Como reconstruir o Farmácia Popular, após desmonte sistemático

• 5 milhões de crianças morreram em 2021 – como evitar que número se repita • Fim da epidemia de ebola em Uganda • Poluição do ar e Alzheimer •

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Os desafios para o Farmácia Popular

Uma reportagem de O Globo publicada na terça-feira (11/1) expõe as lacunas e desafios no Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB), em especial após 2015, e o que precisará ser feito para torná-lo mais abrangente no governo que se inicia agora. O PFPB fornece medicamentos gratuitos ou com grandes descontos e os distribui em farmácias conveniadas – até 2017 também havia farmácias públicas para entregá-los à população. Há remédios de graça para o tratamento de hipertensão, asma e diabetes, doenças crônicas que vêm crescendo entre a população. Mesmo assim, o orçamento do Farmácia Popular, que já chegou a ser de 3,4 bilhões, vem caindo e o previsto para 2023 poderia arruinar o pouco que ainda estava de pé. Também caiu, desde 2015, a população beneficiada: já chegou a atender 33,4 milhões de brasileiros, hoje alcança apenas 20 milhões, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A desigualdade na distribuição de medicamentos

Um relatório da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) constatou a desigualdade na distribuição de medicamentos feita pelo PFPB. Entre as pessoas beneficiadas com o programa, 65% estão em cinco dos estados mais ricos do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. Em cinco estados da região Norte, há menos de dez farmácias conveniadas – bem como Alagoas, Pernambuco, Piauí e Sergipe. “É importante diversificar a oferta desses medicamentos, que está muito concentrada nessas regiões de alta renda, nos estados do Sudeste. Os canais também têm que ser diversificados, como unidades básicas de saúde e farmácias públicas, além das privadas” atenta a pesquisadora Lígia Bahia, em entrevista ao Globo. Ela também alerta para a necessidade de rever o portfólio de medicamentos oferecidos – como a população está envelhecendo, pode ser necessário remanejar os gastos com cada um deles. Lígia acena ainda para as possibilidades da Saúde Digital favorecer o programa, tanto para identificar os beneficiários quanto para lembrá-los de fazer a retirada dos remédios.

Mortes evitáveis de crianças em 2021

A estimativa da ONU é que 5 milhões de crianças de até 5 anos morreram em 2021, a maior parte delas por precariedade nos cuidados de saúde. Entre os mortos, 2,3 milhões eram bebês de menos de um mês de vida, que não resistiram por complicações no parto ou prematuridade. Depois desse período, as doenças que mais levam os pequenos foram as infecciosas, como pneumonia, diarreia e malária. Ou seja, poderiam ser evitadas com sistemas de saúde mais robustos, e com a garantia de vacinação, nutrição e saneamento. 

Fortalecer sistemas de saúde para evitar mortes

“Essa tragédia generalizada nunca deve ser aceita como inevitável. O progresso é possível com uma vontade política mais forte e investimento direcionado no acesso equitativo aos cuidados primários de saúde para todas as mulheres e crianças”, denunciou Vidhya Ganesh, especialista da agência infantil da ONU, Unicef. A taxa de mortalidade para essa faixa etária caiu 50% de 2000 para cá, o que traz certo otimismo. Mas a desigualdade entre os países ainda é um problema muito grande: 56% dessas mortes ocorreram na África subsaariana, por exemplo.

Epidemia de ebola em Uganda chega ao fim

O país da África Oriental alcançou a marca de 42 dias sem novos casos, o que representa o dobro do tempo necessário para a incubação do vírus – e marca o fim da epidemia. Esse foi o sétimo surto enfrentado pela população de Uganda. Teve início em 20 de setembro, após uma jovem de 24 anos apresentar sintomas da doença, e atingiu 160 pessoas, deixando 77 mortas. Autoridades suspeitam que a variante que circulou foi a do Sudão, para a qual ainda não há vacina. “Parabenizamos Uganda por sua sólida e exaustiva resposta que garantiu a vitória de hoje contra o ebola”, disse Tedros Adhanon, diretor da Organização Mundial da Saúde.

Estudo encontra relação entre poluição do ar e doenças neurodegenerativas

Viver em cidades com a qualidade do ar ruim parece ter ligação com um risco maior de desenvolver doenças como Alzheimer e outras condições neurodegenerativas, segundo uma série de estudos recentes. Reportagem do jornal Stat News explica que já se conhecia a relação entre poluição e asma, doenças cardíacas e inflamações, mas só agora está começando a ficar clara a relação com doenças do cérebro. Os pioneiros nesse estudo foram cientistas mexicanos que analisaram cérebros de 200 pessoas que viveram na Cidade do México, e morreram com idades entre 11 meses e 40 anos. Deles, 199 apresentaram algum nível de mudanças similares àquelas com Alzheimer – entre o grupo de cérebros de pessoas que viveram em locais com ar limpo, nenhum. Essa pesquisa, embora apontasse uma possível ligação, era limitada. Mas começam a surgir mais indícios. A análise é complexa, porque não se trata apenas de um componente presente no ar que pode causar os males, mas uma combinação deles. Também é difícil estimar a quanta poluição um indivíduo esteve exposto ao longo da vida, antes de desenvolver problemas neurológicos.

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