma nova onda. Mas ela irá adiante?

Anteontem (3/5), Outra Saúde relatou o aumento de casos na África do Sul e nos Estados Unidos, ao longo do último mês. No final de semana, foi lançado um estudo sul-africano que analisou amostras de duas subvariantes da ômicron, as cepas BA.4 e BA.5, que haviam sido registradas no mês passado na lista de monitoramento da covid da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a pesquisa, elas são capazes de driblar a imunização adquirida pelas vacinas e podem provocar uma nova onda. Mas essa possível onda ainda não se aproxima da que acompanhamos em meados de março em países da Europa e da Ásia, com recordes de casos em países como Alemanha, Coreia do Sul e Vietnã. Graças à vacinação, o número de mortes na maior parte desses territórios não foi tão grave quanto durante os anos de 2020 e 2021.

A ômicron, considerada variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), causou grandes ondas de infecções por covid que começaram em novembro de 2021. Hoje, é a cepa que predomina na maior parte do mundo, e tem como característica driblar a imunidade dos indivíduos e causar infecções um pouco menos graves. O que fez diferença para deter a mortalidade que ela poderia causar foram as campanhas de vacinação. No Brasil, hoje, 84,8% dos brasileiros já tomou ao menos uma dose, e 77,3% estão completamente imunizados. A ômicron causou 8,7 milhões de infecções apenas neste ano, mais de um quarto do total ao longo dos dois últimos anos. Enquanto os óbitos nesse período foram pouco mais de 44 mil – 6% de todos os brasileiros mortos por covid. As subvariantes  da ômicron parecem ter sucesso ao conseguir contornar a imunidade daqueles já vacinados ou infectados. Mas o cenário tem estado bem mais controlado do que nos anos anteriores.

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