Xangai: Conquistas e desafios na batalha contra a ômicron

Surto da nova variante já dura mais de um mês na cidade que teve um dos melhores controles da pandemia. Ocidente, que sequer conseguiu tal feito, endossa revolta de alguns, pelas dificuldades de ocasião. Ação chinesa por “covid zero” segue surpreendente

O maior hospital improvisado de Xangai, renovado a partir do Centro Nacional de Convenções e Exposições, com capacidade de fornecer 50 mil leitos
.

Por dois anos, o maior centro financeiro da China permaneceu relativamente ileso ao vírus, e foi evidência no mundo pelo enfrentamento da pandemia. Agora, a abordagem de “covid zero” enfrenta um teste vital. Desde 1º de março, a nova variante provocou mais de 150 mil infecções – e um novo desafio à cidade. Contra a velocidade do contágio, o governo local criou estratégias para mitigar danos na economia e na vida quotidiana, com a setorização de restrições de acordo com os casos notificados em determinadas regiões. Não foi o suficiente para que o país registrasse, no último domingo (10/4), um novo recorde de 25 mil novas infecções. E as autoridades têm, a cada dia, se pronunciado sobre corrigir os gargalos de suprimentos que penalizam parte da população. Entre as medidas estão as testagens massivas, a organização de entregas de bens essenciais e a construção em tempo recorde de gigantescos hospitais de campanha.

No último sábado, 9/4, Xangai inaugurou seu maior hospital de campanha, que pode fornecer mais de 50 mil leitos. No total, a cidade construiu mais de 100 centros de hospitalização, somando mais de 160 mil leitos – tudo em pouco mais de um mês. E segue a todo vapor na busca por casos de covid, com várias rodadas de testes desde 1º de março. De 4 a 8 de abril, a cidade analisou mais de 95 milhões de amostras, com um total de 94,4 mil resultados positivos, segundo autoridades municipais em entrevista coletiva no sábado. Nesse mesmo dia, a vice-primeira-ministra chinesa, Sun Chunlan, compareceu pedindo medidas para superar os gargalos de logística de distribuição de bens necessários o mais rápido possível e permitir que mais empresas e funcionários com garantia de fornecimento retornem ao trabalho em uma tentativa de estabilizar as cadeias de suprimentos.

Além de inspecionar as instalações dos hospitais e revisar os procedimentos de internação dos pacientes, Sun pediu às equipes de gerenciamento e médicas do hospital para facilitar os procedimentos de admissão. Ela também visitou locais de armazenamento de vegetais em Pudong no sábado, pedindo melhorias no processo de entrega, enfatizando que os produtos devem ser entregues diretamente às famílias. Esse tem sido um dos pontos críticos na tentativa de conter o vírus. As autoridades locais incentivaram grandes empresas de comércio eletrônico a unir esforços para melhorar o fluxo de suprimentos essenciais. A vice-prefeita, Zong Ming, reconheceu as dificuldades enfrentadas pela população, principalmente aquela que habita as zonas de restrição mais rígidas. “Não fizemos o suficiente. Ainda há uma grande lacuna em relação às expectativas de todos. Faremos o nosso melhor para melhorá-lo”.

Para evitar um lockdown por completo, a administração da cidade tem realizado diferentes formas de isolar os pontos de contágio, ainda sem sucesso. Em coletiva nesta segunda-feira, a metrópole dividiu toda a cidade em áreas pertencentes a três categorias, e designou 7.624 regiões de gestão fechada (com casos relatados nos últimos sete dias), 2.460 áreas de controle restritivo (sem casos relatados nos últimos sete dias) e 7.565 áreas de prevenção (sem casos relatados nos últimos 14 dias). Por isso, em meio ao momento mais vital no combate a pandemia – e que o ocidente conheceu muito bem – a China tem recebido críticas e acusações de má gestão da crise por Washington, e demais correspondentes da mídia comercial. No domingo, o governo chinês qualificou como “acusações infundadas” as críticas dos EUA à sua política contra a covid. Segundo os últimos dados, o gigante asiático registrava 4.638 mortes pelo coronavírus desde o início da pandemia.

Leia Também: