Publicado relatório do GT da Saúde

• O que o governo Lula conclui sobre a Saúde nos anos Bolsonaro • Decisão política pode afetar indicação à administração do PNI • Usuários de planos de saúde sofrem com mudanças na rede • Luta por direitos da Enfermagem na Espanha e EUA •

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O grupo de trabalho da transição de governo na Saúde publicou seu relatório final que analisa a herança deixada por Bolsonaro ao SUS e a saúde pública de modo geral. Com 92 páginas, o relatório associa o desastre administrativo federal na pandemia com retrocessos generalizados. No entanto, também conecta com o período pós-impeachment, que coincide com a retomada da hegemonia neoliberal na gestão do Estado brasileiro. “Desde 2016 observa-se piora generalizada em indicadores de saúde, tais como: redução da taxa de coberturas vacinais, com altíssimo risco de reintrodução de doenças como a poliomielite; queda acentuada de consultas, cirurgias, procedimentos diagnósticos e terapêuticos realizados pelo SUS, na atenção básica, especializada e hospitalar, atrasando o início do tratamento de doenças crônicas, como cânceres e doenças cardiovasculares, entre outros; retorno de registro de internações por desnutrição infantil provocados pela fome; estagnação na trajetória de queda da mortalidade infantil e aumento de mortes maternas”. 

Relatório lista 10 objetivos

O relatório, organizado pelo ex-ministro José Gomes Temporão e pelo sanitarista e pesquisador da FGV Adriano Massuda, também apresenta 10 medidas emergenciais a serem postas em prática pelo ministério. Entre elas, a retomada da capacidade de promover vacinação com alta adesão na população, além da retomada de políticas públicas de garantia do SUS, acesso a remédios e vigilância sanitária, entre outras. “Dentre as dez medidas prioritárias para o MS sugere-se em primeiro lugar a adoção de ações para resgatar a autoridade sanitária e a capacidade técnica do MS para coordenação nacional, tripartite e participativa, da gestão do SUS. Essa medida é decisiva para que as demais prioridades governamentais sugeridas para o MS possam ser efetivadas”.

Veto a pediatra em departamento de vacinação gera ruído

Cotada para o recém-criado departamento de imunização, que muda o status administrativo do Programa Nacional de Imunização (PNI), a pediatra Ana Goretti Kalume Maranhão teria seu nome barrado pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa. Considerada uma das principais autoridades do país no tema, Ana Goretti fez postagens hostis a quadros políticos do PT à época da Lava Jato. Ao Estadão, a bióloga Natália Pasternak criticou o veto de seu nome: “Espero realmente que eles reconsiderem. O PNI precisa de uma pessoa forte, comprometida e que conhece bem a estrutura. Essa pessoa é a Ana, a gente não tem dúvidas”. Funcionária de carreira do ministério desde 1985, seu nome era saudado por instituições de referência como a Sociedade Brasileira de Infectologia.

Planos privados e usuários: segue o caos

Reportagem de Thalita Pires no Brasil de Fato retrata o sofrimento de cliente de planos de saúde com algo que parece ter se tornado rotina: a mudança abrupta da rede de estabelecimentos de saúde credenciados a oferecer tratamento aos usuários. Em alguns casos, pessoas veem tratamentos delicados serem interrompidos sem aviso prévio, o que fere a própria regulação do setor. Como mostra a matéria, tal situação é produto da crescente concentração vertical do setor, que ocorre quando grupos que operam em pontas distintas dos serviços de saúde (como venda de planos e gestão de hospitais e clinicas) passam a concentrá-las. “As grandes empresas do setor, cada vez mais concentrado nas mãos de poucos empresários, buscam livrar-se de planos de saúde individuais ou familiares. Isso acontece porque esse tipo de contrato é fortemente regulado pela ANS. Os reajustes, por exemplo, são calculados pela agência, e não pelo mercado. Em oposição, os planos coletivos ou empresariais podem ser reajustados livremente”, explica a reportagem.

Madrid: médicos retomam greve

Após paralisação em dezembro, cerca de 5 mil médicos da capital da Espanha decidiram retomar sua greve. A decisão se deu após o fracasso da sétima reunião com o governo da Comunidade Autônoma de Madrid. O último mês de 2022 também foi marcado por manifestações populares em favor do sistema público de saúde, afetado por uma fuga de profissionais que gerou um grande déficit na rede. O El País publicou que, além de considerarem o aumento oferecido pelo governo irrisório, a categoria alega esgotamento físico e mental devido à sobrecarga de trabalho. Alguns chegam a fazer 70 atendimentos diários, cifra três vezes superior ao recomendado, e exigem aportes de pelo menos 10 bilhões de euros no sistema de saúde madrilenho.

Greve de enfermeiras se encerra em Nova York

Uma paralisação de 7 mil enfermeiras de dois hospitais da cidade norte-americana terminou com vitória das trabalhadoras nesta terça-feira, 10/1. Profissionais dos hospitais Montefiore Medical Center no Bronx e Mount Sinai reivindicavam contratação de mais profissionais, aumento salarial e fim das jornadas extenuantes. “Literalmente pulávamos de um paciente para outro e temos feito jornadas de 14 horas ininterruptas, sem sequer parar para almoço. Não estamos conseguindo dar o melhor atendimento”, resumiu Kavita Paltoo, do comitê de greve, organizada pela Associação das Enfermeiras do Estado de NY, que representa 42 mil trabalhadoras, em matéria publicada pelo NY Times.

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