Covid-19: Farmacêuticas anunciam novos resultados de terapias

Renegeron diz que sua droga evitou necessidade de cuidados médicos em pacientes leves e moderados. Mas só há 50 mil doses – EUA já garantiram estas e mais um tanto

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As farmacêuticas Regeneron e Eli Lilly anunciaram ontem resultados aparentemente positivos de suas drogas contra a covid-19; em ambos os casos, são tratamentos com anticorpos monoclonais. A Regeneron não publicou um artigo em revista científica, e sim um comunicado à imprensa. Afirmou que, entre os pacientes não-hospitalizados, 57% tiveram menos probabilidade de precisar de cuidados médicos do que os que tomaram placebo, e o efeito foi mais forte em voluntários com alta carga viral, resposta imunológica ineficaz e fatores de risco pré-existentes. As ações da empresa subiram 3,1%, e, no acumulado de 2020, o aumento foi de nada menos que 51%.

Já a Lilly havia anunciado nesta segunda o encerramento de seus ensaios em pacientes hospitalizados, porque os objetivos esperados não foram alcançados. O estudo publicado no NEJMontem, porém, é diferente, e envolveu pacientes com casos leves a moderados. Os resultados parecem menos animadores do que os da Regeneron: das três doses avaliadas, uma correspondeu a um declínio da carga viral, mas a redução dos sintomas foi apenas apenas modesta. 

Os tratamentos têm mais em comum do que a sua tecnologia: grandes acordos com os Estados Unidos, que podem comprar toda (ou quase toda) a produção. Ainda em julho, país assinou um acordo com a Regeneron para comprar 300 mil doses por US$ 450 milhões – só que, no início deste mês, a empresa avisou que só tinha 50 mil prontas para distribuição. E ontem o governo Trump firmou um acordo com a Lilly para garantir 300 mil frascos por US$ 375 milhões, com a possibilidade de estender a compra para mais 650 mil doses. Segundo a farmacêutica, sua capacidade de produção é de um milhão de doses até o fim do ano. 

Vale notar que, embora gerem muita expectativa, esses tratamentos estão sendo usados experimentalmente e não receberam aprovação para uso em nenhum país; as duas empresas já entraram com pedidos na FDA (a Anvisa americana) e aguardam resposta. 

Enquanto isso, na Gilead

Há não muito tempo, os Estados Unidos usaram a estratégia de comprar quase todas as doses possíveis do remdesivir quando ele ainda se mostrava muito promissor. Mais tarde, o maior estudo randomizado mostrou que, afinal, o remédio não fazia tanta diferença assim para o tratamento da covid-19. Agora a fabricante Gilead reduziu sua previsão de receita para 2020, por conta da demanda abaixo do esperado e da dificuldade de vender a droga. Isso não quer dizer que os negócios estejam indo tão mal: o medicamento rendeu US$ 873 milhões no terceiro trimestre (contra a expectativa de US$ 970 milhões).

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