Covid: vem aí mais uma onda?

Infecções voltam a subir em países da Ásia e Europa onde há vasta imunização. Causas podem ser relaxamento das medidas sanitárias e subvariante BA.2 da ômicron. OMS volta a fazer apelo pelas vacinas

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O alerta que veio da Organização Mundial da Saúde (OMS), na manhã desta quarta-feira (16/3), confirma sinais que começavam a despontar pelo mundo: casos de covid voltaram a subir em escala mundial. Os números foram puxados principalmente pela Coreia do Sul, Vietnã e Alemanha – 47% dos 1,7 milhões reportados em 15/3 estavam nestes países. Nesta semana, os três registraram recordes de infecções desde o início da pandemia. Até o fim de fevereiro, a Alemanha parecia estar superando sua onda causada pela variante ômicron, mas a tendência se inverteu. 

Já nos países asiáticos, a curva ascendente é vertiginosa: no Vietnã, a quantidade de infectados é 12 vezes mais alta que o recorde alcançado antes, em 12/1; na Coreia do Sul, os números são 50 vezes maiores que aqueles registrados entre novembro de 2021 e o início de janeiro de 2022 – a maior onda até então. Embora com números totais menores, há outros países da Ásia, Oceania e Europa em que casos de covid estão aumentando. É o caso do Reino Unido, França, Áustria, Singapura, Austrália e Nova Zelândia. Todos estes têm alta taxa de vacinação com ao menos duas doses, de ao menos 72%. 

“E nós sabemos que quando os casos de covid aumentam, o mesmo acontece com as mortes”, alertou Tedros Adhanon, diretor-geral da OMS. “Cada país está enfrentando uma situação diferente, com desafios próprios, mas a pandemia ainda não terminou.” Tedros avisa ainda que os números podem estar abaixo da realidade, já que menos testes estão sendo realizados nas últimas semanas. Uma das explicações para esse novo aclive parece ser, como notou o jornal The Guardian, a subvariante BA.2 da ômicron – que já é predominante em muitos desses países. A OMS já alertou para sua maior transmissibilidade. Mas cientistas parecem estar tranquilos até agora quanto à reinfecção pela BA.2 em quem já contraiu a ômicron, segundo matéria da Nature. Outro fator parece ser o relaxamento das medidas de proteção contra a covid.

Na Coreia do Sul, por exemplo, o governo está tentando fazer a transição para uma nova fase da pandemia, na qual tenta fazer a reabertura minimizando os danos. Mesmo enfrentando o seu pior período da pandemia, estudava acabar com a quarentena para turistas que chegarem em seu território. Há um mês, o país já havia começado a oferecer a quarta dose da vacina aos cidadãos mais fragilizados. Agora, seu ministro da Saúde disse ter reforçado hospitais e prevê que o número de pacientes graves chegue a 2 mil. O Vietnã foi outro que acabou com restrições para viajantes. Já o ministro da Saúde francês anunciou que o país espera que o novo pico de casos venha até o fim de março – e mesmo assim defende que as medidas de restrição não precisam ser adotadas novamente. 

Em meio ao que pode ser uma perigosa onda de wishiful thinking, poucos países destoam. Entre eles está a Escócia, que voltou atrás e passou a exigir novamente o uso de máscaras.

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