OMS delineia o mapa para o fim da emergência da covid

Reunião do Comitê de Emergência afirma que criou “ajustes estratégicos importantes”, que podem encerrar fase aguda da pandemia. Mas isso só vai acontecer, alerta, se forem enfim corrigidos os erros como a desigualdade vacinal

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A variante ômicron foi uma desagradável surpresa global criada pela covid, no final de 2021. Em apenas dois meses de 2022, houve 143 milhões de novos casos. Um crescimento de cerca de 30% sobre os casos registrados do início da pandemia até 28/2 deste ano: 433 milhões. Ontem, 13/4, a OMS (Organização Mundial da Saúde) comentou a frustração com a ômicron ao divulgar o resultado da reunião do seu Comitê de Emergência sobre a covid, na qual tiveram destaque as próximas medidas a tomar sobre a pandemia. Em especial as projeções publicadas dia 30/3 no Plano Estratégico de Preparação, Prontidão e Resposta, em versão atualizada.

O Plano busca fornecer um roteiro de como o mundo pode encerrar a emergência da covid, explicou o diretor da OMS, Tedros Adhanom. E, se possível, servir de base para enfrentar com mais competência as epidemias e pandemias futuras. No plano para 2022, diz o documento, a OMS “estabeleceu uma série de ajustes estratégicos importantes que, se implementados de forma rápida e consistente em níveis nacional, regional e global, permitirá ao mundo encerrar a fase aguda da pandemia”.

Mas mesmo antes da ômicron, a OMS já havia apontado para as dificuldades da superação da crise. No seu Plano de setembro de 2021, recorda, havia alertado claramente para a “possibilidade de surgirem novas variantes”. Também pedia cautela quanto à “aplicação inconsistente da saúde pública e medidas sociais”. E, crucialmente, pedia acesso menos desigual às vacinas. Vale dizer: a pandemia só vai acabar, enfatiza a OMS, se não reincidirmos nos erros que acabaram levando ao prolongamento da pandemia, este ano.

Acabar com a emergência de saúde pública global em 2022 requer trabalho complexo. A OMS delineia dois objetivos estratégicos que dão uma ideia do que deve acontecer a seguir. O primeiro objetivo é reduzir e controlar a incidência de infecções, procurando proteger especialmente os indivíduos mais vulneráveis. Isso deve reduzir a probabilidade de surgirem novas variantes e também a pressão que persiste sobre os sistemas de saúde. O segundo objetivo é prevenir, diagnosticar e tratar os casos que surgirem de modo a reduzir sua mortalidade, morbidade e sequelas de longo prazo.

Vai ser preciso enfrentar a deficiência corrente de condições e equipamentos para as ações necessárias. Para dar conta de apenas uma categoria de ações, diz o Plano, uma boa resposta à covid depende de saber a que se quer responder; onde esse alvo está; qual a escala da resposta; que capacidade de resposta existe disponível; e quem precisa mais de proteção a cada momento. Também será preciso contar com laboratórios, instrumentos diagnósticos, vacinas e meios de aplicação de vacinas, medidas sociais e de saúde pública, hospitais e assim por diante.

Pode-se imaginar o tamanho desse trabalho tendo em conta o estado precário em que ficaram os sistemas e serviços de saúde após dois anos de pandemia. A OMS pretende continuar a aprofundar o esforço que fez desde 2020, diz seu diretor. Trabalhará com organizações internacionais, governos, a indústria e as instituições científicas, mas “também continuaremos a trabalhar […] para garantir que as lições dos últimos dois anos sejam aproveitadas”. Afinal, como diz ele, “a OMS esteve à frente e no centro de um esforço global sem precedentes […] para terminar a fase aguda da pandemia”. Apesar disso, “por todos os progressos que fizemos, a pandemia continua a ser uma crise global aguda em 2022”.

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